Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Nelson Motta

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 17.11.2023
29.10.1944 Brasil / São Paulo / São Paulo
Nelson Cândido Motta Filho (São Paulo, São Paulo, 1944). Jornalista, compositor, produtor musical e escritor. Tem importante papel na divulgação da música popular brasileira (MPB) e da cultura pop, além de lançar, disseminar e refletir sobre tendências de música e comportamento no país. 

Texto

Abrir módulo

Nelson Cândido Motta Filho (São Paulo, São Paulo, 1944). Jornalista, compositor, produtor musical e escritor. Tem importante papel na divulgação da música popular brasileira (MPB) e da cultura pop, além de lançar, disseminar e refletir sobre tendências de música e comportamento no país. 

Neto de Cândido Motta Filho (1897-1977), intelectual do movimento modernista, ainda na adolescência, frequenta inúmeras festas com integrantes da bossa nova. Aproxima-se principalmente do músico João Gilberto (1931-2019) e do poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913-1980). Tem aulas de música com um dos expoentes do movimento, o compositor e violonista Roberto Menescal (1937). Esse convívio é determinante para seu engajamento com a canção. O vínculo entre carreira e vida pessoal permeia todo o seu percurso. 

Em 1966, ganha prestígio com o sucesso de Saveiros, composto em parceria com Dori Caymmi (1943) e interpretado por Nana Caymmi (1941). A música chega a ser finalista do 1º Festival Internacional da Canção. 

Na mesma década, ingressa no curso de design da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde assiste às aulas do poeta e ensaísta Décio Pignatari (1927-2012) e do jornalista e escritor Zuenir Ventura (1931), referências importantes para sua escrita.

Em 1968, Nelson assume a coluna Roda Viva, do jornal carioca Última Hora. Uma de suas importantes contribuições é a publicação da crônica Cruzada Tropicalista, em fevereiro do mesmo ano, considerada uma das primeiras aparições do termo “tropicalismo” na imprensa nacional. Sua publicação antecede o lançamento do disco-manifesto Tropicália ou Panis Et Circencis1 (1968), momento de consolidação mais objetiva dessa estética emergente, já visível em outras obras desde 1967. O texto de Nelson Motta é ilustrado com uma foto do cantor Vicente Celestino (1894-1968), considerado de mau gosto pela classe média intelectualizada do período, porém reivindicado como referência pelos tropicalistas em seu movimento de valorização da cultura popular regional.

Na década de 1970, torna-se diretor artístico de grandes gravadoras, como Warner Music e Polygram, e assume a produção musical de importantes nomes da MPB, como as cantoras Elis Regina (1945-1982) e Gal Costa (1945). Influencia as gerações seguintes ao lançar nomes consagrados da MPB, como Marisa Monte (1967)

Ainda na década de 1970, Nelson produz e apresenta o programa Sábado Som na Rede Globo. Com shows de artistas e bandas inovadoras como David Bowie (1947-2016) e Pink Floyd, contribui significativamente para a difusão do rock estrangeiro no Brasil. Em 1976, estimula a popularização do rock nacional ao produzir o Festival de Saquarema, nos moldes do antológico evento norte-americano Woodstock (1969). Na praia de Saquarema, no Rio de Janeiro, aproximadamente 25 mil jovens formam o público de cantores como Raul Seixas (1945-1989), Rita Lee (1947) e Angela Rô Rô (1949).

Como prova de sua surpreendente versatilidade, no mesmo ano, Nelson Motta inaugura a discoteca Frenetic Dancin’ Days. Como atração do estabelecimento, idealiza o sexteto feminino As Frenéticas. Inicialmente contratadas como garçonetes que fariam pequenos shows ao longo da noite, As Frenéticas lançam discos de sucesso nacional e chegam a inspirar uma novela da Rede Globo em 1978. A obra ficcional se chama Dancin’ Days e tem na abertura uma canção homônima de Nelson Motta. É uma de suas composições de maior sucesso comercial. Em 1985, é um dos idealizadores do seriado Armação Ilimitada, pensado para o público adolescente, com linguagem pop próxima a do videoclipe.

Autor de mais de 14 livros, Nelson transita por diferentes gêneros e formatos. Contos, romances, biografias, crônicas, longas reportagens e textos híbridos entre elaborações ficcionais e testemunhos constituem sua diversificada produção. 

Em 2008, lança Vale Tudo – O Som e a Fúria de Tim Maia. Nesse livro, com mais de 300 mil cópias distribuídas, a trajetória do compositor e intérprete Tim Maia (1942-1998) é narrada com base em uma perspectiva afetuosa e aproximada. Nelson Motta inicia a narrativa relatando seu último encontro com Tim, grande amigo desde a década de 1970. Além das contribuições originais do cantor para o campo da música popular brasileira, a biografia destaca seu conhecido senso de humor e sua personalidade excessiva tanto no trabalho como na vida pessoal. 

Em seguida, publica Força Estranha (2009). A compilação de contos mescla a ficção com memórias de vivências do autor. Seu objetivo é criar um livro divertido, uma literatura pop e de entretenimento, mas capaz de refletir sobre autoria e originalidade. Sua experiência como compositor lhe rende uma consciência rítmica e sonora que busca imprimir em sua escrita literária e jornalística. Suas frases curtas e objetivas proporcionam uma apreensão veloz e cativante dos textos.

Em suas múltiplas atividades, Nelson Motta contribui para a divulgação da cultura pop do Brasil. Transitando entre diferentes campos da produção musical e literária, é capaz de perceber os desdobramentos políticos e comportamentais em torno de diversos grupos de artistas que acompanha em seu trabalho e nos bastidores. 

 

Nota

1. O disco Tropicalia ou Panis et Circencis (Philips Records) é lançado em julho de 1968 e reúne músicos como Caetano Veloso (1942), Gilberto Gil (1942), Gal Costa etc. e tem letras de Capinam (1941) e Torquato Neto (1944-1972). Rogério Duprat (1932-2006) é o maestro responsável e a capa é do artista Rubens Gerschman (1942-2008).

Obras 3

Abrir módulo

Espetáculos 8

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 8

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: