Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Manuel Bandeira

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 10.01.2024
19.04.1886 Brasil / Pernambuco / Recife
13.10.1968 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução Fotográfica Horst Merkel

Mafuá do Malungo, 1948
Manuel Bandeira
Brasiliana Itaú/Acervo Banco Itaú

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho (Recife, Pernambuco, 1886 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro 1968). Poeta, ensaísta, tradutor e professor. Influenciada por diferentes escolas e movimentos literários, sua produção poética atravessa correntes diversas, como o parnasianismo, o modernismo e o concretismo. Seu estilo marca significativamente a ...

Texto

Abrir módulo

Manuel Carneiro de Souza Bandeira Filho (Recife, Pernambuco, 1886 – Rio de Janeiro, Rio de Janeiro 1968). Poeta, ensaísta, tradutor e professor. Influenciada por diferentes escolas e movimentos literários, sua produção poética atravessa correntes diversas, como o parnasianismo, o modernismo e o concretismo. Seu estilo marca significativamente a geração modernista da década de 1920. Os temas centrais de sua obra são a memória, a morte, o erotismo e o lirismo das coisas simples.

A infância e a formação escolar de Manuel Bandeira são importantes em sua produção poética. Nascido no Recife, cresce na casa do avô, na Rua da União. Aos dez anos, muda-se para o Rio de Janeiro, onde completa o ginásio no Colégio Dom Pedro II, tendo como professores os escritores José Veríssimo (1857-1916) e João Ribeiro (1860-1934). Em 1903 ingressa na Escola Politécnica em São Paulo, porém interrompe os estudos por causa do diagnóstico de tuberculose. Inicia o tratamento em Petrópolis e Teresópolis, no Rio de Janeiro. Entre junho de 1913 e outubro de 1914, interna-se no sanatório suíço de Clavadel, em Davos, momento em que aprofunda a leitura dos clássicos em línguas estrangeiras e se dedica aos estudos de tradução.

De volta ao Rio de Janeiro, publica A cinza das horas (1917), seu primeiro livro de poemas, com tiragem de duzentos exemplares. A poética introdutória é pautada pela rigidez parnasiana e pelo lirismo simbolista. Em forma de sonetos, os versos exprimem musicalidade acentuada pela alternância entre sons abertos e fechados. Em decorrência da enfermidade do poeta, o livro possui teor pessimista e sombrio, expresso nos poemas “Desencanto” e “Renúncia”. A cinza das horas, bem visto pela crítica contemporânea, recebe resenhas e comentários positivos em diversos jornais.

No livro seguinte, Carnaval (1919), o poeta varia entre a tradição dos sonetos e a fluidez dos versos livres, abandonando parcialmente o método parnasiano. A temática carnavalesca, alegre e festiva, é retratada em tom erótico no poema “Sonho de uma Terça-Feira Gorda”. Com foco na sonoridade das palavras, o poeta apropria-se de elementos do cotidiano em tom satírico e jocoso. Tais características atraem a atenção do movimento modernista de São Paulo.

Em 1920, muda-se para a Rua do Curvelo (atual Rua Dias de Barros), em Santa Tereza, e torna-se vizinho do jornalista Ribeiro Couto (1898-1963), que introduz o jovem poeta no círculo das artes modernistas. Bandeira inicia correspondência com o escritor paulista Mário de Andrade (1893-1945), cuja obra influencia sua poética. O poema “Os sapos”, do livro Carnaval, é declamado por Ronald de Carvalho (1893-1935) na abertura da Semana de Arte Moderna em 1922, realizada na capital paulista. A composição satiriza o fazer poético dos parnasianos, configurando o estilo do poema-piada, gênero popular entre os modernistas do período. Bandeira contribui com a Revista Klaxon.

A morada na Rua do Curvelo impacta significativamente a produção do poeta. Em contato com outros artistas, assimila inovações literárias ao abordar temas corriqueiros que partem da observação de hábitos sociais. No livro Libertinagem (1930), encontram-se poemas com características típicas da primeira geração modernista: versos livres, uso de onomatopeias, voz poética próxima da linguagem oral, ironia, emprego de múltiplos gêneros textuais. A temática é inovadora e eclética, variando entre odes memorialistas (“Evocação do Recife”, "Porquinho-da-Índia"), descrições de cenas do cotidiano ("Poema Tirado de uma Notícia de Jornal", “Pneumotórax”) e manifestos personalistas (“Poética”, "Vou-me Embora pra Pasárgada").

