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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Mário de Andrade

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.08.2024
09.10.1893 Brasil / São Paulo / São Paulo
25.02.1945 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução Fotográfica Horst Merkel

Losango cáqui, 1926
Mário de Andrade
Brasiliana Itaú/Acervo Banco Itaú

Mário Raul de Moraes Andrade (São Paulo, São Paulo, 1893 – Idem, 1945). Poeta, cronista, romancista, crítico de literatura e arte, musicólogo e pesquisador do folclore brasileiro, fotógrafo. Personalidade de múltiplos talentos e singular influência no meio cultural brasileiro do século XX, é guiado pela busca de aspectos definidores da identidad...

Texto

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Mário Raul de Moraes Andrade (São Paulo, São Paulo, 1893 – Idem, 1945). Poeta, cronista, romancista, crítico de literatura e arte, musicólogo e pesquisador do folclore brasileiro, fotógrafo. Personalidade de múltiplos talentos e singular influência no meio cultural brasileiro do século XX, é guiado pela busca de aspectos definidores da identidade nacional e pela valorização das manifestações artísticas e culturais do Brasil.

Conclui o curso de piano pelo Conservatório Dramático e Musical de São Paulo em 1917. Nesse ano, sob o pseudônimo de Mário Sobral, publica seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema. A partir de 1918, colabora para a imprensa como crítico de música e literatura em veículos como A Gazeta, A Cigarra, Klaxon, Diário de São Paulo e Folha de S.Paulo. Publica no Jornal do Comércio, em 1921, a série Mestres do passado, releitura crítica do Parnasianismo, e a maior parte de sua produção, entre críticas, contos, crônicas e poemas, no Diário Nacional, até 1932. Um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna (1922), é vaiado  durante a leitura de seus poemas. Nesse ano, lança seu segundo livro, Pauliceia desvairada, marco na literatura moderna brasileira. A obra revela o contato do autor com vanguardas como o futurismo, o expressionismo e o dadaísmo, e o “Prefácio interessantíssimo" expressa a complexa tarefa de conjugar a orientação moderna com a "língua brasileira". Essa posição é desenvolvida no ensaio A escrava que não é Isaura (1925), que propõe o "primitivismo" na poesia, marcado pela ênfase na expressividade e na inspiração e pela busca da síntese e da espontaneidade, obtidas tecnicamente pelo verso livre.

Em 1924, realiza com Olívia Guedes Penteado (1872-1934), Oswald de Andrade (1890-1954), Tarsila do Amaral (1886-1973) e outros artistas uma viagem de estudos às cidades históricas mineiras com o objetivo de mostrar o interior do país ao poeta franco-suíço Blaise Cendrars (1887-1961). A “caravana modernista” tem inúmeros desdobramentos para a produção do escritor, como o ensaio de 1935 sobre Aleijadinho (1730-1814), que consagra o escultor como grande gênio das artes nacionais, e as ações de preservação do patrimônio brasileiro.

Em 1928, lança Macunaíma, o herói sem nenhum caráter, fundindo seu interesse pela música e pela imaginação coletiva brasileira; em 1930, publica Remate de males, livro de maturidade poética que une experimentalismo modernista e folclore brasileiro.

Provavelmente o maior responsável por divulgar a produção modernista e formular a pauta seguida pelos artistas, orienta temáticas e linguagens, valorizando aspectos como os que encontra na obra de Candido Portinari (1903-1962): apreço pelos valores plásticos e pelo caráter artesanal do trabalho artístico; interesse pelo assunto nacional; capacidade de traduzir a realidade humana do Brasil; compromisso com o social.

Promove pesquisas de nacionalização da música brasileira e publica Ensaio sobre música brasileira (1928) e Modinhas imperiais (1930). Em 1935, funda, com Paulo Duarte (1899-1994), o Departamento Municipal de Cultura de São Paulo, do qual se torna o primeiro diretor e cria a Discoteca Pública, hoje Discoteca Oneyda Alvarenga. Em 1936, participa da proposta de elaboração do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Sphan), pelo qual viaja na década de 1940 como pesquisador. Em 1937, cria, com Dina Lévi-Strauss (1911-1999), a Sociedade de Etnografia e Folclore e se torna seu primeiro presidente. 

Em 1938 idealiza a Missão de Pesquisas Folclóricas, expedição de pesquisadores pelas regiões Norte e Nordeste do Brasil para registrar e estudar a diversidade de melodias cantadas no trabalho, em festas e rezas. Em 1938, transfere-se para o Rio de Janeiro, onde dirige o Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, além de ocupar a cátedra de história e filosofia da arte.

De volta a São Paulo em 1941, realiza estudo monográfico sobre a vida e a obra do artista setecentista frei Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819), defendendo que a arte colonial brasileira seja observada em suas características originais, independentemente da arte europeia e da arte erudita brasileira.

Na década de 1940, a visão entusiasmada do modernismo das décadas de 1920 e 1930 se torna mais crítica e reflexiva no ensaio O movimento modernista. O texto define o caráter único do movimento como a fusão de três elementos encontrados em outros momentos da história cultural do país: “o direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização de uma consciência criadora nacional"1. Na produção literária ocorre movimento semelhante: em poemas e contos, inquietações íntimas se somam a questionamentos sobre a realidade brasileira, evidente nos livros de publicação póstuma, Lira paulistana (1945), Café (1955) e Contos novos (1956).

Um capítulo à parte de sua produção é a volumosa correspondência com Manuel Bandeira (1886-1968), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Fernando Sabino (1923-2004), Augusto Meyer (1902-1970) e outros artistas.

As ideias e posições de Mário de Andrade contribuem decisivamente para desencadear novos movimentos e tendências artísticas e literárias. A qualidade de sua poesia e a perspicácia e veemência dos questionamentos que "sacudiram" o meio cultural brasileiro de seu tempo fazem dele um dos principais escritores e intelectuais do país.
 
Notas

1. ANDRADE, Mário. O movimento modernista. In: BERRIEL, Carlos E. O (org.). Mário de Andrade hoje. São Paulo: Editora Ensaio, 1990. p. 26.

Obras 80

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Espetáculos 16

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Exposições 38

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Mídias (2)

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Mário... Um homem desinfeliz - Encontros
Itaú Cultural
Jorge Schwartz - Modernismo - São Paulo na Literatura (2004)
O professor de literatura brasileira e pesquisador Jorge Schwartz palestra sobre o Modernismo. Tendo como marco zero a Semana de Arte Moderna de 22, realizada no Teatro Municipal, o modernismo é indissociável de São Paulo e da trajetória dos poetas paulistanos Mário e Oswald de Andrade. São Paulo na Literatura é uma série programas que tratam da cidade de São Paulo no imaginário da literatura brasileira. Com curadoria do jornalista e ensaísta Manuel da Costa Pinto e participação do grupo teatral Bendita Trupe, a série é formada por quatro programas -- Romantismo, Modernismo, Concretismo e Realismo Urbano. Gravado em fevereiro de 2004, na Sala Itaú Cultural, em São Paulo.

Fontes de pesquisa 33

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  • 100 obras-primas da Coleção Mário de Andrade: pintura e escultura. Curadoria Marta Rossetti Batista. São Paulo: IEB, 1993.
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  • ANDRADE, Mário DE. Mário de ANDRADE : fotógrafo e turista aprendiz. São Paulo: IEB, 1993. 124 p., il. p&b. 869.9 A5536m
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  • ANDRADE, Mário de. Eu sou trezentos, sou trezentos-e-cincoenta: uma "autobiografia" de Mário de Andrade. Curadoria e texto Telê Ancona Lopez; texto Mário de Andrade. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1992. A5536e 1992
  • ANDRADE, Mário de. Mário de Andrade: fotógrafo e turista aprendiz. Texto Telê Ancona Lopez, Ana Maria Paulino. São Paulo: IEB, 1993. 124 p., il. p&b.
  • ANDRADE, Mário de. Os Melhores poemas de Mário de Andrade. Compilação Gilda de Mello e Souza. São Paulo: Global, 1988. 163p. (Os Melhores poemas, 21).
  • ANDRADE, Mário. Prefácio interessantíssimo. Paulicéia desvairada. In: ______. Poesias completas. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1966.
  • ANDRADE, Mário: O Movimento Modernista. In: BERRIEL, Carlos E. O (org). Mário de Andrade hoje. São Paulo: Editora Ensaio, 1990. p. 26.
  • ANDRADE, Oswald de. O Meu Poeta Futurista. In: BRITO, Mário da Silva. História do Modernismo Brasileiro: I - antecedentes da Semana de Arte Moderna. 2ª ed. rev. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964. p.227-231.
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  • BATISTA, Marta Rossetti; LIMA, Yone Soares de. Coleção Mário de Andrade: artes plásticas. São Paulo: USP. IEB, 1984. 708.98161 A5536c
  • BERRIEL, Carlos E. O (org). Mário de Andrade hoje. São Paulo: Editora Ensaio, 1990. p. 26. Não catalogado
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  • DASSIN, Joan Rosalie. Política e poesia em Mário de Andrade. Tradução Antonio Dimas. São Paulo: Duas Cidades, 1978. 212 p.
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  • LAFETÁ, João Luiz. Figuração da intimidade: imagens na poesia de Mário de Andrade. São Paulo: Martins Fontes, 1986. 229 p. (Leituras).
  • MACUNAIMA. São Paulo: Centro de Pesquisa Teatral do Sesc, 1978. 1 programa do espetáculo realizado no Theatro São Pedro. Não catalogado
  • MENDES, Murilo. Grafito para Mário de Andrade. In: ______. Convergências, 1963/1966: 1- Convergência, 2- Sintaxe. São Paulo: Duas Cidades, 1970. p. 12-15.
  • MORAES, Eduardo Jardim de. Limites do modernismo: o pensamento estético de Mário de Andrade. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999. Não catalogado
  • MÉMORIA, São Paulo, Ano 5, n. 17, jan. /fev. /mar. 1993. Número especial. Não catalogado

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