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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Antônio Maluf

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.05.2024
17.12.1926 Brasil / São Paulo / São Paulo
08.2005 Brasil / São Paulo / São Paulo
Antônio Maluf (São Paulo, São Paulo, 1926 – Idem, 2005). Pintor, desenhista, artista gráfico. Apesar de adotar a linguagem construtiva, compartilhada por vários artistas a partir da década de 1950, não se vincula a nenhum grupo. Ainda assim, sua obra é tratada como parte da produção do concretismo brasileiro. 

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Antônio Maluf (São Paulo, São Paulo, 1926 – Idem, 2005). Pintor, desenhista, artista gráfico. Apesar de adotar a linguagem construtiva, compartilhada por vários artistas a partir da década de 1950, não se vincula a nenhum grupo. Ainda assim, sua obra é tratada como parte da produção do concretismo brasileiro. 

Inicia seus estudos em engenharia civil na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1947. No ano seguinte, transfere-se para o mesmo curso na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. Interessado na elaboração de padronagens para a indústria têxtil de sua família, abandona a engenharia e começa a cursar a Escola Livre de Artes Plásticas, também em São Paulo, dirigida por Flávio Motta (1923-2016). Realiza ainda cursos de pintura nos ateliês de Waldemar da Costa (1904-1982) e Flexor (1907-1971), além de estudar gravura no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp), com Poty Lazzarotto (1924-1998) e Darel (1924-2017)

Nos primeiros anos da carreira artística, produz gravuras, desenhos e pinturas a óleo de caráter figurativo, ainda que seja possível notar certa abstração no fundo desses trabalhos. É a partir do contato com a obra do artista e arquiteto suíço Max Bill (1908-1994), exposta no Masp, em 1950, que adere à arte abstrata. Ex-aluno de Walter Gropius (1883-1969) na Bauhaus, na Alemanha, Max Bill é o responsável por retomar o conceito de arte abstrata no pós-Segunda Guerra.

Impactado pela obra de Bill, em 1951, Maluf se matricula no primeiro curso de desenho industrial da América Latina, no Instituto de Arte Contemporânea (IAC) do Masp, onde é aluno de importantes artistas, como Lina Bo Bardi (1914-1992) e o italiano Roberto Sambonet (1924-1995). Entre os colegas do IAC, encontram-se futuros grandes designers e artistas concretos brasileiros como Alexandre Wollner (1928-2018) e Maurício Nogueira Lima (1930-1999). Apesar do curto período em que frequenta o curso do IAC, essa experiência tem grande influência em seus trabalhos e o artista passa a desenvolver os estudos de linguagem norteadores de toda a sua obra. 

Ainda em 1951, elabora um de seus primeiros trabalhos concretos, Equação dos desenvolvimentos em progressões crescentes e decrescentes, que é adaptado para participar do concurso de cartazes da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, no mesmo ano. Vence o concurso, cujo júri era composto por Lívio Abramo (1903-1992), Mario Pedrosa (1900-1981) e Rino Levi (1901-1965). O cartaz traz retângulos que se adensam à medida que são reduzidos em direção ao centro do papel. Apresenta assim uma vibração ótica resultante da sugestão de movimento criada pelas linhas paralelas. Esse é o trabalho mais conhecido do artista, sendo considerado o marco zero do design gráfico moderno no Brasil. 

Os princípios matemáticos são uma constante em suas obras, o que é evidenciado não só pela racionalidade geométrica, mas também pelos títulos que elas recebem, que contêm palavras como “equação” e “progressão”. Na série Progressões crescentes e decrescentes, por exemplo, o artista cria um ritmo que parece se ampliar ao infinito, pela repetição de uma mesma estrutura geométrica. Utiliza variados suportes, dedicando-se a pinturas murais em azulejos e estampas para tecidos, sempre norteados por sua visão da arte concreta. 

