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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Fernando Sabino

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 13.09.2024
12.10.1923 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
11.10.2004 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução Fotográfica Horst Merkel

Quadrante, 1962
Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Dinah Silveira de Queiroz, Fernando Sabino, Manuel Bandeira, Paulo Mendes Campos, Rubem Braga
Brasiliana Itaú/Acervo Banco Itaú

Fernando Tavares Sabino (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1923 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Cronista, romancista, contista, editor. Ao lado de Rubem Braga (1913-1990), é considerado um dos principais cronistas brasileiros e forma como os amigos Hélio Pellegrino (1924-1988), Otto Lara Resende (1922-1992) e Paulo Mendes Campos (1922-1991)...

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Fernando Tavares Sabino (Belo Horizonte, Minas Gerais, 1923 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004). Cronista, romancista, contista, editor. Ao lado de Rubem Braga (1913-1990), é considerado um dos principais cronistas brasileiros e forma como os amigos Hélio Pellegrino (1924-1988), Otto Lara Resende (1922-1992) e Paulo Mendes Campos (1922-1991) o quarteto literário que marca a história editorial de Belo Horizonte.

Em 1941, aos 18 anos, publica seu primeiro livro, Os grilos não cantam mais. O primeiro conto inaugura temas que são constantes em toda a obra de Sabino. Joãozinho, o protagonista, deseja se vingar da mãe que, num momento de distração e nervosismo, deseja que ele desapareça. O garoto então decide se suicidar nadando no lago, embora não compreenda como pode morrer se, afinal, é o melhor nadador entre todos os amigos. Enquanto nada, começa a questionar sua até então irredutível decisão, resolvendo finalmente voltar para casa e perdoar a mãe. Tenta a todo custo retornar à margem – as cãimbras, contudo, impedem que o faça.

Para o crítico literário Fábio Lucas (1931), esse mergulho fatal, sem regresso, é uma das múltiplas e variadas simbologias associadas à natação, esporte recorrente na obra e na vida do autor: Sabino chega a vencer campeonatos como nadador pelo Clube Atlético Mineiro. Na ficção, o sentido da competição entre atletas dá lugar à metáfora do mergulho vertical, a partir do qual o sujeito se lança ao conhecimento de si e do mundo. Para Marco Aurélio Matos, a breve trajetória de Joãozinho se relaciona às tendências gerais dos personagens do autor – que são de vida, e não de morte.

Sabino se muda para o Rio de Janeiro em 1944 e para Nova York em 1946, trabalhando no Escritório Comercial do Brasil e, posteriormente, no consulado brasileiro. Até 1948, quando retorna ao Rio, envia crônicas para o Diário Carioca e O Jornal. Seus textos são reproduzidos em diversos veículos do país a partir do ano seguinte, consolidando seu nome como um dos renovadores do gênero.

O encontro marcado (1956), talvez sua obra mais conhecida, pode ser definida como romance de formação: a narrativa acompanha Eduardo Marciano da infância à maturidade, seguindo seu desenvolvimento como escritor, suas desilusões e seus relacionamentos pessoais. Para o protagonista, a natação é prática a partir da qual se busca a si mesmo e, seguindo a tendência temática do autor, o jovem enfrenta uma família cujos valores e entendimentos não correspondem aos seus. As angústias são as típicas da juventude: com Mauro e Hugo, na companhia de quem vive noites de boêmia. "A Procura" e "O Encontro", partes em que é dividido o livro, retratam o ritmo ansioso da vida de Eduardo. Para isso, a narração recorre a recursos estilísticos como períodos curtos e diretos, elipses, cortes e ações intercaladas.

Em 1960, ao lado de Rubem Braga, inaugura a Editora do Autor, da qual saem em 1966 para fundar a Editora Sabiá. Em 1971, em parceria com David Neves (1938-1994), escreve roteiros para uma série de documentários sobre escritores brasileiros, lançada em DVD em 2006 na forma de coletânea de curtas. 

Retoma a redação de uma obra iniciada em 1946 e, em 1979, publica o segundo romance, O grande mentecapto. O livro retrata as aventuras de José Geraldo Peres da Nóbrega e Silva ou Geraldo Boaventura ou Geraldo Viramundo, a partir do evento traumático na infância que marca para sempre o personagem. Com o objetivo de ganhar uma aposta, faz parar o trem que passa por Rio Acima e se torna um herói aos olhos dos amigos. O ato de bravura influencia o amigo Pingolinha a repetir o feito. Entretanto, dessa vez, o trem não para e Pingolinha acaba morto. O episódio é responsável por transformar o menino em um personagem ensimesmado. Nesse sentido, embora apresente traços satíricos, sobretudo por parodiar narrativas como Dom Quixote, o romance não esconde sua face trágica. E a união de ambas características é traço fundamental da obra do autor.

É principalmente por meio do riso que Fernando Sabino registra as contradições e os desequilíbrios da condição humana. As crônicas de A cidade vazia, coletânea de textos escritos a partir de sua vivência nos Estados Unidos, ilustram esse movimento. Nas narrativas "A vingança das portas" e "Eficiência é o nosso lema", por exemplo, Sabino retrata equívocos bem-humorados decorrentes de uma sociedade altamente especializada, mas incapaz de oferecer serviços básicos, como o conserto de uma porta de chuveiro ou ineficaz em dar ao cliente informações simples, como o valor de uma dívida negociada em prestações. Já o desencanto surge em chave trágica com o tema da solidão e da indiferença em "Oito milhões de solitários": em Nova York, cidade grande e populosa, todos se tornam cegos uns aos outros.

Empregando recursos literários capazes de dar ritmo e agilidade à leitura de seu texto, Fernando Sabino explora, a partir de temas cotidianos, o humor e a contradição como maneira de refletir sobre questões humanas – combinação que o torna um dos mais bem-sucedidos cronistas brasileiros.

 

Obras 48

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Espetáculos 5

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 3

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  • ANDRADE, Mário de. Cartas a um jovem escritor: de Mário de Andrade a Fernando Sabino. Rio de Janeiro : Record, 1981.
  • BENDER, Flora Christina. Fernando Sabino. São Paulo: Abril Educação, 1981. Coleção Literatura Comentada.
  • BLOCH, Arnaldo. Fernando Sabino: reencontro. Rio de Janeiro: Relume Dumará: Secretaria Municipal de Cultura, 2000.

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