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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Emiliano Queiroz

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 04.10.2024
01.01.1938 Brasil / Ceará / Aracati
04.10.2024 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Marcus Leoni/Itaú Cultural

Emiliano Queiroz, 2022

Emiliano de Guimarães Queiroz (Aracati, Ceará, 1938 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024). Ator, diretor teatral. Versátil intérprete, constrói uma profícua carreira em diversos veículos acompanhando períodos de intensas transformações técnicas e sociais no país.

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Emiliano de Guimarães Queiroz (Aracati, Ceará, 1938 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2024). Ator, diretor teatral. Versátil intérprete, constrói uma profícua carreira em diversos veículos acompanhando períodos de intensas transformações técnicas e sociais no país.

Os primeiros contatos com trabalhos encenados acontecem na infância assistindo a cenas religiosas - que excursionavam da capital Fortaleza para o interior e o litoral - e o pastoril feito pelas famílias no período natalino. Sua família muda-se para a cidade de Russas, onde ‘estreia’ nos palcos aos cinco anos, chamando atenção por interpretar um velho de 80 anos completamente caracterizado.

Já adolescente em Fortaleza, cria um grupo de teatro na escola. As novas amizades na capital levam o artista a integrar elenco do Teatro de Arte Experimental (TEA), capitaneado por B. de Paiva (1932) e Marcus Miranda (1929-2001), que inicia uma transformação na vida cultural da cidade. Em 1954, aparece em Lampião, estreia nacional do texto de Rachel de Queiroz (1910-2003). Na mesma época, trabalha como radioator e locutor da Ceará Rádio Clube.

Bibi Ferreira (1922-2019) apresenta o repertório de sua companhia em Fortaleza e Emiliano se impressiona com os recursos de corpo e voz que a atriz consegue mobilizar. Decide, então, ir a São Paulo em busca de formação como ator. Após um resultado frustrante na Escola de Arte Dramática (EAD), onde ouve que seu sotaque seria um empecilho, participa de um curso promovido pela Federação Paulista de Teatro, onde tem contato com artistas como Augusto Boal (1931-2009) e Eugênio Kusnet (1989-1975). Começa a atuar no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) levado por Alberto D'Aversa (1920-1969). Embora a peça não chegue a estrear, conhece Flávio Rangel (1934-1988) que o convida para o elenco de O Pagador de Promessas (1960), de Dias Gomes (1922-1999), contracenando com Leonardo Villar (1923-2020), Nathália Timberg (1929) e Cleide Yáconis (1923-2013).

Em 1960, regressa para seu estado natal com o desejo de integrar a equipe da recém-inaugurada da TV Ceará e que trazia a proposta de uma programação toda feita por artistas locais. Emiliano acumula funções de diretor de comerciais, preparador de atores, roteirista e ator das novelas ao vivo. Na mesma época, retoma seu trabalho na rádio e passa a frequentar o antigo Curso de Arte Dramática (CAD) da então Universidade do Ceará[1], que conclui em 1963.

Mantém o hábito de viajar para São Paulo nas férias e, em uma dessas ocasiões, acaba selecionado para o filme O Lamparina (1964), de Amácio Mazzaropi (1912-1981). Nesse período descobre que uma nova tecnologia permite a gravação de programas - o videotape - e intui que a TV ao vivo chegaria ao fim em breve e por isso decide voltar ao Sudeste para novos desafios profissionais, quando é encaixado no elenco de Depois da Queda (1965), com Maria Della Costa (1926-2015) e Paulo Autran (1922-2007).

Apresentado à atriz Tônia Carrero (1922-2018), Emiliano é escalado para Navalha na Carne (1967), texto de Plínio Marcos (1935-1999) com direção de Fauzi Arap (1933-2013). Divide a cena com Tônia e Nelson Xavier (1941-2017) dando vida ao homossexual Veludo em uma montagem marcante por dar protagonismo a personagens historicamente à margem que desenvolvem relações violentas, reforçada pelo uso intenso de palavrões e agressões físicas. Apesar do sucesso entre crítica e público, a montagem recebe resistência de setores reacionários e foi ameaçada de censura pelo governo militar (1964-1985).

Em paralelo, Emiliano desenvolve frutífera parceria com a autora cubana Glória Magadan (1920-2001) na TV Globo. Ele aparece em títulos como Paixão de Outono (1965), Sheik de Agadir (1966) e O homem proibido (1967), antes de a escritora confiar para suas mãos a novela Anastácia, a mulher sem destino (1967), uma adaptação de folhetim francês[2].

O forte empenho nas atuações na televisão - confirmado pelo retorno positivo do público - permite a confiança de autores como o casal Janete Clair (1925-1983) e Dias Gomes, que presentearam Emiliano com personagens importantes em novelas de alcance nos anos 1970. São exemplos dessa época Verão Vermelho (1970) e O Bem Amado (1973), de Gomes; Irmãos Coragem (1970), Selva de Pedra (1972), Pecado Capital (1975) e Pai Herói (1979), de Janete.

Dá vida à personagem Geni na primeira montagem de A Ópera do Malandro (1978), um texto de Chico Buarque (1944) dirigido por Luís Antônio Martinez Corrêa (1950-1987). A composição da travesti que vivia na prostitução é marcada por intenso trabalho corporal aliando influências do carnaval carioca com os teatros Nô e Kabuki - cujas técnicas o artista aprende no Japão -, inspiração que também determinava as expressões faciais de Geni em uma tentativa de expor no rosto todas as emoções.

Dos anos 1980 em diante, continua marcando presença na televisão com participações em trabalhos que conseguem repercussão pela qualidade artística e que se aproximam por terem a literatura e a dramaturgia como base. Esteve em O Pagador de Promessas (1988) - versão para TV da sua primeira peça de teatro em São Paulo, Hilda Furacão (1998), Chiquinha Gonzaga (1999), A Muralha (2000) e Hoje é dia de Maria (2005). A diversidade de temas trabalhados e de épocas representados nessas obras evidencia a disposição de Emiliano de movimentar sua criação como intérprete, desde o histórico a elementos da cultura popular.

Vive experiências no cinema, embora em menor quantidade que em outros veículos. Participa de produções nos anos 2000 que contribuem para o restabelecimento do cinema nacional com foco na qualidade e ganhando espaço no mercado internacional. São dessa época trabalhos como Madame Satã (2002), de Karim Aïnouz (1966), e Casa de Areia (2005), de Andrucha Waddington (1970).

Com mais de 70 anos de carreira e sem temer o que é novo, Emiliano Queiroz constrói uma trajetória marcada pela diversidade de gêneros em rádio, TV, cinema e teatro. De forma comprometida, constrói personagens de maneira minuciosa que busca fugir dos maneirismos e dar profundidade aos mais diversos tipos.

Notas

[1] Fundada em 1954, a Universidade do Ceará passa a se chamar Universidade Federal do Ceará (UFC) em 1965 em um movimento de padronização dos nomes das instituições federais.

[2] A resposta da audiência é negativa mesmo com a grande quantidade de atores no elenco. Tornou-se célebre a ajuda de Janete Clair, convocada para solucionar os furos na história: um terremoto elimina mais de 300 personagens.

Espetáculos 58

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Mídias (1)

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Emiliano Queiroz - série Cada Voz (2022)
O ator Emiliano Queiroz relembra como a vocação para o teatro chegou a ser confundida com o sacerdócio. Testemunha privilegiada do teatro brasileiro e suas transformações a partir dos anos 1950, em Fortaleza, no Rio de Janeiro e em São Paulo, da violência na ditadura e do desenvolvimento da TV brasileira, Emiliano se apresenta com a serenidade da velhice, contemplando uma vida dedicada a seus personagens.

Cada voz
A série “Cada voz” é um projeto da "Enciclopédia Itaú Cultural" com registros de depoimentos de artistas de diferentes áreas de expressão, como literatura, música, teatro e artes visuais. Conduzidos pelo fotógrafo Marcus Leoni, os vídeos capturam o pensamento dos artistas sobre seu processo de criação e sua visão sobre a própria trajetória. Os registros aproximam o público do artista, que permite a entrada no camarim, no ateliê ou na sala de escrita.

ITAÚ CULTURAL

Presidente: Alfredo Setubal
Diretor: Eduardo Saron
Gerente do Núcleo Enciclopédia: Tânia Rodrigues
Produção de conteúdo: Pedro Guimarães
Gerente do Núcleo Audiovisual: André Furtado
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Amanda Lopes
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Montagem: Renata Willig
Interpretação em Libras: FFomin Acessibilidade e Libras (terceirizada)

O Itaú Cultural integra a Fundação Itaú para Educação e Cultura. Saiba mais em fundacaoitau.org.br.

Fontes de pesquisa 10

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