Jorge Amado

Jorge Amado, 1972
Texto
Jorge Leal Amado de Faria (Itabuna, Bahia, 1912 – Salvador, Bahia, 2001). Escritor. Jorge Amado é um dos maiores escritores da segunda geração modernista. Notabiliza-se por narrar a realidade social do Nordeste brasileiro, em especial o cotidiano das pequenas cidades sertanejas, assoladas pela seca, pela miséria e pela violência dos grandes proprietários de terras.
Na infância, vive com a família em Ilhéus, cidade baiana que retrata em alguns de seus romances. Em 1930, muda-se para o Rio de Janeiro para estudar na Faculdade de Direito. Trabalha como jornalista e escreve o seu primeiro romance, O País do Carnaval (1931), publicado quandoo escritor tem 19 anos. Já no princípio da carreira literária, Jorge Amado insere-se na tendência regionalista e define os elementos básicos de sua prosa narrativa, como o realismo social, os conflitos políticos, o folclore, as crenças e os costumes populares.
A economia cacaueira de Ilhéus é o pano de fundo de diversos romances de sua primeira fase, como Cacau (1933), que retrata a exploração dos trabalhadores rurais. O romance é censurado e tem exemplares apreendidos.
Nos anos seguintes, publica romances de temática urbana: Suor (1934), Jubiabá (1935), Mar Morto (1936) e Capitães de Areia (1937), que adotam um modelo narrativo e ideológico próximo ao do realismo socialista, modelo estético e ideológico desenvolvido na União Soviética na década de 1930. Essa tendência literária, baseada nas formas de narração tradicionais do século XIX, quer não apenas denunciar as injustiças sociais, em especial a exploração da classe operária pela burguesia, mas também apontar a necessidade de uma solução revolucionária que emancipe as camadas oprimidas da sociedade. O caráter manipulador e reducionista dessa proposta é evidente. O crítico literário Antonio Candido (1918-2017) afirma que "nesses romances há um intuito ideológico ostensivo demais, que, por não ser incorporado como elemento necessário à composição, parece com frequência superposição indigerida".
Em Terras do sem Fim (1942) retorna o pano de fundo do interior rural, obra em que autor aborda a disputa entre dois grandes fazendeiros, o coronel Horácio da Silveira e Sinhô Badaró; e São Jorge dos Ilhéus (1944), que narra a falência dos coronéis pela queda vertiginosa do preço do cacau. Terras do sem Fim é aclamado como um dos livros mais bem realizados de nossa literatura na década de 1940. Em História Concisa da Literatura Brasileira, Alfredo Bosi (1936-2021) cita Terras do Sem Fim e São Jorge dos Ilhéus como "afrescos da região do cacau, certamente suas invenções mais felizes".
Dois outros romances com forte cunho ideológico são Jubiabá (1935), saga de um lutador de boxe que se transforma em líder grevista, e Capitães de Areia (1937), que conta a história de um grupo de garotos que vivem de malandragem e pequenos furtos.
Entre 1936 e 1937, o autor sofre duas prisões por motivos políticos e novamente tem os seus livros apreendidos. Em 1941, para escapar da perseguição do Estado Novo, exila-se na Argentina e começa a redigir a biografia do líder comunista Luís Carlos Prestes (1898-1990), O Cavaleiro da Esperança (1942).
Em 1945, é eleito deputado federal pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) e participa da Assembleia Constituinte, mas três anos depois o partico é colocado na ilegalidade e o escritor tem seu mandato cassado. Entre 1948 e 1956, viaja por diversos países, como França, Tchecoslováquia (atual República Tcheca) e União Soviética (atual Rússia), experiência que relata no livro O Mundo da Paz (1951).
Em 1956, retorna ao Brasil e publica seu romance mais popular, Gabriela, Cravo e Canela (1958). Com ele inicia uma nova fase romanesca, em que, segundo Álvaro Cardoso Gomes (1944), "abandona a ficção engajada e adentra cidades baianas, carregadas de lirismo, que mostram casos pitorescos e característicos. Verifica-se também substancial mudança na linguagem, que descobre suas raízes populares, recebendo influências da literatura de cordel e tornando-se mais viva e sensual". Entre as narrativas mais originais da segunda fase do autor, podemos citar Quincas Berro d'Água (1961), em se afasta dos padrões lógicos do realismo e incorpora o elemento fantástico-sobrenatural para contar a saga de um funcionário público oprimido pela família que se envolve com bebida, prostituição, vadiagem e alcança o feito de morrer duas vezes.
Jorge Amado é eleito para a Academia Brasileira de Letras, em 1961. Volta a residir na Bahia em 1963.
A crônica social da vida baiana narrada nessa fase inclui títulos como Dona Flor e seus Dois Maridos (1967), Teresa Batista Cansada de Guerra (1973) e Tieta do Agreste (1977), livros bem recebidos pelos leitores e adaptados para teatro, cinema e televisão, embora pouco apreciados pela crítica literária, que aponta a superficialidade nessas fábulas populares. Alfredo Bosi afirma que, na nova fase, Jorge Amado oferece ao leitor "glutão" "pieguice e volúpia em vez de paixão, estereótipos em vez de trato orgânico dos conflitos sociais, pitoresco em vez de captação estética do meio, tipos 'folclóricos' em vez de pessoas, descuido formal a pretexto de oralidade".
O escritor recebe numerosos prêmios literários, entre os quais se destaca o Prêmio Camões (1995), pelo conjunto da obra. Em sua última viagem a Paris, em 1998, recebe o título de doutor honoris causa pela Universidade de Sorbonne.
Jorge Amado entra para a história da literatura brasileira como um dos grandes nomes do modernismo e as suas narrativas seguem até os dias de hoje vivas no imaginário coletivo nacional.
Obras 22
Espetáculos 12
Exposições 8
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26/10/2001 - 14/1/2000
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30/11/2003 - 2/3/2002
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27/5/2008 - 24/8/2008
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21/8/2008 - 12/10/2008
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25/7/2011 - 25/8/2011
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 4
- COMPANHIA BAIANA DE PATIFARIA. Site oficial do grupo. Disponivel em: http://www.ciadepatifaria.com.br. Acessado em: 12 set. 2012. Não catalogado
- Catálogo de 15 anos de Ponto de Partida - 1995. Não catalogado
- Jorge Amado, Angelina Muniz, Dona Flor e Seus Dois Maridos juntos no Brigadeiro. Palco e Platéia, São Paulo, ano 0, julho de 1985. Não catalogado
- RAMOS, Fernão Pessoa; MIRANDA, Luiz Felipe (Orgs). Enciclopédia do cinema brasileiro. São Paulo: Senac, 2000. R791.430981 E56
Como citar
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JORGE Amado.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa4164/jorge-amado. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7