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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Clube da Esquina 2

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 12.02.2021
1978
Clube da Esquina 2 é lançado em 1978 pela Emi-Odeon, retomando o projeto de 1972, que dá expressão e consolida o movimento musical de jovens músicos mineiros. O caráter coletivo da criação, a diversificação das canções e o experimentalismo do primeiro trabalho são preservados, incluindo a divisão em dois LPs, desta vez com 23 canções. Conduzido ...

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Clube da Esquina 2 é lançado em 1978 pela Emi-Odeon, retomando o projeto de 1972, que dá expressão e consolida o movimento musical de jovens músicos mineiros. O caráter coletivo da criação, a diversificação das canções e o experimentalismo do primeiro trabalho são preservados, incluindo a divisão em dois LPs, desta vez com 23 canções. Conduzido novamente por Milton Nascimento (1942), o álbum consolida um trabalho conjunto entre amigos. Reúne um número maior de parceiros, desta vez para além das fronteiras de Minas Gerais.

A canção “Credo” abre o álbum. Sua letra enaltece princípios de esperança e liberdade. A ambiência andina no arranjo e a participação do grupo Tacuabé evidenciam a identidade latino-americana – como em “San Vicente”, canção do primeiro álbum. Essa conexão revela-se em outras faixas, como “Casamiento de Negros” e “Canción por la Unidad de Latino America”. Compromissos com questões sociais e políticas estão presentes, nem sempre de modo explícito, em canções como “O que Foi Deverá/O que Foi Feito de Vera” e “Pão e Água”, bem como alusões à causa indígena, como em “Ruas da Cidade”, “Canoa-Canoa” e “Testamento”.

Outras canções apresentam temas recorrentes na obra de Milton Nascimento e do Clube da Esquina: vida cotidiana e religião (“Paixão e Fé”), personagens (“Dona Olympia”, “Leo”, “Toshiro, Meu Menino”), amizade (“Canção Amiga”, “Que Bom Amigo”), cultura popular (“Reis e Rainhas do Maracatu”) e amor (“Mistérios”, “Tanto”). Embora as parcerias com antigos colegas e com Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) em “Canção Amiga” apontem para Minas Gerais, a cultura mineira aparece difusa. Seus temas são, de certa forma, esgotados em dois discos anteriores, Minas (1975) e Geraes (1976).

Do ponto de vista musical, a diversidade também marca o trabalho. Além da estética latino-americana, há sambas, canções de amor e algumas experimentações, com encadeamentos harmônicos e dissonâncias pouco usuais na música popular da época, como em “Olho d’Água”, “Tanto”, “Canção Amiga”, “E daí?”. Em outras canções, arranjos orquestrais valorizam a voz de Milton, que surge como um instrumento, como em “Toshiro”, “Léo”, “Meu Menino”, “E daí?”. A voz alcança outra dimensão com o coral, presente em grande parte das canções, fortalecendo a ideia de ação coletiva. Destacam-se as participações de Elis Regina (1945-1982), em “O Que Foi Feito Deverá/O Que Foi Feito de Vera”, e de Chico Buarque (1944), em “Canción por la Unidad de Latino America”.

O álbum produz duas canções de sucesso, regravadas várias vezes por outros artistas: “Nascente”, de Flávio Venturini (1949) e Murilo Antunes (1950), e “Maria Maria”, antiga melodia que ganha letra de Fernando Brant (1946-2015). Diversos intérpretes, como Nana Caymmi (1941), Simone (1949), Fafá de Belém (1956), Monica Salmaso (1971), também regravam canções deste álbum. A cantora Vânia Bastos (1956), em Vânia Bastos Canta Clube da Esquina (2002), e o pianista André Mehmari (1977), com MPBaby - Clube da Esquina (2008), reinterpretam um conjunto de canções de Clube da Esquina 1 e 2.  Duas coletâneas reúnem intérpretes variados para registro de faixas que gravitam em torno do repertório do grupo: Clube Moderno – Esquina do Mundo (2005), lançada pelo selo Dubas Música, e Flores do Clube da Esquina (2008), lançada pela EMI.

Embora as colaborações entre os artistas se mantenham, Clube da Esquina 2 é considerado o último trabalho de concepção e produção coletivas do grupo mineiro presente desde o início da carreira de Milton Nascimento.

 

Faixas

Disco 1

1. “Credo” (Milton Nascimento, Fernando Brant)

2. “Nascente” (Flávio Venturini, Murilo Antunes)

3. “Ruas da Cidade” (Lô e Márcio Borges)

4. “Paixão e Fé” (Tavinho Moura, Fernando Brant)

5. “Casamiento de Negros” (Violeta Parra)

6. “Olho d'Água” (Paulo Jobim, Ronaldo Bastos)

7. “Canoa, Canoa” (Nelson Angelo, Fernando Brant)

8. “O Que Foi Feito Deverá” (Milton Nascimento, Fernando Brant) / “O Que Foi Feito de Vera” (Milton Nascimento, Márcio Borges)

9. “Mistérios” (Joyce, Maurício Maestro)

10. “Pão e Água” (Lô e Márcio Borges, Roger Mota)

11. “E Daí? (A Queda)” (Milton Nascimento, Ruy Guerra)

 

Disco 2

1. “Canção Amiga” (Milton Nascimento, Carlos Drummond de Andrade)

2. “Canción por la Unidad Latinoamericana” (Pablo Milanés, Chico Buarque)

3. “Tanto” (Beto Guedes, Ronaldo Bastos)

4. “Dona Olímpia” (Toninho Horta, Ronaldo Bastos)

5. “Testamento” (Nelson Angelo, Milton Nascimento)

6. “A Sede do Peixe (Para o que Não Tem Solução)” (Milton Nascimento, Márcio Borges)

7. “Léo” (Milton Nascimento, Chico Buarque)  

8. “Maria, Maria” (Milton Nascimento, Fernando Brant)

9. “Meu Menino” (Danilo Caymmi, Ana Terra)

10. “Toshiro” (Novelli)

11. “Reis e Rainhas do Maracatu” (Milton Nascimento, Novelli, Nelson Angelo, Fran)

12. “Que Bom Amigo” (Milton Nascimento)

Fontes de pesquisa 7

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  • BORGES, Márcio. Os Sonhos Não Envelhecem: histórias do Clube da Esquina. São Paulo: Geração Editorial, 1996.
  • CLUBE da Esquina. Museu Clube da Esquina. Disponível em: http://www.museuclubedaesquina.org.br/o-movimento/clube-da-esquina/. Acesso em: 12 maio 2014.
  • DOLORES, Maria. Travessia. A vida de Milton Nascimento. 2. ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.
  • GARCIA, Luiz Henrique. Coisas que ficaram muito tempo por dizer: o Clube da Esquina como formação cultural. 160 f. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, 2000.
  • NASCIMENTO, Milton. Nova história da música popular brasileira, São Paulo, Abril,1976.
  • OLIVEIRA, Rodrigo Francisco de. Mil tons de Minas – Milton Nascimento e o Clube da Esquina: cultura, resistência e mineiridade na música popular brasileira. 136 f. Dissertação (Mestrado em Ciências Humanas) – Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia, 2006.
  • VIEIRA, Francisco Carlos Soares Fernandes. Pelas esquinas dos anos 70: utopia e poesia no Clube da Esquina. 136 f. Dissertação (Mestrado em Poética) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998.

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