Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Oswald de Andrade

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.10.2024
11.01.1890 Brasil / São Paulo / São Paulo
22.10.1954 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução Fotográfica Romulo Fialdini

A Estrella de Absyntho, 1927
Oswald de Andrade

José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, São Paulo, 1890 – Idem 1954). Romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, jornalista. É considerado um dos principais expoentes da primeira fase do modernismo brasileiro, período que concentra grande parte de sua contribuição inovadora para a literatura brasileira.

Texto

Abrir módulo

José Oswald de Sousa Andrade (São Paulo, São Paulo, 1890 – Idem 1954). Romancista, poeta, dramaturgo, ensaísta, jornalista. É considerado um dos principais expoentes da primeira fase do modernismo brasileiro, período que concentra grande parte de sua contribuição inovadora para a literatura brasileira.

Filho único de família latifundiária com origem aristocrática, recebe desde cedo aprovação para se dedicar à literatura. Inicia-se no jornalismo em 1909, na coluna "Teatros e salões" do Diário Popular. Em 1911, funda o semanário O Pirralho. Viaja em 1912 pela Europa, conhecendo o ambiente artístico marcado pelo manifesto futurista (1909) do poeta italiano Filippo Tommaso Marinetti (1876-1944) e pela arte primitiva, em voga entre os franceses. Seu livro de estreia (1916) reúne as peças de teatro Mon coeur balance e Leur âme, escritas em francês em parceria com Guilherme de Almeida (1890-1969).

Durante a Semana de Arte Moderna de 1922, que ajuda a preparar, lê trechos do romance Os condenados (1922), posteriormente chamado Alma, sob vaias do público. Em 1924, integra uma excursão de modernistas pelas cidades históricas de Minas Gerais com o objetivo de valorizar a "originalidade nativa" – conforme expressão usada para resumir sua nova estética no "Manifesto da Poesia Pau-Brasil", que abre o livro de poemas Pau Brasil (1925). A primeira riqueza do território brasileiro exportada em massa batiza essa poesia que se quer de exportação, em oposição à de importação – mera imitadora dos modelos europeus, segundo o escritor. Ele a caracteriza como "cândida", por valorizar os "fatos estéticos" brasileiros, e como "ágil", por ser sintética e acolher o natural e a invenção, como o erro e o neologismo.

O caráter fragmentário dos poemas é visto pelo crítico Haroldo de Campos (1929-2003) como uma forma de estimular o leitor a participar da construção do sentido, como na montagem cinematográfica teorizada pelo cineasta russo Sergei Eisenstein (1898-1948). Os poemas iniciais, por exemplo, produzem crítica e humor ao recortar trechos de crônicas de viagem da época colonial e lhes acrescentar títulos.

Há forte unidade entre os poemas e a prosa publicada a partir de 1924, como exemplifica a comparação entre "Velhice" ("O netinho jogou os óculos/ Na latrina"), de Primeiro caderno do aluno de poesia (1927), e o fragmento 75, "Natal" ("Minha sogra ficou avó"), de Memórias sentimentais de João Miramar (1924). Esse romance e Serafim Ponte Grande, publicado em 1933, mas escrito na década de 1920, formam o que o crítico Antonio Candido (1918-2017) considera "o par ímpar", ou seja, as duas obras de ficção mais bem realizadas de Oswald, justamente por associarem elevados graus de descontinuidade e de sarcasmo-poesia.

Os volumes da Trilogia do exílio – Os condenados, A estrela de absinto (1927) e A escada vermelha (1934) –, escritos inicialmente entre 1917 e 1922, sob o impacto do término trágico de um relacionamento amoroso do escritor, são menos inovadores e mais afastados do humor. Ao retomar o último deles para publicação, incorpora elementos relacionados à sua recente filiação ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1931, como a perspectiva da luta pela revolução social a partir do personagem Jorge d'Alvelos.

A tomada de posição política e as agruras financeiras vividas após a crise de 1929 constituem a base de Marco zero, cujos dois volumes, A revolução melancólica (1943) e Chão (1945), ainda fragmentários, já não têm a radicalidade estética de Serafim Ponte Grande. O interesse se desloca da inovação formal para a interpretação crítica da história – em consonância com as transformações no cenário da literatura brasileira, que passa a dar mais ênfase às questões ideológicas que às estéticas, como aponta o crítico João Luiz Lafetá (1946-1996).

Já as peças de teatro escritas na década de 1930 diferem de tudo que o teatro brasileiro conhece até então, como destaca o crítico teatral Sábato Magaldi (1927-2016). Um exemplo disso são as referências à própria situação cênica, que quebram a ilusão de realidade da representação e criam um canal de comunicação com o público. Vanguardistas, as peças ficam longe dos palcos por muito tempo, mas o contexto de contestação política leva o Teatro Oficina a encenar O rei da vela (1937) em 1967. O mesmo movimento de retomada se dá com a poesia dos anos 1920, valorizada pelo concretismo dos anos 1950 e pelo tropicalismo do final dos anos 1960.

Rompe com o PCB em 1945. Publica a tese A crise da filosofia messiânica (1950) e a série de artigos "A marcha das utopias" (1953), nas quais retoma, em chave filosófica, as ideias antropofágicas – que havia divulgado com o "Manifesto Antropófago" (1928), criado em diálogo com a obra da pintora Tarsila do Amaral (1886-1973), com quem era então casado.

Nos diferentes gêneros que praticou, Oswald de Andrade deixa a marca de sua inquietação, introduzindo procedimentos de vanguarda na prosa e na poesia e procurando uma expressão capaz de abarcar e traduzir o patrimônio e a história do país.

Obras 20

Abrir módulo

Espetáculos 27

Abrir módulo

Exposições 18

Abrir módulo

Mídias (1)

Abrir módulo
Jorge Schwartz - Modernismo - São Paulo na Literatura (2004)
O professor de literatura brasileira e pesquisador Jorge Schwartz palestra sobre o Modernismo. Tendo como marco zero a Semana de Arte Moderna de 22, realizada no Teatro Municipal, o modernismo é indissociável de São Paulo e da trajetória dos poetas paulistanos Mário e Oswald de Andrade. São Paulo na Literatura é uma série programas que tratam da cidade de São Paulo no imaginário da literatura brasileira. Com curadoria do jornalista e ensaísta Manuel da Costa Pinto e participação do grupo teatral Bendita Trupe, a série é formada por quatro programas -- Romantismo, Modernismo, Concretismo e Realismo Urbano. Gravado em fevereiro de 2004, na Sala Itaú Cultural, em São Paulo.

Fontes de pesquisa 6

Abrir módulo
  • ANUÁRIO de teatro 1994. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1996. R792.0981 A636t 1994
  • MISTÉRIOS GOZOZOS à Moda de Ópera. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1994]. 1 programa do espetáculo realizado na Casa da Marquesa.
  • MISTÉRIOS Gozózos. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [2015]. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Oficina Uzyna Uzona.
  • O REI da Vela. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [1967]. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Oficina.
  • O REI da Vela. São Paulo: Teatro Oficina Uzyna Uzona, [2017]. 1 programa do espetáculo realizado no SESC Pinheiros.
  • Programa do Espetáculo - A Morta - 1992. Não Catalogado

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: