Rita Lee
![Rita Lee, 2004 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/002643048019.jpg)
Rita Lee, 2004
Camille Kachani, Rita Lee
Placas de borracha e.v.a sobre mdf
100,00 cm x 90,00 cm
Texto
Rita Lee Jones (São Paulo, São Paulo, 1947 - Idem, 2023). Compositora, cantora, instrumentista, atriz, escritora. Rita Lee tem uma carreira musical multifacetada iniciada com os experimentalismos da primeira fase com Os Mutantes, que passam pelo rock, o blues e o hard rock, com a banda Tutti Frutti e com Roberto de Carvalho (1952) passando para a fusão de rock, pop e MPB.
Estuda piano clássico com Magdalena Tagliaferro (1893-1986) e brinca de trio vocal com as irmãs. Aos 16 anos, integra um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e participa de shows e festas em colégios. O trio é descoberto por Tony Campello (1936) e passa a fazer coro para as gravações dos Jet Blacks, Demetrius e Prini Lorez. Em 1964, junta-se ao trio masculino Wooden Faces, formando o Six Sided Rockers, depois O'Seis. Com a saída de três membros, Rita e os irmãos Arnaldo Baptista (1948) e Sérgio Dias (1950) passam a se chamar O Konjunto, depois Os Bruxos.
No programa O Pequeno Mundo de Ronnie Von, da TV Record, recebem o nome Os Mutantes, em 1966. Com Os Mutantes participa do disco Tropicália ou Panis et Circensis, em 1968, e dos festivais de música popular brasileira nas TVs Record e Globo, como por exemplo, acompanhando Gilberto Gil (1942) na canção "Domingo no Parque" no 3º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, de 1967. Em suas participações, a banda causa polêmica com suas roupas coloridas, cabelos compridos e guitarras elétricas. Sob a égide da bandeira tropicalista, Os Mutantes voltam a atuar de maneira provocativa no 3º Festival Internacional da Canção, da TV Globo, em 1968. Rita Lee surge vestida de noiva grávida para defender "Caminhante Noturno", causando reações de repúdio na plateia justamente numa música cuja letra pode ser considerada engajada por aludir às "trevas" de um período de perseguição e censura imposto pelo regime. No mesmo festival, acompanham Caetano Veloso (1942) na combativa "É Proibido Proibir" e são vaiados pelo público
Com Os Mutantes, grava os cinco discos Os Mutantes (1968), Mutantes (1969), A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970), Jardim Elétrico (1971), Mutantes e Seus Cometas no País dos Bauretz (1972). A liberdade estética dos tempos da banda acompanha a atitude de Rita Lee mesmo quando ela se dirige ao sucesso diante do público mainstream: a ênfase no humor engajado e o trânsito entre gêneros musicais nacionais e estrangeiros estão sempre presentes, mesmo em seus trabalhos de teor mais roqueiro ou pop.
Com a banda Tutti Frutti, a postura de palco de Rita explora o lado sensual em performances inspiradas no glitter rock de David Bowie (1947-2016), mais condizentes com a de um superastro. Isso se reflete no uso cuidadoso de maquiagem, roupas e adereços identificados com a "modernidade" da época; e numa postura mais centralizadora sob os holofotes, cantando todas as músicas e manejando instrumentos variados. Nesse momento, favorecida pelo acompanhamento de instrumentistas íntimos da linguagem do rock, como o baixista Lee Marcucci e o guitarrista Luis Sérgio Carlini - o solo de Carlini ao final de "Ovelha Negra" é dos mais lembrados do rock brasileiro -, Rita fixa uma imagem de musa roqueira antenada, em antagonismo com a ingenuidade das divas antecessoras como Celly Campello e Wanderléa. As letras de algumas de suas canções ajudam a criar essa sintonia, como em "Dançar pra Não Dançar", "Fruto Proibido" e "Esse tal de Roque Enrow".
O flerte com a loucura, explorado com Os Mutantes em canções como A Balada do Louco, ressurge novamente em tom de manifesto em "Luz Del Fuego". Em "Arrombou a Festa", parceria com Paulo Coelho (1947), relata, de forma cômica e ambígua, a entrada na antes engajada e excludente MPB de músicos como Raul Seixas (1945-1989), Benito de Paula (1941), Odair José (1948) e Gilberto Gil, com quem Rita canta essa música, em excursão que resulta no álbum Refestança, lançado em 1977.
Rita inicia a carreira solo com Build Up (1970), com direção musical de Arnaldo Baptista, parcerias com ele e Élcio Decário, arranjos de Rogério Duprat (1932-2006) e show com direção do dramaturgo Antonio Bivar (1939-2020); e Hoje É o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida (1972), acompanhada pelos Mutantes. Em 1973, forma com Lúcia Turnbull (1953) a dupla de folk rock, As Cilibrinas do Éden, cuja única gravação é ao vivo em São Paulo, no festival Phono 73.1 Atrás do Porto Tem uma Cidade (1974) é o primeiro disco de Rita com o grupo Tutti Frutti, que a acompanha em mais quatro álbuns.
A partir de 1979, produz seus discos em parceria com o marido, Roberto de Carvalho, com destaque para Rita Lee (1979-1980) e Saúde (1981). Na parceria, são marcantes as baladas pop românticas como as canções "Mania de Você", "Doce Vampiro" e "Amor e Sexo", que tem a letra retirada de uma crônica homônima de Arnaldo Jabor (1940-2022).
Como atriz atua no filme Dias Melhores Virão (1989), de Cacá Diegues (1940); no curta-metragem Tanta Estrela por Aí... (1992), pelo qual ganha prêmio no Festival de Cinema em Gramado; e em Durval Discos (2001), de Ana Muylaert (1964). Faz pontas nas novelas Top Model (1989) e Vamp (1991), de Antonio Calmon (1945); comanda o programa TVLeezão na MTV, em 1991; e integra o programa Saia Justa, da GNT, entre 2002 e 2004. Publica livros de temática ecológica para um público infantil: Dr. Alex - Quem Canta Conta (1986), Dr. Alex e os Reis de Angra (1988), e Dr. Alex na Amazônia (1990).
Rita Lee é uma das cantoras mais celebradas de sua geração, influenciado intérpretes de diferentes idades. Embora tenha começado sua carreira no Rock, experimentou diferentes ritmos e parcerias bem como uma atuação para além da música.
Obras 2
Rita Lee
Exposições 1
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23/9/2022 - 20/2/2021
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 13
- BARTSCH, Henrique. Rita Lee mora ao lado: uma biografia alucinada da rainha do rock. São Paulo: Panda Books, 2006.
- CALADO, Carlos. A divina comédia dos Mutantes. São Paulo: Editora 34, 2006.
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- HOJE é o primeiro dia do resto da sua vida. Produção: Arnaldo Baptista. [São Paulo]: Baratos Afins, 1985. 1 encarte, com texto de Fábio Rodrigues, da reedição do LP de 1972 lançado pela Polydor.
- MARCONDES, Marcos Antônio. Enciclopédia da música brasileira: erudita, folclórica e popular. 2. ed., rev. ampl. São Paulo: Art Editora, 1998.
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- NAVES, Santuza Cambraia. Canção Popular no Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010. 159 p. (Coleção Contemporânea).
- RIBEIRO, Julio Naves. Lugar nenhum ou Bora Bora?: narrativas do rock brasileiros anos 80. São Paulo: Annablume, 2009.
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- RITA Lee, rainha do rock brasileiro, morre aos 75 anos. G1, São Paulo, 09 maio 2023. Pop & Arte. Disponível em: https://g1.globo.com/pop-arte/musica/noticia/2023/05/09/rita-lee-rainha-do-rock-brasileiro-morre-aos-75-anos.ghtml. Acesso em: 09 maio 2023.
- SANTIAGO, Silviano. Caetano Veloso enquanto superastro. In: Uma literatura nos trópicos: ensaios sobre dependência cultural. São Paulo: Perspectiva, 1978.
- [BIOGRAFIA de Rita Lee]. UOL, São paulo, [20--]. entretenimento-música. http://www2.uol.com.br/ritalee/biografia.htm. Acesso em: 15 jul. 2011.
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RITA Lee.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa13978/rita-lee. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7