Oswald de Andrade

A Estrella de Absyntho, 1927
Oswald de Andrade
Texto
José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, São Paulo, 1890 – Idem 1954). Romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, jornalista. É considerado um dos principais expoentes da primeira fase do modernismo brasileiro, período que concentra grande parte de sua contribuição inovadora para a literatura brasileira.
Filho único de família latifundiária com origem aristocrática, recebe desde cedo aprovação para se dedicar à literatura. Inicia-se no jornalismo em 1909, na coluna "Teatros e salões" do Diário Popular. Em 1911, funda o semanário O Pirralho. Viaja em 1912 pela Europa, conhecendo o ambiente artístico marcado pelo manifesto futurista (1909) do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) e pela arte primitiva, em voga entre os franceses. Seu livro de estreia (1916) reúne as peças de teatro Mon coeur balance e Leur âme, escritas em francês em parceria com Guilherme de Almeida (1890-1969).
Durante a Semana de Arte Moderna de 1922, que ajuda a preparar, lê trechos do romance Os condenados (1922), posteriormente chamado Alma, sob vaias do público. Em 1924, integra uma excursão de modernistas pelas cidades históricas de Minas Gerais com o objetivo de valorizar a "originalidade nativa" – conforme expressão usada para resumir sua nova estética no "Manifesto da Poesia Pau-Brasil", que abre o livro de poemas Pau Brasil (1925). A primeira riqueza do território brasileiro exportada em massa batiza essa poesia que se quer de exportação, em oposição à de importação – mera imitadora dos modelos europeus, segundo o escritor. Ele a caracteriza como "cândida", por valorizar os "fatos estéticos" brasileiros, e como "ágil", por ser sintética e acolher o natural e a invenção, como o erro e o neologismo.
O caráter fragmentário dos poemas é visto pelo crítico Haroldo de Campos (1929-2003) como uma forma de estimular o leitor a participar da construção do sentido, como na montagem cinematográfica teorizada pelo cineasta russo Sergei Eisenstein (1898-1948). Os poemas iniciais, por exemplo, produzem crítica e humor ao recortar trechos de crônicas de viagem da época colonial e lhes acrescentar títulos.
Há forte unidade entre os poemas e a prosa publicada a partir de 1924, como exemplifica a comparação entre "Velhice" ("O netinho jogou os óculos/ Na latrina"), de Primeiro caderno do aluno de poesia (1927), e o fragmento 75, "Natal" ("Minha sogra ficou avó"), de Memórias sentimentais de João Miramar (1924). Esse romance e Serafim Ponte Grande, publicado em 1933, mas escrito na década de 1920, formam o que o crítico Antonio Candido (1918-2017) considera "o par ímpar", ou seja, as duas obras de ficção mais bem realizadas de Oswald, justamente por associarem elevados graus de descontinuidade e de sarcasmo-poesia.
Os volumes da Trilogia do exílio – Os condenados, A estrela de absinto (1927) e A escada vermelha (1934) –, escritos inicialmente entre 1917 e 1922, sob o impacto do término trágico de um relacionamento amoroso do escritor, são menos inovadores e mais afastados do humor. Ao retomar o último deles para publicação, incorpora elementos relacionados à sua recente filiação ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1931, como a perspectiva da luta pela revolução social a partir do personagem Jorge d'Alvelos.
A tomada de posição política e as agruras financeiras vividas após a crise de 1929 constituem a base de Marco zero, cujos dois volumes, A revolução melancólica (1943) e Chão (1945), ainda fragmentários, já não têm a radicalidade estética de Serafim Ponte Grande. O interesse se desloca da inovação formal para a interpretação crítica da história – em consonância com as transformações no cenário da literatura brasileira, que passa a dar mais ênfase às questões ideológicas que às estéticas, como aponta o crítico João Luiz Lafetá (1946-1996).
Já as peças de teatro escritas na década de 1930 diferem de tudo que o teatro brasileiro conhece até então, como destaca o crítico teatral Sábato Magaldi (1927-2016). Um exemplo disso são as referências à própria situação cênica, que quebram a ilusão de realidade da representação e criam um canal de comunicação com o público. Vanguardistas, as peças ficam longe dos palcos por muito tempo, mas o contexto de contestação política leva o Teatro Oficina a encenar O rei da vela (1937) em 1967. O mesmo movimento de retomada se dá com a poesia dos anos 1920, valorizada pelo concretismo dos anos 1950 e pelo tropicalismo do final dos anos 1960.
Rompe com o PCB em 1945. Publica a tese A crise da filosofia messiânica (1950) e a série de artigos "A marcha das utopias" (1953), nas quais retoma, em chave filosófica, as ideias antropofágicas – que havia divulgado com o "Manifesto Antropófago" (1928), criado em diálogo com a obra da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), com quem era então casado.
Nos diferentes gêneros que praticou, Oswald de Andrade deixa a marca de sua inquietação, introduzindo procedimentos de vanguarda na prosa e na poesia e procurando uma expressão capaz de abarcar e traduzir o patrimônio e a história do país.
Obras 20
Espetáculos 27
Exposições 18
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13/2/1922 - 17/2/1922
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16/5/1985 - 23/6/1985
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6/8/1996 - 7/9/1996
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4/2000 - 6/2000
Mídias (1)
Fontes de pesquisa 6
- ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994
- MISTÉRIOS GOZOZOS à Moda de Ópera. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1994]. 1 programa do espetáculo realizado na Casa da Marquesa.
- MISTÉRIOS Gozózos. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [2015]. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Oficina Uzyna Uzona.
- O REI da Vela. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1967]. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Oficina.
- O REI da Vela. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [2017]. 1 programa do espetáculo realizado no SESC Pinheiros.
- Programa do Espetáculo - A Morta - 1992. Não Catalogado
Como citar
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OSWALD de Andrade.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa2794/oswald-de-andrade. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7