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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Tom Jobim

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.03.2022
25.01.1927 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
08.12.1994 Estados Unidos / Nova York / Nova York
Reprodução fotográfica Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional

Antonio Carlos Jobim, 1967

Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1927 - Nova York, Estados Unidos, 1994). Compositor, pianista, arranjador, cantor e violonista. A obra de Tom Jobim, a um só tempo popular e sofisticada, mescla samba e jazz, canção e música instrumental, oralidade e cultura letrada.

Texto

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Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1927 - Nova York, Estados Unidos, 1994). Compositor, pianista, arranjador, cantor e violonista. A obra de Tom Jobim, a um só tempo popular e sofisticada, mescla samba e jazz, canção e música instrumental, oralidade e cultura letrada.

Seu interesse pela música surge por influência de dois tios, um violonista erudito, outro popular, universos que se fundem em sua obra. Já toca violão e gaita quando, com cerca de 14 anos, tem suas primeiras aulas de piano. Órfão de pai muito cedo, recebe do padrasto grande incentivo para estudar música, evoluindo rapidamente. 

Em 1946, alterna o primeiro ano da faculdade de arquitetura com o trabalho de pianista em boates de Copacabana e Ipanema, no Rio de Janeiro, mas logo abandona os estudos em prol da música. Aperfeiçoa-se no piano, além de estudar orquestração, harmonia e composição. Trabalha em boates até 1952, quando é contratado como pianista e arranjador na gravadora Continental, acompanhando artistas como Dalva de Oliveira (1917-1972), Orlando Silva (1915-1978) e Dick Farney (1921-1987)

Em 1953, tem suas primeiras composições gravadas: "Pensando em Você", "Faz Uma Semana" e “Incerteza”. Em 1955, rege na Rádio Nacional sua primeira composição sinfônica, "Lenda". No ano seguinte, inicia duradoura parceria com o poeta Vinicius de Moraes (1913-1980), orquestrando, regendo e compondo parte da trilha da peça Orfeu da Conceição.

Em 1958, produz o LP Canção do Amor Demais, de Elizeth Cardoso (1920-1990). O disco traz composições de Jobim como a faixa-título "Chega de Saudade", também com letra de Vinicius, e "Outra Vez", que registram pela primeira vez a batida característica do violão de João Gilberto (1931-2019)

Tom Jobim, ao lado do violonista e cantor João Gilberto e do poeta Vinicius de Moraes, integra o tripé fundador do movimento musical bossa nova. Surgido no auge do desenvolvimentismo da economia brasileira, o estilo vem reforçar um imaginário modernizante que se torna hegemônico no Rio de Janeiro dos anos 1950, espelhando as transformações pelas quais passa a então capital do país, que criam na cidade novas formas de sociabilidade. 

A canção “Desafinado”, parceria de Jobim com Newton Mendonça (1927-1960), é incluída no primeiro LP do cantor, "Chega de Saudade" (1959). Considerada um verdadeiro manifesto, a canção condensa os principais procedimentos da bossa nova. O uso frequente de notas estranhas ao campo harmônico provoca uma sensação de desafinamento, como acontece na letra de “Desafinado”, em que as palavras “desafino, amor” transparecem na melodia. Esse procedimento se nota em várias outras composições bossanovistas como "Chega de Saudade" e "Samba de Uma Nota Só". 

Em 1960, compõe "Brasília, Sinfonia da Alvorada" e "Orphée Noir", de Marcel Camus (1959), para a versão cinematográfica de Orfeu da Conceição. Compõe ainda a trilha do filme Porto das Caixas, de 1961.

Escreve com Vinicius de Moraes "Garota de Ipanema", em 1962, que logo alcança grande sucesso nos Estados Unidos. No mesmo período, a versão instrumental de Stan Getz (1927-1991) e Charlie Byrd (1925-1999) para "Desafinado" leva a gravadora a promover um concerto de bossa nova no Carnegie Hall, em Nova York, onde Jobim passa alguns meses. Ali, lança seu primeiro álbum solo, The Composer of Desafinado Plays, em 1963. A partir de então, divide-se entre o Brasil e os Estados Unidos, grava oito LPs, incluindo Francis Albert Sinatra & Antonio Carlos Jobim (1967) e assina contratos para atuar no cinema, na TV e no Grammy.

Fixa-se no Brasil em 1968, ano em que sua canção "Sabiá", parceria com Chico Buarque (1944), vence o 3º Festival Internacional da Canção. Premido, talvez, pela agudização ideológica dos tempos da ditadura militar (1964-1985)1, a partir dos anos 1970, as temáticas bossanovistas cedem espaço à valorização atemporal da natureza brasileira. Essa fase, conhecida como mateira, transparece em canções como "Águas de Março", "Passarinhada" e "O Boto", cheias de referências a pássaros. Ainda assim, Jobim compõe clássicos da música romântica como "Lígia", " ngela" e "Bebel".

Compõe também a trilha de outros filmes nacionais e internacionais, como The Adventurers (1970), A Casa Assassinada (1971) e Para Viver um Grande Amor (1983), além da minissérie O Tempo e o Vento (1985), da TV Globo.

Em 1984, funda a Banda Nova, formada por amigos e parentes, com a qual excursiona por diversos países. Com ela, grava ainda seus últimos discos: Passarim (1987) e Antonio Brasileiro (1994). 

Além de Vinicius de Moraes, com quem escreve cerca de 50 canções, tem parcerias com grandes nomes da música brasileira, como Dolores Duran (1930-1959), Chico Buarque e Billy Blanco (1924-2011). Ao longo da carreira, recebe inúmeras homenagens e honrarias. 

Simples e sofisticada, sinfônica e cancional, marcada por influências estrangeiras e pelo nacionalismo musical brasileiro, a obra de Tom Jobim traça um painel dos caminhos e conflitos da música brasileira do século XX.

Nota

1. Também denominada de ditadura civil-militar por parte da historiografia com o objetivo de enfatizar a participação e apoio de setores da sociedade civil, como o empresariado e parte da imprensa, no golpe de 1964 e no regime que se instaura até o ano de 1985.

Obras 21

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Espetáculos 3

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Espetáculos de dança 1

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 12

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  • BÉHAGUE, Gerard. "Jobim, Antônio Carlos." Grove Music Online. Oxford University Press. Disponível em: <www.oxfordmusiconline.com/subscriber/article/grove/music/44182>. Acesso em: 03 jun. 2013.
  • CABRAL, Sérgio. Antônio Carlos Jobim: uma biografia. Rio de Janeiro: Lumiar, 1997.
  • CAMPOS, Augusto de (org.). Balanço da Bossa e outras bossas. 5a. ed. São Paulo: Perspectiva, 2005.
  • CASTRO, Ruy. Chega de Saudade: a história e as histórias da bossa nova. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
  • GAVA, José Estevam. A linguagem harmônica da Bossa Nova. São Paulo: Ed. Unesp, 2002.
  • JOBIM, Antonio Carlos. A vida de Tom Jobim: depoimento. Rio de Janeiro: Rio Cultura, Faculdades Integradas Estácio de Sá, 1983.
  • JOBIM, Paulo (org.). Cancioneiro Jobim: Obras completas. Rio de Janeiro: Jobim Music, Casa da Palavra, 2000.
  • MACHADO, Cacá. Tom Jobim. São Paulo: Publifolha, 1998. (Coleção Folha Explica, 77).
  • MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed., rev. ampl. São Paulo: Art Editora, 1998. R780.981 M321e 2.ed.
  • SHOW BRAS. Orfeu. Disponível em: http://www.showbras.com.br/orfeu/orfeu_ABERTURA.html. Não Catalogado
  • SÁNCHEZ, J. L. Tom Jobim: a simplicidade do gênio. Rio de Janeiro : Record, 1995.
  • TBC apresenta Arena-Opinião. São Paulo: TBC, 1965. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Não catalogado

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