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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Vinicius de Moraes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.07.2024
19.10.1913 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
09.07.1980 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional

Vinícius de Moraes, 1975

Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro 1913 – Idem 1980). Poeta, compositor, cronista e crítico de cinema. Um dos mais populares poetas brasileiros, Vinicius de Moraes demonstra, em sua trajetória, interesse constante pelo trabalho formal – tanto em um primeiro momento de sua obra, transcendentalista, como, mais ...

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Marcus Vinicius da Cruz de Mello Moraes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro 1913 – Idem 1980). Poeta, compositor, cronista e crítico de cinema. Um dos mais populares poetas brasileiros, Vinicius de Moraes demonstra, em sua trajetória, interesse constante pelo trabalho formal – tanto em um primeiro momento de sua obra, transcendentalista, como, mais adiante, na poesia próxima ao mundo real; tanto nas composições sobre o tema amoroso como nos poemas considerados engajados.

Pertencente a uma família de intelectuais com formação católica, inicia os estudos musicais no coro das missas de domingo. Ingressa na faculdade de direito e adere ao grupo católico formado pelo escritor Otávio de Faria (1908-1980), o pensador San Tiago Dantas (1911-1964) e o jurista Américo Jacobina Lacombe (1909-1993), entre outros nomes. Conclui o curso em 1933, ano em que lança o primeiro livro, O caminho para a distância, renegado e recolhido depois pelo poeta.

O caráter místico, cristão, responde pelos conflitos marcantes entre os anseios físicos e espirituais de sua primeira poesia. Em livros como Forma e exegese (1935), Ariana, a mulher (1936) e em algumas das composições de Novos poemas (1938), percebe-se a influência da poesia católica francesa e do escritor Augusto Frederico Schmidt (1906-1965) e o emprego do versículo bíblico, inspirado na lição do poeta francês Paul Claudel (1868-1955).

Há um marco de transição para o segundo momento, representado por Cinco elegias (1943), obra em que o poeta apresenta renovação de tema, forma e linguagem. É o caso, sobretudo, de “A última elegia (V)”, com neologismos, combinação de palavras em português e em inglês e disposição gráfica dos versos de abertura na página – os versos evocam os telhados (roofs) de Chelsea, distrito em Londres, onde o poeta estuda língua e literatura inglesa na Universidade de Oxford até a eclosão da Segunda Guerra Mundial. O livro recebe a acolhida entusiasmada de contemporâneos, como Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), que saúda o escritor como poeta-irmão em A Rosa do Povo (1945). O próprio autor afirma alcançar com essa obra sintaxe particular e se libertar de valores e preconceitos do meio em que é criado e que marcam de modo angustiado sua formação. De volta ao Brasil, escreve regularmente críticas de cinema para jornais e revistas. A partir de 1943, ingressa na carreira diplomática e presta serviços consulares em diversos países. 

A década de 1950 marca o início da dedicação à música, com composição dos primeiros sambas e participação na criação da Bossa Nova ao lado de Tom Jobim (1927-1994), com o lançamento do álbum Canção do amor demais (1958), registrado por Elizeth Cardoso (1920-1990)

O poema “O operário em construção”, incluído no livro Novos poemas II (1949-1956), publicado em 1959, é provavelmente o mais conhecido exemplo do segundo momento de sua poesia, marcado pela rejeição ao idealismo dos primeiros livros e, em contrapartida, pela aproximação do mundo material. Como indica “O falso mendigo”, de Novos poemas, o poeta abandona o tom melancólico, a dicção grave e as imagens etéreas dos primeiros livros e alcança a expressão mais viva, atenta ao transitório e aderida à realidade imediata. O verso longo não desaparece, mas surgem formas diversificadas, como o soneto, o verso curto, a redondilha, o decassílabo e até o verso alexandrino (12 sílabas métricas). 

Mário de Andrade (1893-1945), ao comentar Novos Poemas, chama a atenção para a pesquisa da forma e o artesanato nesse novo período do escritor. Péricles Eugênio da Silva Ramos (1919-1992), contudo, considera que, apesar de se dedicar à pesquisa de dicção e de assunto, o poeta não chega a alcançar expressão irredutivelmente própria, o crítico destaca, porém, composições que considera valiosas: “Soneto de separação”, em que o poeta vitaliza a expressão banal "de repente" e “Soneto de outono”, pela força de enquadramento visual.

Manuel Bandeira (1886-1968) afirma que Vinicius incorpora magistralmente o mais relevante de tendências e escolas literárias com as quais dialoga de perto, como a espiritualidade dos simbolistas, a perícia formal dos parnasianos e liberdade dos modernos.

Na vasta produção literária do autor, destaca-se Orfeu da Conceição, peça teatral escrita em 1954 que reatualiza a história mítica de Orfeu e Eurídice no contexto das favelas cariocas. A peça estreia no Teatro Municipal do Rio de Janeiro em 1956, com cenários de Oscar Niemeyer (1907-2012), trilha musical de Tom Jobim e letras do próprio poeta. O texto da peça alcança projeção internacional em 1958, com a adaptação para o cinema realizada por Marcel Camus (1912-1982) no filme Orfeu Negro, premiado com a Palma de Ouro, o Oscar e o Globo de Ouro, projetando o trabalho de Vinicius de Moraes mundialmente.

Pela oposição à ditadura militar1 instaurada no Brasil em 1964, é exonerado do cargo diplomático em 1968. O poeta passa a se dedicar à música, período que vive entre turnês nacionais e internacionais ao lado de Toquinho (1946), seu parceiro mais constante.

Tendo alcançado público amplo por meio da música e da poesia, Vinicius de Moraes é um dos mais populares poetas brasileiros do século XX.

Nota

1. Também denominada de ditadura civil-militar por parte da historiografia com o objetivo de enfatizar a participação e apoio de setores da sociedade civil, como o empresariado e parte da imprensa, no golpe de 1964 e no regime que se instaura até o ano de 1985.

Obras 31

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Coleção Brasiliana Itaú / Reprodução Fotográfica Horst Merkel

Espetáculos 27

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Espetáculos de dança 1

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Exposições 14

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Fontes de pesquisa 3

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  • ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994
  • ARENA conta Zumbi. São Paulo: Teatro de Arena, 1965. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro de Arena. Não catalogado
  • TEIXEIRA, Isabel (Coord.). Arena conta arena 50 anos. São Paulo: Cia. Livre da Cooperativa Paulista de Teatro, [2004]. CDR792A681

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