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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Clube de Esquina

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.06.2024
1972
O álbum Clube da Esquina, gravado entre 1971 e 1972 na Emi-Odeon, é composto por dois discos, fato raro para a época, somando 63 minutos e 13 segundos de música. Ele contém 21 canções e, excetuando-se duas, todas são compostas e interpretadas por um grupo de jovens músicos mineiros ainda desconhecidos. Eles dão origem ao movimento musical conhec...

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O álbum Clube da Esquina, gravado entre 1971 e 1972 na Emi-Odeon, é composto por dois discos, fato raro para a época, somando 63 minutos e 13 segundos de música. Ele contém 21 canções e, excetuando-se duas, todas são compostas e interpretadas por um grupo de jovens músicos mineiros ainda desconhecidos. Eles dão origem ao movimento musical conhecido pelo título do álbum, em alusão ao ponto de encontro desses jovens na esquina das Ruas Paraisópolis e Divinópolis, no bairro de Santa Teresa, Belo Horizonte.

A iniciativa de produção do álbum é de Milton Nascimento (1942), naquele momento reconhecido como compositor, intérprete e autor de quatro LPs. Ele reúne amigos e parceiros mineiros para dar expressão a uma obra coletiva. Em uma casa alugada em Niterói, Rio de Janeiro, ensaiam canções compostas por Milton, os irmãos Márcio (1946) e Lô Borges (1952), Fernando Brant (1946-2015) e Ronaldo Bastos (1948). Vários instrumentistas participam dos ensaios e da gravação em estúdio, muitos deles da banda Som Imaginário, como Robertinho Silva (1941) na bateria, Wagner Tiso (1945) nos teclados, Luiz Alves (1944) no baixo, Tavito (1948) no violão, Laudir Oliveira (1940) na percussão, Toninho Horta (1948) na guitarra. Há, ainda, Beto Guedes (1951) no violão e na guitarra, Nelson Angelo (1949) no violão e Paulinho Braga nas percussões. Os arranjos são de Wagner Tiso e Eumir Deodato (1943). Grande parte das canções é interpretada por Milton Nascimento, mas cantam também Lô Borges e Beto Guedes. Alaíde Costa (1935) participa na regravação, em novo arranjo, do samba “Me Deixa em Paz” (1951), sucesso de Linda Batista (1919-1988) composto por Monsueto Menezes (1924-1973) e (1921).

As canções acabam consagradas pela crítica e introduzidas no cancioneiro da moderna música popular, como “Tudo que Você Podia Ser”, “Cais”, “O Trem Azul”, “Cravo e Canela”, “Um Girassol da Cor de seu Cabelo”, “San Vicente”, “Um Gosto de Sol” e “Nada Será Como Antes”. A novidade musical que apresentam, confere ao álbum lugar de destaque na produção cultural do país.

Na época do lançamento do álbum, movimentos das década anteriores, como bossa nova, tropicalismo, MPB e jovem guarda, não apresentam mais a força original e alguns de seus protagonistas trilham novos caminhos. Além disso, o país vive sob ditadura militar, e a censura controla a ordem social e política do país. Embora o momento seja pouco favorável às novas experiências, o clima cultural internacional dos movimentos jovens aponta para a necessidade de experimentalismos. Nessas circunstâncias, o álbum Clube da Esquina surge como inovação, e Milton Nascimento consolida-se como intérprete e influente compositor. Com uma escuta aberta, as composições e arranjos transitam pela cultura regional mineira e pelos gêneros tradicionais da música brasileira. Sofrem influência do rock, do jazz, do jazz-rock, da bossa nova,  além de prenunciarem o diálogo com a música latino-americana. A riqueza da obra está nesse intercâmbio de gêneros, com criatividade nos arranjos, que deixam de ter papel coadjuvante ou introdutório das canções. Revela-se, também, no desempenho de jovens músicos que ousam em construções melódicas, progressões harmônicas e improvisos. E, por fim, aparece nas interpretações vocais – sobretudo a de Milton –, que alcançam a dimensão instrumental mais comum no jazz do que na música popular brasileira.

Várias canções foram regravadas por músicos nacionais – como Elis Regina (1945-1982), Nana Caymmi (1941), Simone (1949) e Joyce Moreno (1948) – e internacionais – como a argentina Mercedes Sosa (1935-2009), a portuguesa Eugénia Melo e Castro (1958) e os norte-americanos Wayne Shorter (1933), Herbie Hancock (1940) e Sarah Vaughan (1924-1990). A cantora brasileira Vânia Bastos (1956) reinterpreta parte do álbum em Vânia Bastos Canta Clube da Esquina (2002).

Fontes de pesquisa 7

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  • BORGES, Márcio. Os Sonhos Não Envelhecem: histórias do Clube da Esquina. São Paulo: Geração Editorial, 1996.
  • CLUBE da Esquina. Museu Clube da Esquina. Disponível em: http://www.museuclubedaesquina.org.br/o-movimento/clube-da-esquina/. Acesso em: 12 maio 2014.
  • DOLORES, Maria, Travessia. A vida de Milton Nascimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.
  • GARCIA, Luiz Henrique. Coisas que ficaram muito tempo por dizer: o Clube da Esquina como formação cultural. 160 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2000.
  • NASCIMENTO, Milton. Nova história da música popular brasileira, São Paulo, Abril,1976.
  • OLIVEIRA, Rodrigo Francisco de. Mil Tons de Minas - Milton Nascimento e o Clube da Esquina: cultura, resistência e mineiridade na música popular brasileira. Dissertação (mestrado em História). Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia. 2006.
  • VIEIRA, Francisco Carlos Soares Fernandes. Pelas esquinas dos anos 70: utopia e poesia no Clube da Esquina. 136 f. Dissertação (Mestrado em Poética) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

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