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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Mazzaropi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 31.10.2022
09.04.1912 Brasil / São Paulo / São Paulo
13.06.1981 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Cartaz do filme Jéca Tatú, 1959
Jayme Cortez, Mazzaropi
Desenho e fotografia
113,00 cm x 76,00 cm

Amácio Mazzaropi (São Paulo, São Paulo, 1912 - Idem, 1981). Ator, diretor, cantor, humorista. Conhecido por interpretar um caipira matuto e personagens que transitam entre o interior e a capital de São Paulo, protagoniza mais de 30 filmes, a maioria dirigido e produzido por ele mesmo. Sua obra se volta para o cotidiano de grupos marginalizados n...

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Amácio Mazzaropi (São Paulo, São Paulo, 1912 - Idem, 1981). Ator, diretor, cantor, humorista. Conhecido por interpretar um caipira matuto e personagens que transitam entre o interior e a capital de São Paulo, protagoniza mais de 30 filmes, a maioria dirigido e produzido por ele mesmo. Sua obra se volta para o cotidiano de grupos marginalizados na sociedade brasileira.

Neto de imigrantes italianos e portugueses, já na infância demonstra talento artístico ao declamar poesias e receber elogios de seus familiares. Devido a dificuldades financeiras, a família muda-se da cidade de São Paulo para Taubaté, no interior do estado, onde seus pais passam a trabalhar na indústria têxtil da região. Fica sob os cuidados de seus avós maternos, aproximando-se de seu avô João José Ferreira, violeiro e atuante nos eventos culturais locais. Mazzaropi entra em contato com a produção e cultura caipira, marcada por referências ao trabalho, produção, religião e lazer.

Em 1926, apesar da divergência com seu pai, ingressa na trupe do modesto circo La Paz, viajando pelo país como ajudante do faquir1 e entretendo o público nos intervalos de cada apresentação. Com dificuldades financeiras, retorna a Taubaté e trabalha por um ano na Companhia Taubaté Industrial, enquanto frequenta o Theatro Polytheama. Nesse período, realiza suas primeiras apresentações como um personagem caipira.

No início da década de 1930, Mazzaropi estreia na comédia teatral A Herança do Padre João, escrita por Baptista Macedo, com ajuda de Luiz Carrara. Em 1934, a Trupe Arruda chega a Taubaté. Capitaneada por Sebastião Arruda, com seu irmão Genésio Arruda (1898-1967), o grupo tem uma representação de caipira muito prestigiada no interior de São Paulo, o que influencia o jovem ator. No mesmo ano, Mazzaropi é empregado na Trupe Olga Crutt, grupo de pouca condição econômica e que se apresenta principalmente no interior da região Sudeste. Um tempo depois, seus pais passam a trabalhar com o grupo e, em 1935, a trupe passa a se chamar Trupe Mazzaropi, estreando em Jundiaí com a peça Divino Perfume, de autoria de Renato Vianna (1894-1953).

Fica no teatro até 1946, quando é contratado pela Rádio Tupi para protagonizar o programa Rancho Alegre, período em que os meios de comunicação de massa se voltam para o público que migra do interior para a capital de São Paulo. Utilizando seu conhecimento e trabalho, interpreta até 1955 um caipira que conta “causos”, acompanhado musicalmente por um sanfoneiro.

Com a popularização da televisão, o programa de rádio é transportado para a TV Tupi e estreia em 1951. O novo meio de comunicação exige adaptações, e o quadro ganha mais personagens, encenando situações de cunho humorístico, com o mesmo foco de público. A visualidade permite que Mazzaropi utilize a linguagem corporal do teatro nas apresentações televisivas. 

No mesmo período, entra na Companhia Cinematográfica Vera Cruz e estreia no filme Sai da Frente (1952), dirigido por Abílio Pereira de Almeida (1906-1977). O sucesso de público lhe rende papel em mais duas produções da companhia, Nadando em Dinheiro (1952) e Candinho (1953), baseado no conto “Cândido” (1759), do filósofo francês Voltaire (1694-1778). No filme, a história de seu personagem tem semelhanças com a vida do ator. Candinho é expulso da fazenda onde mora, após seu pai adotivo descobrir que ele se apaixona por sua irmã de criação, obrigando-o a ir para a cidade, onde vive situações difíceis em meio ao estranhamento e deslumbre com o novo local. 

Deixa a televisão em 1954, e em 1958 inaugura sua produtora de cinema Produções Amácio Mazzaropi (PAM Filmes), em Taubaté. O universo caipira, presente em seu percurso de atuação, o aproxima da cidade, que se torna cenário de grande parte de sua obra. Mazzaropi é responsável pela direção, produção, roteiro, busca de apoio financeiro e distribuição nas salas de cinema. Seu primeiro filme na PAM Filmes é Chofer da Praça (1959), em homenagem a seu pai, que trabalha inicialmente como motorista.

Também em 1959, produz Jeca Tatu, inspirado no conto “Jeca Tatuzinho” (1924), do escritor Monteiro Lobato (1882-1948). Ao personagem, presente em boa parte de sua obra, são incorporados o linguajar, o corpo anguloso e a característica de preguiçoso, esta última importante para sua produção, pois contribui para seu sucesso no cinema. A dissimulação do Jeca abre caminho para a resolução dos problemas na história, em que a esperteza do caipira se sobressai à violência, utilizada apenas em último caso.

Com uma produção de mais de 30 filmes ao longo dos 50 anos de carreira, sua obra é acompanhada de uma trilha sonora marcada pela música popular e pelo nascente rock nacional, em grande parte interpretada pelo próprio ator. Na década de 1960, grava a marcha “Nhá Carola (Petit)”, com atriz e cantora Lolita Rodrigues (1929) e “O Azar É Festa”, composto por Ado Benatti (1908-1962) e Zé do Rancho (1927-2015), ambas com grande repercussão. 

A maioria de suas músicas é organizada nas coletâneas Os Grandes Sucessos de Mazzaropi (1968) e Os Grandes Sucessos de Mazzaroppi, vol. 1 (1995). Em 1990, a dupla Pena Branca e Xavantinho (1961-1999) grava a toada “Mazzaropi”, homenagem feita pelos compositores Jean (1954) e Paulo Garfunkel.

Com uma vasta produção e repertório, Amácio Mazzaropi torna-se referência na popularização da cultura caipira nos meios de comunicação, e é reconhecido por incorporar esse universo em sua atuação como ator e cantor.

Nota

1. Artista que apresenta o número da cama de prego ou que fica um longo período sem se alimentar.

Obras 3

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