Os anos seguintes são marcados pela atuação no magistério. É premiado, em 1937, pela Sociedade Felipe d'Oliveira pelo conjunto de sua obra. A partir de 1938, leciona literatura no Colégio Dom Pedro II. Em 1940, inscreve-se para o posto na Academia Brasileira de Letras, para o qual é eleito no mesmo ano. A partir de 1943, leciona literatura hispano-americana na Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, período em que investe na produção de textos didáticos e de cunho escolar, entre eles biografias e antologias dos poetas românticos. Também datam desse período ensaios sobre literatura e traduções de clássicos da língua inglesa, alemã, francesa e espanhola, de variados gêneros.

Itinerário de Pasárgada (1954) é um importante relato autobiográfico sobre a formação literária e humanista de Manuel Bandeira. No memorial em prosa, redigido por sugestão dos escritores Fernando Sabino (1923-2004) e Paulo Mendes Campos (1922-1991), o autor narra sua relação íntima com a poesia e remonta à infância no Recife, à formação escolar no Rio de Janeiro, à estadia na Suíça, à amizade com os modernistas, ao contexto de publicação de seus livros e à filiação à Academia. Ao comentar a própria obra e compará-la com a de escritores e artistas de outras expressões, em especial a música e o desenho, o escritor reflete sobre o fazer poético e o papel da literatura.

Em sua obra poética, aprofunda o experimentalismo por meio da desconstrução lógica e espacial dos versos, amplificando as possibilidades interpretativas. Nesse sentido, aproxima-se da estética concretista, a exemplo dos poemas “Ponteio” e “A Onda” de Estrela da tarde (1960). Em 1966 recebe, em Brasília, a Ordem do Mérito Nacional por ocasião dos seus 80 anos de idade.

No decorrer de sua obra, Manuel Bandeira atravessa diversos movimentos poéticos com autenticidade e diligência. A um só tempo lírica e inovadora, sua produção é crucial no panorama da literatura brasileira.

Obras 23

Abrir módulo
Coleção Brasiliana Itaú / Reprodução Fotográfica Horst Merkel

Espetáculos 19

Abrir módulo

Exposições 7

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 15

Abrir módulo
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. R703.0981 P818d
  • ANDRADE, Carlos Drummond de. Nota Preliminar. In: Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.
  • ARRIGUCCI JR., Davi. Humildade, paixão e morte: a poesia de Manuel Bandeira. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
  • BANDEIRA, Manuel. Antologia Poética. 17.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1986.
  • BANDEIRA, Manuel. Itinerário de Pasárgada. 3.ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1984.
  • CAMPOS, Haroldo de. Bandeira, o desconstelizador. In: CAMPOS, Haroldo de. Metalinguagem. 3 ed. São Paulo: Cultrix, 1970.
  • COMPANHIA TEATRAL AS GRAÇAS. Site oficial do grupo. Disponivel em e . Acessado em: 19 maio 2011. Espetáculo: Itinerário de Pasárgada - 1999. Não catalogado
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
  • LANCIANI et al. Libertinagem – Estrela da Manhã/Manuel Bandeira: edición crítica. Madri; Paris; México; Buenos Aires; São Paulo; Lima, Guatemala, San José; Santiago de Chile: ALLCA XX, 1998.
  • MORAES, Marcos Antonio de. Correspondência de Mário de Andrade e Manuel Bandeira. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2001.
  • MOURA, Murilo Marcondes de. Manuel Bandeira. São Paulo: Publifolha, 2001.
  • Programa do Espetáculo - Baixa Sociedade ou Apenas 500 Milhões de Dólares - 1979. Não catalogado
  • Programa do Espetáculo - O Círculo de Giz Caucasiano - 2007. Não catalogado
  • REGIS, Maria Helena Camargo. O coloquial na poética de Manuel Bandeira. Florianópolis: Editora da UFSC, 1986.
  • ROSENBAUM, Yudith. Manuel Bandeira: uma poesia da ausência. São Paulo: Edusp; Rio de Janeiro: Imago, 1993.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: