Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Dori Caymmi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.01.2024
26.08.1943 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Dorival Tostes Caymmi (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1943). Compositor, arranjador, violonista e cantor. É filho do compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008) e da cantora mineira Adelaide Tostes Caymmi (1922-2008), conhecida como Stella Maris.

Texto

Abrir módulo

Biografia
Dorival Tostes Caymmi (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1943). Compositor, arranjador, violonista e cantor. É filho do compositor baiano Dorival Caymmi (1914-2008) e da cantora mineira Adelaide Tostes Caymmi (1922-2008), conhecida como Stella Maris.

Na infância, estuda piano e tem aulas de teoria musical e harmonia. Aprende a tocar violão sozinho, ouvindo João Gilberto (1931), Baden Powel (1937-2000), o guitarrista americano de jazz Barney Kessel (1923-2004) e seu pai Dorival Caymmi. Especializa-se na área de arranjos com Tom Jobim (1927-1994), Luiz Eça (1936-1992) e Eumir Deodato (1943).

No teatro, assina a direção musical das peças Opinião (1964), Arena Conta Zumbi (1965), Calabar (1973) e Gota d’Água (1975).

Possui treze discos como solista, entre eles Dory Caymmi (1972), Dori Caymmi (1980), Dori Caymmi (1982), os três gravados no Brasil. Em 1989, após trabalhar com o músico Sérgio Mendes (1941), muda-se para os Estados Unidos e lança os álbuns Dori Caymmi (1988) e Brazillian Serenata (1991). Registra, pela produtora do músico americano Quincy Jones (1933), os LPs Kicking Cans (1992) e If Ever (1994).

Na sequência, grava Tome Conta do Meu Filho, que Eu Também Já Fui do Mar... (1997), Cinema – A Romantic Vision (1999), Influências (2001), Contemporâneos (2003), Mundo de Dentro (2010), Poesia Musicada (2011). Nos álbuns seguintes, revisita o repertório de compositores consagrados e do pai Dorival Caymmi.

Contribui como arranjador para Tom Jobim, nas músicas “Águas de Março” e “Matita Perê”, ambas registradas no álbum Matita Perê (1973), Chico Buarque (1944), Maria Bethânia (1946), João Gilberto, Edu Lobo (1943), Elis Regina e seus irmãos Nana Caymmi (1941) e Danilo Caymmi (1948).

Na TV, participa da trilha sonora da novela Gabriela (1975) com a canção “Porto”, além de musicar o poema “Alegre Menina” de Jorge Amado (1912-2001). Para a minissérie Tenda dos Milagres (1985), compõe “Flor da Bahia”, com Paulo César Pinheiro (1949). Cria músicas para a novela infantil Sítio do Picapau Amarelo (1977-1986), adaptada da obra de Monteiro Lobato (1882-1948).

Em 2002, recebe com Paulo César Pinheiro o Grammy Latino de melhor canção brasileira com “Saudades de Amar”, e, em 2004, o prêmio de melhor álbum de samba com Para Caymmi 90 anos, gravado com os irmãos Nana e Danilo.

Análise
Dori Caymmi faz parte da segunda geração de músicos da bossa nova, ao lado de Edu Lobo, Marcos Valle (1943) e Francis Hime (1939). Filho de Dorival Caymmi, é influenciado pelo pai e por músicos que frequentam sua casa, como Tom Jobim. Dori é um músico versátil: atua como instrumentista, produtor e compositor.

Segundo o pesquisador Júlio César Smarçaro, pode-se dividir seu trabalho em três períodos: na primeira fase (1972 a 1982), período em que produz os três primeiros discos com seu nome, estão presentes canções com a estética bossanovista na construção de melodia, letra e harmonia e nos arranjos orquestrais. É o caso de canções como “Minha Doce Namorada” ou “Depois de Tanto Tempo”, ambas de 1972. Outra característica dessa fase é a composição influenciada pelos artistas mineiros do Clube da Esquina, com harmonias modais e acordes de violão com corda solta ou com outros estilos de afinação. Isso está evidente nas canções “O Cantador”, “Lenda” e “Evangelho”, que as avizinha de “Travessia” (1969), de Fernando Brant (1946-2015) e de Milton Nascimento (1942), a quem dedica a composição “Nosso Homem em Três Pontas” (1982).

A direção musical das peças Opinião (1964) e Arena Conta Zumbi (1966), aproxima suas composições da canção de protesto, com cunho social e político, assim como o contemporâneo Edu Lobo.

Quando se muda para os Estados Unidos, inicia-se uma nova fase composicional. Brazilian Serenata (1991) é o disco mais conhecido, com as músicas “Amazon River”, “Mercador de Siri”, “Ninho de Vespa” e “Flower of Bahia”. O fato de ser compositor e arranjador faz com que sua composição atente para a abertura das vozes no violão e no coro. A instrumentação preenche as faixas de frequência auditiva e cria uma sensação de abertura na escuta da música. A prática como compositor de trilha sonora para cinema e orquestrador é incorporada no trabalho solo.

Nessa fase, Dori abandona a influência mineira de Milton Nascimento e assimila outros ritmos brasileiros, como a capoeira, em “Flower of Bahia”, o baião, em “From the Sea” , e o samba, em “Irresistible (Jogo de Cintura)”. Nessa fase, desenvolve sonoridade própria, unindo as referências da Bahia cantanda por seu pai e o Rio de Janeiro de Tom Jobim.  

A terceira fase dá-se mais como intérprete, violonista e arranjador de músicas já consolidadas. Em Tome Conta do Meu Filho, que Eu Também Já Fui do Mar... , reconstrói as músicas do pai, principalmente as canções praieiras, tendo o violão como ponto de partida. No entanto, é no canto que Dorival e Dori mais se assemelham: herdeiro de um estilo bem empostado, com volume e corpo de voz, diferente do cantar da bossa nova. Tanto Dori quanto Danilo e Nana, mesmo revisitando o repertório da bossa nova, cantam ao estilo do pai.

Com afinidade sonora com Joyce Moreno (1948) grava o disco Rio-Bahia – Joyce Moreno e Dori Caymmi (2006), com músicas como: “Pra Que Chorar”, de Baden Powel (1937-2000) e Vinicius de Moraes (1913-1980); “E Era Copacabana”, de Carlos Lyra (1939) e Joyce (1948); e “Flor da Bahia e Saudade do Rio”, de Paulo Cesar Pinhero e Dori Caymmi. Ainda com Paulo Cesar Pinheiro, realiza parceria que resulta nos álbuns Poesia Musicada (2011) e Setenta Anos (2014), dividindo as composições de todas as faixas dos discos.

Obras 114

Abrir módulo

Espetáculos 5

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 6

Abrir módulo
  • BERNARDES, Marcelo. Dori Caymmi concorre com grandes arranjadores. Estado de S.Paulo, São Paulo, 23 fev. 2000. Caderno 2. Disponível em: < http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/20000223-38844-nac-0049-cd2-d3-not/busca/Dori+Caymmi >. Acesso em: 20 out. 2013.
  • CALABAR, o Elogio da Traição. São Paulo: Othon Bastos Produções Artísticas, 1980. 1 programa do espetáculo realizado no Theatro São Pedro. Não catalogado
  • DORI CAYMMI. Site oficial do artista. São Paulo, 2013. Disponível em: < www.doricaymmi.com >. Acesso em: 20 out. 2013.
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Edélcio Mostaço]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • GILMAN, Bruce. Gal in Caymmi’s Court. Brazzil, out. 2001. Disponível em: < http://www.brazzil.com/musoct01.htm >. Acesso em: 20 out. 2013.
  • SMARÇARO, Júlio César Caliman. O Cantador: a música e o violão de Dori Caymmi. Dissertação (Mestrado em Música) – Instituto de Artes da Universidade de Campinas (Unicamp), Campinas, 2006.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: