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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Gilberto Gil

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 03.04.2021
26.06.1942 Brasil / Bahia / Salvador
Gilberto Passos Gil Moreira (Salvador, Bahia, 1942). Compositor, cantor e instrumentista. Sua vasta obra, além de registrar momentos históricos e movimentos musicais importantes, mescla elementos que, a princípio, podem parecer inconciliáveis, como a tradição nordestina e a modernidade do pop. O percurso artístico de Gilberto Gil tangencia a pró...

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Gilberto Passos Gil Moreira (Salvador, Bahia, 1942). Compositor, cantor e instrumentista. Sua vasta obra, além de registrar momentos históricos e movimentos musicais importantes, mescla elementos que, a princípio, podem parecer inconciliáveis, como a tradição nordestina e a modernidade do pop. O percurso artístico de Gilberto Gil tangencia a própria trajetória da música popular brasileira (MPB). 

Inicialmente, as composições de Gil oscilam entre a bossa nova e a canção de protesto. Em 1963, lança seu primeiro disco, o compacto duplo Gilberto Gil – Sua Música, Sua Inspiração. Nesse ano, cursando administração na Universidade da Bahia, conhece os irmãos Caetano Veloso (1942) e Maria Bethânia (1946), além de Gal Gosta (1945) e Tom Zé (1936). Juntos estreiam o show Nós, por Exemplo (1964).

Muda-se para São Paulo, em 1965, para trabalhar no escritório da indústria Gessy Lever, mas, depois do sucesso da música “Louvação”, na voz da cantora Elis Regina (1945-1982), em 1966, abandona o emprego para se dedicar à música. Em 1967, grava seu primeiro LP, de mesmo título da canção. 

Ainda em 1967 participa da passeata contra a presença da guitarra elétrica na música brasileira, organizada pela Frente Única da MPB em reação à jovem guarda. Porém, logo rompe com o movimento, e inaugura uma nova fase em sua carreira, em que passa a questionar a “pureza” da cultura popular. Integra-se ao movimento tropicalista, que defende a modernização da música brasileira por meio da incorporação antropofágica da cultura pop estrangeira, da arte de vanguarda e da chamada “corrente brega nativa”. “Domingo no Parque”, canção que fica em segundo lugar no 3º Festival da Música Popular Brasileira, da TV Record, em 1967, funde as sonoridades de um berimbau às guitarras elétricas da banda Os Mutantes; a cantiga folclórica à composição cinematográfica da letra; e os elementos regionais baianos ao arranjo experimental do compositor Rogério Duprat (1932-2006). Com os amigos baianos, participa do álbum Tropicália ou Panis et Circensis (1968). 

No final de 1968, com a repressão política, é preso por dois meses e, em 1969, parte para o exílio em Londres, retornando ao Brasil apenas em 1972. A prisão e o exílio iniciam a fase eclética, em que Gil se aproxima da cultura pop dos Beatles e de Jimi Hendrix (1942-1970) e de certo esoterismo filosófico. Trata da relação entre consciência humana e cibernética em “Cérebro Eletrônico” (1969); das coisas transcendentes em “Copo Vazio” (1974); e dos estados alterados de consciência, como a viagem no tempo aludida na canção “Expresso 2222”, que dá nome ao disco lançado em 1972

Os anos 1970 marcam um engajamento com a negritude, sobretudo após a participação no Festival Mundial de Arte Negra, na Nigéria, em 1976. A canção “Refavela”, nome de um LP de 1977, aproxima a população negra nigeriana à das favelas cariocas. 

A busca de uma identidade afro-americana também aproxima Gilberto Gil do reggae, como na versão de “No Woman No Cry” (1979), de B. Vincent, cuja letra (“Não Chore Mais”) é associada ao clima da anistia política e à volta dos exilados ao Brasil. Desde então, o ritmo jamaicano está presente em sua obra, em clássicos como “A Raça Humana”, “Vamos Fugir” (ambas de 1984), e “A Novidade” (1986), e também no disco Kaya N’Gan Daya (2002), em que homenageia o cantor e compositor jamaicano Bob Marley (1945-1981).

Sempre pronto a captar novas ideias e sonoridades, Gilberto Gil preserva o frescor da criação, num diálogo com a juventude que atravessa gerações. Nos anos 1980, é  secretário da Cultura e vereador de Salvador e vive a fase pop da carreira, em álbuns como Um Banda Um (1982), Raça Humana (1984), Dia Dorim Noite Neon (1985) e O Eterno Deus Mu Dança (1989). Nessa época, flerta com as discotecas, como na canção “Realce” (1979), e com o rock nacional, em “Pessoa Nefasta” (1984). 

Antevê a revolução das comunicações no mundo globalizado em “Parabolicamará” (1992) e saúda a rede mundial em “Pela Internet” (1997). É o primeiro artista brasileiro a abrir um canal no YouTube, em 2008, e a disponibilizar sua produção em seu website, defendendo formas alternativas de licenciamento de obras, como o Software Livre, o Copyleft e o Creative Commons.

Nos anos 2000, além de exercer o cargo de ministro da Cultura (2003-2008), retoma elementos musicais nordestinos, voltando às suas primeiras influências, como Jackson do Pandeiro (1919-1982) e Luiz Gonzaga (1912-1989). Compõe xotes e baiões e regrava clássicos do gênero em discos como As Canções de Eu Tu Eles (2000), trilha do filme de Andrucha Waddington (1970), e São João Vivo! (2001). Volta a compor no final da década, manifestando a cultura nordestina nos discos Banda Larga Cordel (2008) e Fé na Festa (2010). 

Uma importante contribuição de Gil para a música popular brasileira é o toque de violão, ritmado e enérgico, que se torna sua marca desde Expresso 2222. Explorando diferentes batidas, confere ao instrumento um swing, presente do samba ao xote, do reggae ao rock. Produz o mesmo efeito com a voz ao deslocar acentos, variar figuras rítmicas e acelerar ou retardar em certas passagens, como em seu samba “Aquele Abraço” (1969), com seus breques, síncopas, gingado e improvisos.

O diálogo do pop estrangeiro com as tradições brasileiras e o engajamento em questões políticas, sociais e estéticas do Brasil fazem de Gilberto Gil uma referência da música nacional. 

Obras 6

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Espetáculos 13

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Exposições 2

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Fontes de pesquisa 12

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  • A Descoberta do Luxo, do Som e do Lixo. Palco e Platéia, São Paulo, ano III, no. 14, p. 6, março de 1972. Não catalogado
  • ARENA conta Tiradentes. São Paulo: Teatro de Arena, 1967. 1 programa do espetáculo realizado no Teatro de Arena. Não catalogado
  • BRITO, Eleonora Zicari. A música popular brasileira nos conturbados anos de chumbo: entre o engajamento e o desbunde. Projeto História, n. 43, p. 139-160, 2011. Disponível em: http://revistas.pucsp.br/revph/article/view/6854. Acesso em: 16 ago. 2020.
  • CAMPOS, Augusto de. Balanço da Bossa e outras bossas. 2. ed. rev. e ampl. São Paulo: Perspectiva, 1974. p. 63.
  • COHN, Sérgio. Gilberto Gil. Rio de Janeiro: Azougue Editorial, 2007.
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Edélcio Mostaço]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos. Não Catalogado
  • GIL, Gilberto. Gilberto Gil. Org. de Fred de Góes. Com colaboração de Lauro Góes e Nelson Motta. São Paulo-Brasil: Abril Educação, 1982. (Literatura Comentada).
  • GIL, Gilberto. Gilberto Gil: Todas as letras, incluindo letras comentadas pelo compositor. Organização de Carlos Rennó. Ed. revisada e ampliada. São Paulo: Cia das Letras, 2003.
  • GIL, Gilberto. Gilberto bem perto. Organização de Regina Zappa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
  • GILBERTO GIL. Site oficial do artista. Disponível em: < www.gilbertogil.com.br >. Acesso em: 13 set. 2016.
  • OS DOCES Bárbaros. Direção: Jom Tob Azulay. Com Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil e Maria Bethânia. Reedição do filme em 35mm lançado em 1978. Rio de Janeiro: Biscoito Fino, 2008. 1 DVD.
  • PEREIRA, Simone Luci. Entre refazendas, refavelas e refestanças: aspectos da trajetória de Gilberto Gil. In: VALENTE, Heloisa de A. D.; SANTIAGO, Ricardo. O Brasil dos Gilbertos: notas sobre o pensamento (musical) brasileiro. São Paulo: Letra e Voz, 2001. p. 107-127.

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