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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Tônia Carrero

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 23.08.2024
23.08.1922 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
03.03.2018 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Reprodução fotográfica Fredi Kleemann

Apassionata, 1952
Fredi Kleemann, Tônia Carrero
Matriz-negativo
Arquivo de Multimeios/Divisão de Pesquisa/IDART

Maria Antonietta Portocarrero Thedim (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1922 - idem 2018). Atriz. De beleza e personalidade marcantes, firma-se, ao longo do tempo, como uma intérprete madura, capaz de realizar papéis versáteis e atrair grande público. Tônia Carrero torna-se uma atriz de prestígio ao construir repertório notável em cinema, teatro e...

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Maria Antonietta Portocarrero Thedim (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1922 - idem 2018). Atriz. De beleza e personalidade marcantes, firma-se, ao longo do tempo, como uma intérprete madura, capaz de realizar papéis versáteis e atrair grande público. Tônia Carrero torna-se uma atriz de prestígio ao construir repertório notável em cinema, teatro e TV durante seis décadas de carreira.

Vinda de uma família tradicionalmente militar, Tônia sai de casa ao casar-se com Carlos Arthur Thiré (1917-1963) e, em 1941, se forma em Educação Física. Após o nascimento de seu único filho, Cecil Thiré (1943-2020), contraria as expectativas sociais e decide investir na sua formação como atriz em um rápido curso com Jean-Louis Barrault (1910-1994) durante temporada em Paris.

Ao retornar para o Brasil faz pontas em alguns filmes, e, em 1949, estreia profissionalmente nos palcos com a comédia Um Deus Dormiu Lá em Casa, de Guilherme Figueiredo (1915-1997), com direção de Silveira Sampaio (1914-1964). O espetáculo marca também a estreia profissional de Paulo Autran (1922-2007), que se torna seu grande amigo e parceiro de cena. Já em seu primeiro trabalho, recebe o prêmio de atriz revelação pela Associação de Críticos Cariocas.

Em 1951, muda-se para São Paulo contratada pela Companhia Cinematográfica Vera Cruz como aposta para estrelar suas grandes produções. A Vera Cruz investe em uma modernização do cinema nacional e Tônia ocupa o lugar de diva de alguns dos filmes fortemente inspirados pela estética da Hollywood da época. Seu principal sucesso foi Tico-Tico no Fubá (1952), início de sua longa parceria com o diretor Adolfo Celi (1922-1986), onde protagoniza um par romântico com o ator Anselmo Duarte (1920-2009). Tem também grande destaque protagonizando Apassionata (1952) e É Proibido Beijar (1954).

Com a falência da Vera Cruz, Tônia volta a se dedicar ao teatro, estreando com sucesso no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC) em Uma Certa Cabana (1953), de André Roussin (1911-1987). Sua curta trajetória no TBC foi marcada pelo contato com as técnicas de criação de teatro moderno em voga na Europa trazidas ao Brasil sobretudo por diretores italianos para trabalhos na companhia, com interesses voltados para o cuidado com a encenação e a construção da personagem. Na companhia, tem também a oportunidade de trabalhar com uma de suas maiores inspirações, a atriz Cacilda Becker (1921-1969).

Desliga-se da companhia paulista para fundar junto a Adolfo Celi, agora seu marido, e Paulo Autran a Companhia Tônia-Celi-Autran (CTCA). Em 1956 o grupo estreia com Otelo, de William Shakespeare (1564-1616), em que Tônia faz uma elogiada Desdêmona. Aperfeiçoando seu ofício com um repertório moderno e eclético, Tônia aposta ainda, como sócia da empresa, na preparação do elenco, focando no trabalho do ator com intensos treinos físicos e vocais. Sob a direção de Celi, atua, entre outros, em: Entre Quatro Paredes, de Jean-Paul Sartre (1905-1980), de 1956; Frankel, de Antônio Callado (1917-1997), de 1957; e Calúnia, de Lillian Hellman (1905-1984), de 1958.

Em 1965, sem a estrutura da CTCA e sem a presença de Adolfo Celi, que guia e impulsiona o início de sua carreira, Tônia cria a sua própria empresa, a Companhia Tônia Carrero, que não é mais um conjunto estável, mas uma firma de composição maleável que viabiliza diversas montagens protagonizadas pela estrela, reafirmando sua posição de atriz-empresária.

Alcança um ponto alto em sua carreira com Neusa Suely, personagem principal de Navalha na Carne (1967) de Plínio Marcos (1935-1999). Sob a vigorosa direção de Fauzi Arap (1938-2013), Tônia choca ao se despir da sua proverbial beleza e elegância para mergulhar fundo no sofrimento e nas humilhações de uma prostituta, consagrando-se com o prêmio Molière de melhor atriz. Em 1970, volta a ser dirigida por Fauzi, experimentando, junto a Paulo Autran, um drástico insucesso com Macbeth, de Shakespeare. 

