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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Pedro de Moraes

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 11.04.2024
23.10.1942 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
27.05.2022 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro

Concentração Estudantil na Faculdade de Medicina, Rio de Janeiro RJ, 1968
Pedro de Moraes
Matriz - negativo

Pedro de Mello Moraes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1942 – Idem, 2022). Fotógrafo, cineasta. Volta-se para o âmbito cultural dos anos 1960 e 1970 no Rio de Janeiro, para a fotografia como militância e para a observação do cotidiano nas ruas. Integra o movimento do Cinema Novo brasileiro como diretor de fotografia em importantes filmes da cine...

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Pedro de Mello Moraes (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1942 – Idem, 2022). Fotógrafo, cineasta. Volta-se para o âmbito cultural dos anos 1960 e 1970 no Rio de Janeiro, para a fotografia como militância e para a observação do cotidiano nas ruas. Integra o movimento do Cinema Novo brasileiro como diretor de fotografia em importantes filmes da cinematografia nacional.

Por volta dos doze anos, se interessa por fotografia e ganha sua primeira câmera. Frequenta o estúdio fotográfico dos irmãos Humberto e José Franceschi, em Botafogo, no Rio de Janeiro. Em 1957, começa a trabalhar para a revista Manchete e, em seguida, ingressa no jornal Correio da Manhã. Como autônomo, passa pela fotografia industrial, publicitária, de moda e de arquitetura.

Registra a cena carioca da música popular brasileira com um olhar poético e intimista, resultado da proximidade com instrumentistas, cantores e compositores com os quais convive desde a infância. Faz a imagem de capa para vários álbuns, entre eles o primeiro disco do cantor e compositor Paulinho da Viola (1942), em 1968; o LP homônimo da cantora e compositora Nara Leão (1942-1989), no mesmo ano; e o Novos Baianos F.C. (1973), do grupo Novos Baianos (1969-1978). Também em 1968, publica  de maneira independente seu primeiro livro: O mergulhador, obra com fotografias de Pedro de Moraes e poemas escolhidos de seu pai, o poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913-1980).

Durante a ditadura civil-militar iniciada em 1964, acompanha as manifestações sociais nas ruas do Rio de Janeiro. Atuando de maneira independente, sem estar atrelado a veículos de comunicação, Pedro de Moraes cobre os eventos desse período movido por ideais humanistas, compreendendo-se como fotógrafo militante. Com o recrudescimento da repressão, esconde seus negativos e contatos na casa de uma tia. Algumas dessas imagens são publicadas anos depois em dois livros: 68, paixão de uma utopia (1988), em coautoria com o historiador Daniel Aarão Reis (1946), e 1968: Paris, Rio (2018), com o fotógrafo franco-marroquino Bruno Barbey (1941-2020).

Aproxima-se do fazer cinematográfico como diretor de fotografia no curta-metragem Em busca do ouro (1965), do cineasta Gustavo Dahl (1938-2011). Logo fotografa o primeiro longa-metragem: Mangue bangue (1970), do cineasta Neville D’Almeida (1941). Em 1971, participa na codireção do curta Tempo do mar (1971) e dirige sozinho Homem e profissão (1971), assinando mais dois curta-metragens após esses. Ainda na fotografia, sua parceria mais extensa se dá com o cineasta Joaquim Pedro de Andrade (1932-1988) nos filmes Os inconfidentes (1972), Guerra conjugal (1974) e O Aleijadinho (1978). Também atua como diretor de fotografia em filmes dos cineastas Glauber Rocha (1939-1981) – A idade da terra (1980) – e Luiz Rosemberg Filho (1943-2019) – O santo e a vedete (1982).

Além das fotografias do cenário musical e político brasileiro, Pedro de Moraes tem olhar sensível aos acontecimentos cotidianos, aos trabalhadores, às mulheres, aos afetos entre casais, às crianças e às brincadeiras nas ruas. É influenciado por fotógrafos do pós-Segunda Guerra, como o francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004) e o húngaro-estadunidense Robert Capa (1913-1954). Registra o surpreendente no suposto banal em fotografias monocromáticas e sempre analógicas, realizadas com uma câmera Leica M ou uma Rolleiflex.

Em 1976, edita o livro Vi-vendo (1976), que se propõe a ser uma observação sentimental da gente brasileira em momentos bons e ruins e, em 2008, toma de empréstimo o título do poema Pátria minha (1949), de Vinicius de Moraes, para dar nome à sua exposição na Caixa Cultural de São Paulo, quando novamente o povo brasileiro é feito protagonista em fotografias que circundam os temas da fome, do misticismo e da festa entre as experiências dos anônimos capturados em película.

A partir da década de 1980, reside entre o Rio de Janeiro e a Praia de Algodões, no município de Maraú, Bahia. Expõe fora do país, em cidades como Paris (França), Turim e Roma (Itália).

Em 2019, apresenta Pic-nic no front (2019), na Galeria da Gávea, no Rio de Janeiro. A curadoria, feita pelo crítico e pesquisador Paulo Sérgio Duarte (1946) e pelo fotógrafo Lucas Zappa (1984) – responsável por ajudar a organizar e a digitalizar o acervo, com cerca de vinte mil negativos –, busca contemplar seis décadas de fotografia com oitenta imagens que passam pelos variados temas de interesse do fotógrafo.

Pedro de Moraes tem como foco retratar o Brasil, seja por meio da cultura dita como erudita do país, entre músicos, escritores e artistas, seja pelo âmbito popular, observando com atenção aqueles que estão à margem, fora das grandes mídias e ocupando as ruas. Há um desejo de fazer da vida poesia em imagem, entre a singeleza dos encontros e os mistérios que eles guardam.

Obras 7

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Exposições 6

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Fontes de pesquisa 14

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