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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Danilo Caymmi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 21.10.2022
07.03.1948 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Danilo Cândido Tostes Caymmi, (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1948). Cantor, flautista, compositor e violonista é filho mais novo do compositor baiano Dorival Caymmi com a cantora Stella Maris e irmão do também músico Dori Caymmi e da cantora Nana Caymmi.

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Danilo Cândido Tostes Caymmi, (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1948). Cantor, flautista, compositor e violonista é filho mais novo do compositor baiano Dorival Caymmi com a cantora Stella Maris e irmão do também músico Dori Caymmi e da cantora Nana Caymmi.

Começa a tocar flauta transversal de maneira informal aos 11 anos de idade, estuda o instrumento com as professoras Lenir Siqueira e Odette Ernest Dias e teoria musical com Felícia Wang. Aprende violão com o irmão Dori. Ingressa na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1966, mas abandona o curso quarto anos depois.

Grava seu primeiro trabalho profissional como flautista no disco Caymmi Visita Tom (1964) ao lado dos irmãos. Participa do II Festival Internacional da Canção Popular em 1968, levando o terceiro lugar com Andança, parceria com Edmundo Souto e Paulinho Tapajós, defendida por Beth Carvalho e o grupo Golden Boys. No ano seguinte, vence o Festival de Juiz de Fora (MG) com a canção Casaco Marrom parceria com Renato Corrêa e Gutemberg Guarabyra interpretada por Evinha, do Trio Esperança.

Grava flauta e voz no disco Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta (1973). Lança de maneira independente seu primeiro disco solo Cheiro Verde (1977) produzido com a então esposa Ana Terra. Em seguida, lança três discos com os irmãos e com a participação do pai, revisitando a obra de Dorival: Caymmi’s Grandes Amigos (1986), Dori, Nana, Danilo e Dorival Caymmi (1987), gravado ao vivo no Rio de Janeiro e Família Caymmi em Montreaux (1991), registro da apresentação no Festival de Jazz de Montreaux na Suiça. 

Ingressa em 1984 na Banda Nova de Tom Jobim como flautista e cantor e o acompanha em gravações de discos e em turnês nacionais e internacionais por 10 anos.

Lança o disco Danilo Caymmi (1992), com composições em parceria com Dudu Falcão. Entre as músicas destacam-se O Bem e o Mal, trilha sonora da novela Riacho Doce (1990) da Rede Globo, Vamos Falar de Tereza parceria com o pai e Verso de Bolero também trilha da minissérie Tereza Batista Cansada de Guerra (1992) baseada no romance de mesmo nome do escritor baiano Jorge Amado (1912-2001)

Grava Danilo Caymmi (1994), Sol Moreno (1995), Mistura Brasileira (1997) e Eu, Você, Nós Dois (1999), com suas composições, além de Dorival Caymmi, Tom Jobim e outros como Oswaldo Montenegro, Roberto Menescal, Marcos Valle e Lenine.

Revisita músicas de novela em Trilhas – Os Mais Bonitos Temas da TV Brasileira (2001), interpretando compositores como Ivan Lins (1945) e Adriana Calcanhotto (1965). Com Manu Lafer, lança O Patriota (2004) mesmo ano em que gravou Para Caymmi, de Nana, Dori e Danilo em homeagem aos 90 anos do pai. Falando de Amor (2005) é gravado em parceria com seus irmãos, além de Paulo e Daniel Jobim, o disco é dedicado a obra de Tom Jobim. Grava também Danilo Caymmi e Amigos (2009) e Alvear (2011). Em 2013, participa com as irmãs Nana e Dori do disco tributo Caymmi.

Análise

Danilo Caymmi faz parte de músicos de uma geração que teve como grande influência a bossa nova, a música de Dorival Caymmi e o jazz norte-americano. Nomes como os flautistas Hubert Laws, Herbie Mann e Bud Shank, foram importantes no seu processo como flautista. 

Consegue por meio dos festivais de canção projetar o inicio de sua carreira. Convive nos anos 70 com músicos mineiros do grupo do Clube da Esquina. Esse intercâmbio entre Rio de Janeiro e Minas Gerais resultou em uma sonoridade harmonica característica. Um exemplo desta fase é a canção Ponta Negra do disco Beto Guedes, Danilo Caymmi, Novelli e Toninho Horta (1973), que apresenta este estilo harmônico e seu canto é sussurado a maneira da bossa nova de João Gilberto.

Embora tendo ganhado terceiro lugar no II Festival Internacional da Canção Popular em 1968 com Andança, e estando envolvido como instrumentista em projetos com vários nomes consagrados. Danilo em primeiro momento não encontrou espaço para desenvolver seu trabalho solo junto as grandes gravadoras. Entretanto, lançou com a esposa Ana Terra de maneira independente o disco Cheiro Verde (1977), seu primeiro trabalho solo. Nomes como Antônio Adolfo, Francisco Mário, Manoel da Conceição e Oswaldo Montenegro também eram músicos independentes e se uniram levantando questões sobre o gerenciamento de suas carreira. Esse fato levou com que o jornalista Tarik de Souza no Jornal do Brasil, nomeasse essa movimentação independente da época de MPB-A, música popular brasileira alternativa. 

Em Cheiro Verde, Danilo se dedica ao samba-jazz, destacando-se as faixas Aperta Outro e Racha Cartola. O estilo de suas letras muda bastante entre o trabalho de 1973 e o de 1977. Antes, com a temas de canções de protesto, cantava em Ponta Negra: “Trabalhar de sol a sol / não é mais do que escravidão / mas vou tentar”. Já em Botina, faixa 7 de Cheiro Verde, essa dureza se perde e o trabalhador é construído em cima de descrições sensoriais, um cheiro, um barulho, um gosto, mais próximo de como Dorival Caymmi descreve os pescadores e a situação do trabalho em sua obra.

Os filhos de Dorival desde muito cedo estiveram em contato direto com a família Jobim, seja em reuniões familiares ou na gravação de discos. São muitos os trabalhos feitos por eles em que o repertório Caymmi – Jobim é revisitado. Danilo foi integrante da Banda Nova de Tom por 10 anos e gravou com ele os discos Passarim (1987), Tom Jobim Inédito (1987), Rio Revisited (1987), Tom canta Vinícius (1990) e Antônio Brasileiro (1994), além dos inúmeros shows no país e fora. Essa parceria se estendeu até depois da morte de Tom, via filhos Daniel e Paulo Jobim, como no disco Falando de Amor (2005).

Incentivado por Tom Jobim é nesta época que ele se especializa como cantor. Ele adquire o grave característico e herdado do sobrenome e o fraseado de sua flauta é incorporado na voz. Sua consciência de frase musical, adquirida pela prática do instrumento, são essenciais para a execução, não só das linhas principais de melodia, mas para os contracantos dos arranjos de Tom, exemplo disso é Passarim (1987). É capaz de realizar agudos de maneira leve e graves com corpo como em Samba do Avião em Tom Jobim Inédito (1987). Além de interpretações sensíveis como em Modinha no disco Tom canta Vinícius (1990). 

Seus trabalhos pós Jobim, na década de 1990, foram marcados pelos gêneros do samba no estilo bossa nova e baladas românticas. As músicas desta época foram vínculadas a trilhas de novela da Rede Globo. O Bem e o Mal e Verso de Bolero ambas de 1992, estão entre seus principais sucessos. Nas baladas destacam-se Nada a Perder de Dudu Falcão e Lenine, Ziguezagueou de Cláudio Cartier e Marco Aurélio, em 1994. Além de, Quem Dera de Carlos Lyra e Da Cor do Pecado de Bororó em 1999.

O disco O Patriota tem parcerias com Manu Lafer, nele arranjos mais modernos incorporam programações eletrônicas feitas por Guilherme Kastrup como em Ou Mal Me Quer e É Melhor, porém sem perder a tradição da mpb. O álbum possui um lado mais pop observado em arranjos como em Cândido, interpretada por Manu Lafer. Outro destaque é Insônia cantada por Ná Ozetti. Alvear (2011) tem como tema as migrações tanto de deslocamento quanto existenciais. Aponta para o assunto da busca interior, da constante renovação e segue na mesma linha da experimentação de O Patriota. Em Okê Arô parceria com Arthur Verocai ele canta “eu vim de muito longe até aqui / eu vim de muitos sonhos, me perdi / do homem sonhador / só resta o caçador / que caça caça caça/ okê aro” – expressando a vontade da procura. Destacam-se também o blues da canção Alvear de Danilo e Ronaldo Bastos, o ritmo ternário de Painel composta em parceria com a filha Alice Caymmi e Paulo César Pinheiro. 

Outro universo recorrente é o trabalho como interprete do repertório do pai. Acompanhado pelos irmãos na maioria das vezes, nestes trabalhos Dorival é revisitado e reelaborado em arranjos mais sofisticados que misturam samba baiano tradicional com arranjos de elementos sutis de jazz e visão orquestral ao estilo de Tom Jobim. Podemos apontar três discos Caymmi’s Grandes Amigos (1986), Para Caymmi, de Nana, Dori e Danilo (2004) e Caymmi (2013). Neles, ora na flauta ora no canto, Danilo divide as melodias muitas vezes com Dori, ambos tem um timbre de voz parecido, o que ajuda a timbrar o arranjo. 

É na obra do pai que Danilo e Dori acham um ponto comum. No entanto, enquanto Dori é ligado as tradições da bossa nova e do jazz, e sua obra tenta preservar esses elementos, Danilo é dos filhos Caymmi o mais adepto da reinvenção,  buscando estilos novos de compor e tem sua irmã Nana, como sua maior intérprete. Sempre versátil como flautista, cantor, arranjador e compositor, sua carreira consegue refletir isso. Seja como intérprete do pai, cantor e flautista de Tom, intérprete romântico de canções de novela, ou na busca da experimentação, embora dentro da tradição de que faz parte.

Obras 4

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Espetáculos 1

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Fontes de pesquisa 10

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  • ALMEIDA, Ricardo Porto de. Como gravar sem restringir a criação. O Estado de São Paulo, São Paulo, 7 jul. 1979. Geral. p.16.
  • ANHANGUERA, James. No Brasil, o futuro já era. Folha de São Paulo, São Paulo, 17 março 1984. Ilustrada. p.45.
  • ARAGÃO, Helena. A benção, Dorival Caymmi. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 24 março 2004. Caderno B. p.B1.
  • CALABAR, o Elogio da Traição. São Paulo: Othon Bastos Produções Artísticas, 1980. 1 programa do espetáculo realizado no Theatro São Pedro. Não catalogado
  • DANILO CAYMMI. Site da produção do artista. São Paulo, 2014. Disponível em: http://www.arterumo.com.br/danilocaymmi/. Acesso em: 05 set. 2019.
  • Discos do Brasil, Maria Luiza Kfouri. Disponível em: www.discosdobrasil.com.br. Acesso em: 13 maio. 2014. Acesso em: 13 mai. 2014.
  • JOE, Jimi. Uma só noite para ouvir Caymmi. O Estado de São Paulo, São Paulo, 21 abr.1993. Caderno 2. p.55.
  • LEDESMA, Vilmar. Danilo Caymmi canta as trilhas que fez para a TV. O Estado de São Paulo, São Paulo, 3 set. 1992. Caderno 2. p.54.
  • MARTINS, Eduardo. Alem de todos os modismos. O Estado de São Paulo, São Paulo, 25 set. 1986. Caderno 2. p.85.
  • PAIANO, Enor. Produção conta com amigos e filhos do musico. O Estado de São Paulo, São Paulo, 11 nov. 1994. Caderno 2. p.40.

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