Seduzida pela TV, a atriz protagoniza a telenovela Sangue do Meu Sangue (1969) na TV Excelsior, que lhe rende o Troféu Roquette Pinto, prêmio relacionado aos profissionais da televisão e da rádio. A partir daí, segue com participações marcantes em diversas emissoras até os anos 1990, em paralelo aos seus trabalhos no teatro. Destacam-se Pigmalião 70 (1970) e Água Viva (1980), ambas da Rede Globo; e sua participação na segunda versão de Sangue do Meu Sangue (1995) no SBT.

Sua trajetória revela ainda um constante desejo de se desafiar com diretores distintos. Interpreta Nora em Casa de Bonecas, de Henrik Ibsen (1828-1906), em 1971, seu primeiro trabalho sendo dirigida por seu filho, o ator e diretor Cecil Thiré. Ainda com ele, em 1974, comemora seus 25 anos de teatro com o grande sucesso comercial de Constantina, de Somerset Maugham (1874-1965). Já em 1978, é dirigida por Antunes Filho (1929-2019), em Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, de Edward Albee (1928-2016), dividindo a cena com Raul Cortez (1932-2006). E interpreta em 1984, com êxito de bilheteria, o papel de Sarah Bernhardt em A Divina Sarah, de John Murrel (1945-2019), direção de João Bethencourt (1924-2006).

Surpreendendo público e crítica, protagoniza Quartett (1986), de Heiner Müller (1929-1995), dirigida por Gerald Thomas (1954) e contracenando com Sérgio Britto (1923-2011). O espetáculo adota uma linguagem experimental com um texto fragmentado e uma encenação investigativa. Mais uma vez, afirma sua excelência e recebe o prêmio Molière pelo trabalho, que representa uma mudança radical na sua tradição de investir em clássicos de sucesso garantido.

Comemorando 40 anos de carreira, em 1989, sob a direção de Marcio Aurelio (1948), encena o solo: Esta Valsa é Minha, de William Luce (1931-2019). Ao interpretar Zelda Fitzgerald, Tônia demonstra agilidade movimentando-se coreograficamente entre tapadeiras móveis no palco. Em 1990, reencontra Paulo Autran para seu último trabalho juntos, encenando uma coletânea de textos de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987): Mundo, Vasto Mundo.

Mesmo em sua fase mais madura, segue realizando trabalhos de grande representação. Em 1999, atua ao lado de Walmor Chagas (1930-2013) em Um Equilíbrio Delicado de Edward Albee (1928-2016). Em 2000, está ao lado de Renato Borghi (1937) em O Jardim das Cerejeiras, de Anton Tchekhov (1860-1904). Em 2007, aos 85 anos, participa de seu último filme, Chega de Saudade, com direção de Laís Bodanzky (1969), ambientado em um baile da terceira idade. No mesmo ano, protagoniza seu último espetáculo, Um Barco Para o Sonho, de Alexei Arbuzov (1908-1986), dirigida por seu neto Carlos Artur Thiré (1972).

Desafiando as expectativas de uma família tradicional, assim como a imagem cristalizada da sua beleza, elegância e sedução, Tônia Carrero se firma como uma das maiores atrizes da sua geração. Sua contribuição às artes cênicas brasileiras é marcada pela dedicação total à atuação e por sua constante renovação artística e capacidade de realização, atuando como empresária dos seus trabalhos ao longo de toda a carreira.

Obras 11

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Reprodução fotográfica Fredi Kleemann

Apassionata

Matriz-negativo
Reprodução fotográfica Autoria desconhecida

Espetáculos 75

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Exposições 1

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Fontes de pesquisa 11

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  • ALMEIDA, Maria Inez Barros de. Panorama visto do Rio: Companhia Tônia-Celi-Autran. Rio de Janeiro: Inacen, 1987. 115 p.
  • ATRIZ Tônia Carrero, ícone da TV, dos palcos e do cinema, morre aos 95 anos no Rio. G1, Rio de Janeiro, 04 mar. 2018. Disponível em: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/atriz-tonia-carrero-morre-no-rio-de-janeiro.ghtml. Acesso em: 4 mar. 2018.
  • CARRERO, Tônia. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.
  • CARVALHO, Tânia. Tônia Carrero: movida pela paixão. São Paulo: Imprensa Oficial, 2009. 276 p. (Coleção Aplauso).
  • EICHBAUER, Hélio. [Currículo]. Enviado pelo artista em: 24 abr. 2011.
  • FRASER, Etty. Etty Fraser. São Paulo: [s.n.], s.d. Entrevista concedida a Rosy Farias, pesquisadora da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira.
  • GUZIK, Alberto; PEREIRA, Maria Lúcia (Org.). Teatro Brasileiro de Comédia. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 25, set. 1980. Edição especial.
  • MICHALSKI, Yan. Tônia Carrero. In:_________. PEQUENA Enciclopédia do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
  • Programa do Espetáculo - Amigos para Sempre - SP - 2000.
  • Programa do Espetáculo - Chega de História - 2005.
  • Programa do Espetáculo - Constantina - 1977.

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