Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Augusto Frederico Schmidt

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 07.06.2023
18.04.1906 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
08.02.1965 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Augusto Frederico Schmidt (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1906 – Idem, 1965). Poeta, editor, jornalista, empresário. Sua obra poética, pautada pela conjunção de elementos modernos e clássicos, destaca-se na segunda geração modernista. Como editor, publica nomes importantes da literatura e do pensamento social brasileiro. Participa de movimentos...

Texto

Abrir módulo

Augusto Frederico Schmidt (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1906 – Idem, 1965). Poeta, editor, jornalista, empresário. Sua obra poética, pautada pela conjunção de elementos modernos e clássicos, destaca-se na segunda geração modernista. Como editor, publica nomes importantes da literatura e do pensamento social brasileiro. Participa de movimentos políticos, como empresário e escritor.

Descendente de comerciantes do Rio de Janeiro, viaja com a família em 1913 para a Suíça, onde aprende francês. Devido à morte do pai, retorna ao Brasil. Estuda em diversas instituições do Rio de Janeiro, desenvolvendo especial interesse pela literatura moderna. Em 1924, assiste, na Academia Brasileira de Letras, à conferência O Espírito Moderno, de Graça Aranha (1868-1931), cujo teor antiacadêmico influencia a formação de Schmidt. Apesar do empenho escolar, é reprovado no exame do Colégio Dom Pedro II e encerra os estudos. 

Em 1924, muda-se para São Paulo. Trabalha como comerciante no ramo de cachaça e madeira. Frequenta livrarias e tipografias do centro da cidade, aproximando-se dos artistas do modernismo, em especial Mário de Andrade (1893-1945) e Plínio Salgado (1895-1975). Em 1928, retorna ao Rio de Janeiro e trabalha na Serralheria Cocozza, em Nova Iguaçu. No mesmo ano, torna-se sócio de Jackson de Figueiredo (1891-1928), proprietário da Livraria Católica e fundador da Liga Católica, e inicia correspondência com o jornalista Tristão de Ataíde (1893-1983). No decorrer das cartas, Augusto Schmidt reforça sua crença na fé cristã, exprime impressões sobre a modernidade e a literatura. Caracteriza sua poesia como instintiva e dirigida por fluxos de consciência. Tal personalismo aproxima sua escrita poética de um diário.

Publica Canto do brasileiro Augusto Frederico Schmidt (1928), livro de poesias considerado obra inaugural da segunda geração modernista. Ao tratar da morte e de crises existenciais, investe em uma produção intimista e se afasta dos temas modernistas da década de 1920, pautada pela busca da essência cultural brasileira. O professor João Ribeiro (1860-1934) elogia o livro em artigo no Jornal do Brasil. Mário de Andrade, porém, critica o autor pela falta de organização textual. Em contrapartida, Schmidt redige uma crítica ao livro Macunaíma (1928), mas é dissuadido de publicá-la por seu amigo, o poeta Manuel Bandeira (1886-1968).

As principais marcas estéticas do autor aparecem em Canto do brasileiro e percorrem toda sua obra: como os católicos de sua geração, Schmidt aborda dilemas existenciais em tom contemplativo e idílico. Os temas centrais são a morte, o abandono, a memória e o patriotismo. Emprega versos livres, com recurso à oralidade, valendo-se de figuras linguísticas como o polissíndeto, a sinonímia e aliterações. A estrutura textual contém sintaxe simples, paralelismos, repetições e ausência de rimas. O ritmo prosaico e monótono dos versos remonta ao gênero proverbial, recorrente nos textos bíblicos. Sua escrita é foco de debate, considerada retrógrada e semelhante aos preceitos românticos do século XIX. Do modernismo, mantém o apelo à inovação linguística e o antiacademicismo pregado por Graça Aranha.

