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Enciclopédia Itaú Cultural
Literatura

Zuenir Ventura

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 14.03.2022
01.06.1931 Brasil / Minas Gerais / Além Paraíba
Zuenir Carlos Ventura (Além Paraíba, Minas Gerais, 1931). Escritor e jornalista. Em sua produção, retrata com apuração a realidade, a desigualdade, e os movimentos sociais e políticos por meio do jornalismo investigativo, da escrita literária e da crônica. 

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Zuenir Carlos Ventura (Além Paraíba, Minas Gerais, 1931). Escritor e jornalista. Em sua produção, retrata com apuração a realidade, a desigualdade, e os movimentos sociais e políticos por meio do jornalismo investigativo, da escrita literária e da crônica. 

Muda-se para o Rio de Janeiro, e, em 1955, ingressa na Faculdade Nacional de Filosofia, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Forma-se em 1958 em letras neolatinas. Nesse período, trabalha como redator de A História em Notícia, obra editada pelo jornalista Amaral Netto (1921-1995), e como arquivista na Tribuna da Imprensa. Por influência de Carlos Lacerda (1914-1977), então diretor do jornal, transfere-se para a redação. Em 1959, ganha bolsa de estudos do governo francês e estuda no Centro de Formação de Jornalistas, em Paris, onde atua como correspondente da Tribuna da Imprensa

De volta ao Brasil, torna-se editor internacional do Correio da Manhã e leciona na Escola Superior de Desenho Industrial da UFRJ, da qual é um dos fundadores. Nos anos seguintes, trabalha nas revistas O Cruzeiro e Visão. Sob a acusação de subversão, é preso em 1968 pelo governo militar, e, após ser libertado, em 1969, escreve para a Editora Abril uma série de reportagens com o título Os Anos 60: A Década que Mudou o Mundo. 

Volta para a revista Visão em 1971, onde atua como chefe de redação até 1977, ano em que passa a trabalhar na revista Veja. Em 1981, é diretor da sucursal da IstoÉ, e é convidado para reformular o Jornal do Brasil em 1985, onde permanece até 1999. 

Em 1988, publica o livro 1968, o Ano que Não Terminou. Sobre a obra, a crítica literária Heloísa Buarque de Holanda (1939) chama a atenção para o que considera a qualidade primeira do autor, a extrema habilidade de escuta: “A entrevista aqui não parece dirigida tão somente para o levantamento preciso de dados e fatos. [...] Descobre, na inflexão inevitavelmente ficcionalizada da memória, nostalgias, ressentimentos, desejos, sonhos, frustrações”1

Trata-se de um procedimento que ultrapassa uma pretensa objetividade jornalística, e dirige o olhar do leitor para aspectos específicos dos acontecimentos. Nesse primeiro livro, se, por um lado, no desenrolar da reportagem o autor sente-se à vontade para explorar, com base na voz de diferentes personagens, a variedade de pontos de vista de um mesmo fato, por outro, não dissipa a agilidade narrativa, que vai se desenvolvendo a partir de pequenas unidades, ora centradas em um acontecimento, ora na caracterização de um personagem relevante. 

Em 1989, sua série de reportagens O Acre de Chico Mendes vence os prêmios Esso de jornalismo e Vladimir Herzog2 de direitos humanos. Em 1994 lança o livro Cidade Partida, que lhe rende o Prêmio Jabuti de Reportagem no mesmo ano. Um retrato das causas da violência no Rio de Janeiro, a obra trata da chacina de Vigário Geral. Ventura, em confluência com experimentações, muda de estilo e de estrutura narrativa, conforme a mudança de foco: na primeira parte, de caráter eminentemente histórico, procura mostrar a presença de tensões e conflitos do Rio de Janeiro na década de 1950; na segunda, o texto assume a feição de uma crônica noir, com um narrador que desvenda os acontecimentos à medida que se processam, em um território pouco conhecido, a favela, “um mundo onde a república não chegou”.

Ventura atua também como colunista no jornal O Globo, de 1999 a 2003, e na revista Época. Reúne uma série de suas histórias, desde o início de sua carreira, passando pelos anos da ditadura militar (1964-1985)3, e de memórias coletivas no livro Minhas Histórias dos Outros, publicado em 2005 e relançado em 2021. Em 2014, é eleito para a cadeira número 32 da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Com escrita apurada, Zuenir Ventura resgata a memória e a história de grandes acontecimentos no Brasil de sua época, registrando-as em seus livros e em sua vasta contribuição nos principais jornais e revistas do país.

Notas

1. HOLANDA, Heloísa Buarque de. Prefácio. In: VENTURA, Zuenir. 1968, o ano que não terminou. 3. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013. p. 20.

2. Prêmio concedido como reconhecimento ao trabalho de jornalistas e repórteres que promovem a defesa da Cidadania, dos Direitos Humanos e Sociais e da Democracia.

3. Também denominada de ditadura civil-militar por parte da historiografia com o objetivo de enfatizar a participação e apoio de setores da sociedade civil, como o empresariado e parte da imprensa, no golpe de 1964 e no regime que se instaura até o ano de 1985.

Exposições 1

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