Nos anos 1960, integra sua obra gráfica a projetos de arquitetura. Cria murais e elementos modulares, colaborando com arquitetos em projetos importantes. São frutos dessas parcerias os murais do Edifício Brigadeiro, em 1960, e do Banco Noroeste de Guarulhos, em 1962, projetados por Fábio Penteado (1929-2011); do Edifício Cambuí, em 1963, e do Edifício Vila Normanda, em 1964, projetados por Lauro da Costa Lima (1917-2006); e da sede do Sindicato dos Motoristas de São Paulo, em 1973, projetada por Vilanova Artigas (1915-1985)

Segundo a crítica de arte Regina Teixeira de Barros (1964), a produção de Antônio Maluf se baseia no conceito da equação dos desenvolvimentos, estabelecendo uma relação de igualdade entre os elementos da linguagem artística e o suporte sobre o qual eles são aplicados1. Nos murais criados para o Edifício Vila Normanda, por exemplo, a disposição dos azulejos que servem como suporte é proporcional à utilizada nos retângulos que constituem o mural. Por meio de variações possíveis, obtidas pela divisão de retângulos em doze unidades, o artista lida com princípios de equilíbrio e contraste de cores, criando ritmos rigorosamente elaborados. 

Como designer, elabora também cartazes, logomarcas, padronagens de tecido e projetos para outdoors. Participa de diversas exposições, dentre as quais se destacam: Projeto Construtivo Brasileiro na Arte: 1950-1962, organizada por Aracy Amaral (1914-1988), na Pinacoteca do Estado de São Paulo (Pina_) e no Museu de Arte Moderna do Rio (Mam Rio) de Janeiro, em 1977; e Tradição e Ruptura: Síntese de Arte e Cultura Brasileiras, realizada na Fundação Bienal de São Paulo, em 1984. Em 2019, sua obra mais conhecida, o cartaz da 1ª Bienal Internacional de São Paulo, é exibida na exposição The Value of Good Design, no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), ao lado de obras de Lina Bo Bardi e de ícones do design gráfico mundial.

A trajetória de Antônio Maluf como artista e suas atividades de designer e programador visual se caracterizam por uma tendência construtiva. Com seus trabalhos, colabora para a renovação do design no Brasil e para a transformação da identidade visual da cidade de São Paulo, integrando a arte às atividades relacionadas ao cotidiano da população.

Notas

1. BARROS, Regina Teixeira de; LINHARES, Taisa Helena P. Antonio Maluf. São Paulo: Cosac & Naify; Centro Universitário Maria Antônia, 2002.

Exposições 56

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Fontes de pesquisa 12

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  • AMARAL, Aracy (org.). Arte construtiva no Brasil - Constructive art in Brazil. Tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Companhia Gráfica Melhoramentos: DBA Artes Gráficas, 1998. (Coleção Adolpho Leirner).
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AS BIENAIS e a abstração: a década de 50. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1978. (Ciclo de Exposições de Pintura Brasileira Contemporânea).
  • BANDEIRA, João (org.). Arte concreta paulista: documentos. São Paulo: Cosac & Naify: Centro Universitário Maria Antônia, 2002. 96 p., il. p&b. (Arte concreta paulista).
  • BARROS, Regina Teixeira de; LINHARES, Taisa Helena P. Antonio Maluf. São Paulo: Cosac & Naify : Centro Universitário Maria Antônia, 2002. 78 p., il. color. (Arte concreta paulista).
  • BIENAL INTERNACIONAL DE SÃO PAULO, 10., 1969, São Paulo, SP. Catálogo. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1969.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • Galeria Brasiliana. Diponível em: [http://www.galeriabrasiliana.com.br/set2005_05.shtml]. Acesso em: 02 fev. 2006. Galeria Brasiliana
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • PROPOSTAS 65: exposição e debates sobre aspectos do realismo atual do Brasil. São Paulo: Fundação Armando Alvares Penteado, 1965. [8] p.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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