Em 1929, é fundada a Editora Schmidt, que alcança proeminência em 1933 com a publicação de obras da literatura e do pensamento político: Casa grande e senzala, de Gilberto Freyre (1900-1987); Caetés, de Graciliano Ramos (1892-1953); O caminho para a distância, de Vinicius de Moraes (1913-1980); e O que é o integralismo?, de Plínio Salgado (1895-1975). Em 1939, Schmidt encerra a editora e migra para o ramo industrial, sem contudo abandonar a literatura. Além da poesia, investe na carreira de conferencista, proferindo discursos sobre arte e negócios. Escreve sobre política em colunas semanais do jornal O Globo.

Em 1953, participa da reinauguração do túmulo do escritor mineiro Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), em Mariana, aproximando-se do governador de Minas Gerais, Juscelino Kubitschek (1902-1976). Durante a presidência de Kubitschek (1956-1961), auxilia na escrita do discurso inaugural de Brasília, colabora com a Operação Pan-Americana1 e é nomeado embaixador brasileiro no Mercado Comum Europeu.

Babilônia (1959) é o livro mais distinto no conjunto da obra do poeta. Os sonetos presentes nesse volume seguem o rigor classicista, na forma e nas rimas, afastando-se dos preceitos modernistas. A aspiração poética parte mais da idealização do mundo exterior do que dos dilemas existenciais internos, definindo uma estética menos personalista. O autor recua no emprego de elementos estilísticos particulares, como os paralelismos. O tema central do livro provém da imagética bíblica da cidade babilônica.

Schmidt associa expressão literária e combate político. Em 1961, filia-se ao Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais (Ipes), organização empresarial de defesa da liberdade de comunicação. Em 1962, participa do Grupo de Publicações Editorial (GPE), entidade dirigida pelo general Golbery de Couto e Silva (1911-1987) responsável pela promoção de conteúdo editorial anticomunista. Schmidt redige artigos jornalísticos contra o presidente João Goulart (1918-1976) e em apoio aos militares. No entanto, após a cassação de Kubitschek, expressa arrependimento pelo respaldo ao novo regime.

A um só tempo conservador e moderno, Augusto Frederico Schmidt é poeta singular no panorama literário brasileiro. Como expoente do modernismo, atua de forma crítica e combativa, combinando as aptidões de comunicador e empresário.

Nota

1. Operação Pan-Americana (OPA) – projeto econômico idealizado pelo governo Juscelino Kubitschek, visando o progresso continental por meio da liberalização do comércio e de melhores condições de financiamento à produção industrial latino-americana. Augusto Frederico Schmidt é porta-voz do projeto em Washington, em nome do governo brasileiro.

Obras 1

Abrir módulo

Exposições 2

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 8

Abrir módulo
  • ANDRADE, Mário de. Aspectos da literatura brasileira. 4. ed. São Paulo: Livraria Martins, 1972.
  • FARIA, Octavio de. Dois poetas: Augusto Frederico Schmidt e Vinicius de Moraes. Rio de Janeiro : Ariel, 1935.
  • SCHMIDT, Augusto Frederico. Eu te direi as grandes palavras: poemas escolhidos e versos inéditos. Organização Alphonsus Guimaraens Filho. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1975.
  • SCHMIDT, Augusto Frederico. Poesia completa: 1928-1965. Introdução Gilberto Mendonça Teles. Rio de Janeiro: Topbooks / Faculdade da Cidade, 1995.
  • TELES, Gilberto Mendonça. In: SCHMIDT, Augusto Frederico. Poesia Completa. Rio de Janeiro, Topbooks/ Faculdade da Cidade, 1995.
  • TOLMAN, Jon M. A. F. Schmidt and C. Péguy: a comparative stylistic analysis. Comparative Literature Studies, v. 11, n. 4, p. 277-305, dez. 1974.
  • TOLMAN, Jon M. Augusto Frederico Schmidt: estudo crítico. São Paulo: Quíron; Brasília: INL, 1976.
  • VAL, Waldir Ribeiro do. Vida e poesia de Augusto Frederico Schmidt. São Paulo: Casa Lauand, 2020.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: