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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Milton Nascimento

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.10.2022
26.10.1942 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Correio da Manhã/Acervo Arquivo Nacional

Milton Nascimento, 1972

Milton Silva Campos do Nascimento (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1942). Compositor, intérprete e instrumentista. Com sucesso de público e crítica, sua vasta trajetória artística engloba traços das culturas mineira e latino-americana, da MPB, do jazz e do rock.

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Milton Silva Campos do Nascimento (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1942). Compositor, intérprete e instrumentista. Com sucesso de público e crítica, sua vasta trajetória artística engloba traços das culturas mineira e latino-americana, da MPB, do jazz e do rock.

Com a morte da mãe, passa a viver em Três Pontas, Minas Gerais. Aprende sozinho a tocar sanfona de dois baixos e, ainda garoto, forma um grupo musical com o compositor Wagner Tiso (1945). Muda-se para Alfenas, Minas Gerais, onde mora com a família Tiso e participa como croonerda banda W's Boys, apresentando-se em bailes pela região. Em 1963, vai com Tiso para Belo Horizonte, monta o conjunto Holiday e grava um compacto duplo. Com o baterista Paulinho Braga (1942), cria o Berimbau Trio e, com o pianista Marilton Borges (1943), o conjunto Evolussamba. Os ensaios ocorrem no apartamento da família Borges, onde conhece os músicos Lô Borges (1952), Beto Guedes (1951) e Fernando Brant (1946-2015), com quem mais tarde funda o movimento Clube da Esquina.

Em 1966, concorre no 2º Festival da Música Popular Brasileira (MPB) da TV Excelsior, com “Cidade Vazia”, de Baden Powell (1937-2000) e Lula Freire (1938), e se classifica em quarto lugar. Conhece a cantora Elis Regina (1945-1982), que grava sua composição “Canção do Sal” (1966), e o cantor Agostinho dos Santos (1932-1973), que canta “Maria, Minha Fé”, também de sua autoria, no 2º Festival Internacional da Canção, da TV Globo, em 1967. Nesse festival, defende três músicas e é eleito o melhor cantor, interpretando “Travessia”, com letra de Fernando Brant. No mesmo ano, grava seu primeiro LP com arranjos de Luiz Eça (1936-1992), do Tamba Trio. Em 1969 lança, Courage, concebido nos Estados Unidos, com arranjos próprios e de Eumir Deodato (1943). Produz as trilhas dos filmes Os Deuses e os Mortos (1969), do diretor de cinema Ruy Guerra (1931), e Tostão, a Fera de Ouro (1970), dirigido por Ricardo Gomes Leite e Paulo Laender (1945).

A partir da década de 1970, surge o interesse pelo jazz em suas formulações mais puras e nos diálogos com o rock, bem como heranças musicais regionais mineiras. Nesse período, produz dez LPs que orientam as diretrizes de toda a sua obra. Essas influências musicais estão presentes no Clube da Esquina e revelam a dinâmica dos movimentos culturais da juventude, como a presença do rock, desde marcas de vocais e guitarras dos Beatles até traços mais experimentais e progressivos. Além disso, as composições dialogam com novidades e sofisticações da bossa nova e da MPB. 

O disco Milton (1970) anuncia a qualidade da voz e das composições. Algumas canções se tornam clássicos como “Para Lennon e McCartney”. Em 1972, grava o LP duplo Clube da Esquina, que revela a produção dos integrantes do movimento mineiro, as experiências musicais e canções notáveis como “Um Girassol da Cor do Seu Cabelo”. Por imposição da censura, o trabalho seguinte, Milagre dos Peixes (1973), é basicamente instrumental e experimental. Em 1974, o disco é gravado ao vivo no Teatro Municipal de São Paulo, com o acompanhamento de orquestra e do grupo Som Imaginário.

Minas (1975) e Geraes (1976) formam um conjunto criativo que consolida o artista no quadro dos grandes compositores da música brasileira contemporânea, e contam com a mescla de rock, jazz e bossa nova, folclore, MPB e música latina. Em 1975, nos Estados Unidos, grava Native Dancer, com os músicos americanos Wayne Shorter (1933) e Herbie Hancock (1940). O disco Clube da Esquina 2 (1978) apresenta música regional e começa a flertar com as tradições indígenas. Produz para espetáculos do Grupo Corpo as trilhas Maria, Maria (1978) e O Último Trem (1980). Com Sentinela (1980), o artista sintetiza e encerra a fase de múltiplas experiências.

No decorrer dos anos 1980, engaja-se politicamente e foca questões de caráter mais social. Atua nos filmes Fitzcarraldo (1981), do diretor alemão Werner Herzog (1942), e Buriti (1983), dirigido por Carlos Alberto Prates Correia (1941). A canção “Coração de Estudante” (1983) em parceria com Tiso, torna-se tema do movimento político por eleições diretas. Em 1986, com a cantora argentina Mercedes Sosa (1935-2009) e o músico argentino Leon Gieco (1951), elabora o álbum Corazón Americano.

O disco Txai (1993) é resultado do encontro com aldeias indígenas, seringueiros e habitantes da floresta ao longo de sua viagem de barco pelo Rio Juruá, do Acre até o Peru. Esse álbum chega ao primeiro lugar da lista de world music da revista Billboard. Em Crooner (1999) interpreta um repertório afetivo, quase memorialístico, fruto das escutas associadas a sua formação musical.

Lança com Gilberto Gil (1942) o álbum Gil e Milton: Um Encontro Histórico (2000). Em 2002, apresenta as cantoras Maria Rita (1977) e Marina Machado (1972) no álbum Pietá, com músicas inéditas e dedicado à voz feminina. Grava Novas Bossas (2008) com o Jobim Trio, um tributo às composições de Tom Jobim (1927-1994), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Dorival Caymmi (1914-2008).  

A trajetória artística de Milton Nascimento é diversificada e não se enquadra em limites rígidos. Reconhecido internacionalmente, suas canções estão impressas no imaginário brasileiro. 

Nota:

1. Termo em inglês que usualmente denomina o cantor que acompanha uma banda de jazz.

Obras 7

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Espetáculos 6

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Espetáculos de dança 2

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Fontes de pesquisa 9

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  • AVELAR Idelbar. De Milton ao metal: política e música em Minas, In ArtCultura, n. 9, Uberlândia, Julho-Dezembro de 2004.
  • BORGES, Márcio. Os sonhos não envelhecem: histórias do Clube da Esquina. São Paulo: Geração Editorial, 1996.
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011. Não catalogado
  • GARCIA, Luiz Henrique. Coisas que ficaram muito tempo por dizer: o Clube da Esquina como formação cultural. 160 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2000.
  • MINAMI, Edison. "Milton Nascimento e o diálogo inter-religioso na Missa dos Quilombos". In: Conhecimento e Diversidade, Niterói, n. 1, jan./jun. 2009, pp. 110 - 122.
  • MUSEU da Pessoa. Museu Clube da Esquina. Disponível em: http://www.museudapessoa.net/clube/index.htm.
  • NASCIMENTO, Milton. Nova história da música popular brasileira, São Paulo, Abril,1976.
  • OLIVEIRA, Rodrigo Francisco de. Mil Tons de Minas - Milton Nascimento e o Clube da Esquina: cultura, resistência e mineiridade na música popular brasileira. Dissertação (mestrado em História). Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 2006.
  • RODRIGUES, Mauro. O modal na música de Milton Nascimento. Dissertação mestrado, Escola de Música, UFMG, 2000.

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