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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Nathália Timberg

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.08.2019
05.08.1929 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Nathália Timberg (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1929). Atriz. Criada no Teatro Universitário (TU) e amadurecida no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Econômica formalmente, por meio do domínio da voz, do rosto e do gesto, obtém grande intensidade dramática. 

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Nathália Timberg (Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1929). Atriz. Criada no Teatro Universitário (TU) e amadurecida no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC). Econômica formalmente, por meio do domínio da voz, do rosto e do gesto, obtém grande intensidade dramática. 

Suas primeiras experiências como atriz são no Teatro Universitário, dirigida por Esther Leão (1892-1971), em A Dama da Madrugada (1948), de Alejandro Casona (1903-1965), O Pai (1949), de August Strindberg (1849-1912), e Quebranto (1950), de Coelho Neto (1864-1934). Nos primeiros anos da década de 1950, faz sua formação em Paris, com Jean-Louis Barrault (1910-1994), Etienne Decroux (1898-1991), Jacqueline Levant (1926) e Tania Balachova (1902-1973). De volta ao Brasil, ingressa no elenco da Companhia Dramática Nacional (CDN), interpretando em 1954, aos 25 anos, D. Eduarda em Senhora dos Afogados, de Nelson Rodrigues (1912-1980), sob a direção de Bibi Ferreira (1922-2019). Em 1956, muda-se para São Paulo, onde ingressa no TBC, e trabalha no Grande Teatro da Tupi. Permanece no TBC durante seis anos, atuando, entre outros, em A Casa de Chá do Luar de Agosto (1956), de John Patrick (1905-1995), direção de Maurice Vaneau (1926-2007); Um Panorama Visto da Ponte (1958), de Arthur Miller (19151-2005) e Pedreira das Almas (1958), de Jorge Andrade (1922-1984), ambas dirigidas por Alberto D'Aversa (1920-1969); e sob a regência de Flávio Rangel (1934-1988) em O Pagador de Promessas (1960), de Dias Gomes (1922-1999), e A Escada (1961), de Jorge Andrade.

Segue, então, para a Companhia Dulcina-Odilon. Em 1964, a interpretação sobre o auge e a decadência da artista Beatrice Stella Campbell, em Meu Querido Mentiroso, com direção de Antonio do Cabo, lhe vale o Prêmio Molière. O crítico Décio de Almeida Prado (1917-2000) comenta seu desempenho: "Nathália Timberg confirma a sua grande classe de intérprete: é a atriz mais européia que possuímos, no sentido de dar uma impressão de escola, de técnica, de refinamento. Sabe como andar, como gesticular, como usar um vestido de gala - mas não fica nestas qualidades de mulher da sociedade. É engraçada, mordaz, quando o deseja, e nas últimas cenas, sem recorrer a mudanças demasiadamente marcadas de voz ou de gestos, deixa transparecer com sutileza e emoção todo o desgaste físico da velhice".1 No mesmo ano, protagoniza Antígone, de Jean Anouilh (1910-1987).

Em 1970, em São Paulo, ao lado do marido Sylvan Paezzo (1938-2000), cria O Circo do Povo, teatro popular construído num circo de 2 mastros, com palco tipo elisabetano, encenando Os Ciúmes de um Pedestre, de Martins Pena (1815-1848) e textos baseados em literatura de cordel. Nessa década, atua ainda, com direção de Flávio Rangel, em A Morte do Caixeiro Viajante (1977), de Arthur Miller (1915-2005), e Investigação na Classe Dominante (1979), de J. B. Priestley (1894-1984).

Na década de 1980, trabalha em vários espetáculos do Teatro dos Quatro, entre eles: Assim É...(Se lhe Parece) (1985), de Luigi Pirandello (1867-1936); Filumena Marturano (1989), de Eduardo De Filippo (1900-1984), e O Jardim das Cerejeiras (1989), de Anton Tchekhov (1860-1904). Também no Teatro dos Quatro, sua atuação como Simone de Beauvoir (1908-1986) em A Cerimônia do Adeus (1987), de Mauro Rasi (1949-2003), lhe vale o Prêmio Mambembe de atriz coadjuvante. Volta a receber o Prêmio Molière pela atuação em Meu Querido Mentiroso (1988), direção de Wolf Maya (1951). O crítico Macksen Luiz (1945) observa: "Timberg tira partido de sua figura sofisticada, da dicção perfeita e da forte presença de palco. A atriz domina as mudanças de climas dramáticos com segurança, ainda que nos momentos mais densos, Nathália resolva mais pela técnica e pela experiência do que pela busca de uma solução original".2

Em 2001, está sob a direção de Bibi Ferreira em Letti e Lotte, comédia inglesa de Peter Shaffer (1926-2016) e, ao lado de Milton Gonçalves (1934), em Conduzindo Miss Daisy, de Alfred Uhry (1936). No ano seguinte, brilha em A Importância de Ser Fiel, de Oscar Wilde (1854-1900), com o Grupo TAPA. Assim o crítico Macksen Luiz elogia o seu trabalho: "Nathalia Timberg está afinadíssima como Lady Bracknell. A atriz desenha com refinada técnica a frieza e a futilidade de uma personagem que representa, como ninguém, o espírito de A Importância de Ser Fiel. Uma interpretação precisa, deliciosa e inteligente".3 Novamente, sob a direção de Eduardo Tolentino de Araújo (1954) é protagonista em Melanie Klein (2003), de Nicholas Wright (1940).

A crítica Luiza Barreto Leite, define seu estilo: "Nathália Timberg é uma atriz de tão alta classe, tal é a sua versatilidade, aliada a essa magice (sic) de transmitir emoções sem empregar recursos histriônicos estereotipados ou deixar-se levar por transbordamentos excessivos, tal é sua técnica, tão perfeita quanto inaparente (sic), reconhecível apenas através de uma forma, quase inédita no Brasil, de jogar a voz e pronunciar normal e intelegivelmente (sic) as palavras, unindo-as em um ritmo ao mesmo tempo teatral e humano, sem acentuações estranhas ou inflexões espetaculares [...]".4

Notas

1. PRADO, Décio de Almeida. Meu querido mentiroso. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8 jun. 1966.
2. LUIZ, Macksen. Cartas apaixonadas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 maio 1988. Caderno B.
3. LUIZ, Macksen. Conduzindo Miss Daisy resolve equação dramática com direção fiel e atuações sem apelo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 nov. 2002.
4. LEITE, Luiza Barreto. A mulher no teatro brasileiro. Rio de Janeiro: Espetáculo, 1965. p. 105.

Espetáculos 52

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Fontes de pesquisa 16

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  • BRANDÃO, Tania. O amor sujeito a chuvas e trovoadas. O Globo, Rio de Janeiro, 20 maio 1988. Segundo Caderno.
  • CONDUZINDO Miss Daisy. Rio de Janeiro: [s.n.], 2001. 1 programa do espetáculo realizado em 2001 no Teatro Ginástico.
  • FRASER, Etty. Etty Fraser. São Paulo: [s.n.], s.d. Entrevista concedida a Rosy Farias, pesquisadora da Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira.
  • GUZIK, Alberto; PEREIRA, Maria Lúcia (Org.). Teatro Brasileiro de Comédia. Dionysos, Rio de Janeiro, n. 25, set. 1980. Edição especial.
  • LEITE, Luiza Barreto. A mulher no teatro brasileiro. Rio de Janeiro: Espetáculo, 1965.
  • LUIZ, Macksen. Cartas apaixonadas. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 19 maio 1988. Caderno B.
  • LUIZ, Macksen. Conduzindo Miss Daisy resolve equação dramática com direção fiel e atuações sem apelo. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 12 nov. 2002.
  • OSCAR, Henrique. 'Meu Querido Mentiroso' no novo teatro carioca. Diário de Notícias, Rio de Janeiro, 5 set. 1964.
  • PRADO, Décio de Almeida. Meu Querido Mentiroso. O Estado de S. Paulo, São Paulo, 8 jun. 1966.
  • Programa do Espetáculo - A Graça da Vida - 2007.
  • Programa do Espetáculo - A Morte de Um Caixeiro Viajante - 1977.
  • Programa do Espetáculo - Entre Quatro Paredes - 1974.
  • Programa do Espetáculo - Meu Querido Mentiroso - 1966.
  • Programa do Espetáculo- Ensina-me A Viver - 1981.
  • TEATRO ALIANÇA FRANCESA. Belas Figuras: São Paulo, SP, [1983]. Programa do Espetáculo.
  • TIMBERG, Nathália. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Personalidades Artes Cênicas.

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