Arte Concreta
![Sem título, década de 1990 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2024/11/24677_2448.jpg)
Sem título, 1990
Amilcar de Castro
Aço
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (SP)
Texto
Definição
O termo arte concreta é usado por Theo van Doesburg (1883-1931), que participa do grupo e revista homônimos fundados em 1930, em Paris. No texto de introdução do primeiro número da revista Arte Concreta, pontua o que seria a base da pintura concreta: "1º A arte é universal; 2º A obra de arte deve ser inteiramente concebida e formada pelo espírito antes de sua execução [...]; 3º O quadro deve ser inteiramente construído com elementos puramente plásticos, isto é, planos e cores. Um elemento pictural só significa a 'si próprio' e, conseqüentemente o quadro não tem outra significação que 'ele mesmo'; 4º A construção do quadro, assim como seus elementos, deve ser simples e controlável visualmente; 5º A técnica deve ser mecânica, isto é, exata, antiimpressionista; 6º Esforço pela clareza absoluta". Portanto, a arte concreta tenta abandonar qualquer aspecto nacional ou regional e se afasta inteiramente da representação da natureza. E, negando as correntes artísticas subjetivistas e líricas, recusa o sensualismo e a arte como expressão de sentimentos.
Sem implicar uma arte figurativa, a arte concreta nasce também como oposição à arte abstrata, que pode trazer vestígios simbólicos por causa de sua origem na abstração da representação do mundo. Linha, ponto, cor e plano não figuram nada e são o que há de mais concreto numa pintura. Segundo Van Doesburg, um nu feminino, uma árvore ou uma natureza-morta pintados não são elementos concretos, mas abstrações. O que há de concreto numa pintura são os elementos formais. No entanto, Wassily Kandinsky (1866-1914) publica, em 1938, um artigo intitulado Arte Concreta para definir a pintura abstrata e não figurativa.
A arte concreta é herdeira das pesquisas do grupo De Stijl [O Estilo], 1917/1928, de Piet Mondrian (1872-1944) e Van Doesburg, que busca a pureza e o rigor formal na ordem harmônica do universo. Além disso, parte de ideais da Bauhaus, 1919-1933, nos quais a racionalidade deve estar presente em todos os âmbitos sociais e nas conquistas da arte democratizadas pela indústria. O artista suíço Max Bill (1908-1994), nos anos 1950, com a Hochschule für Gestaltung (HfG) [Escola Superior da Forma], em Ulm, Alemanha, tenta levar adiante esse projeto. Para Bill - um dos principais responsáveis pela divulgação da arte concreta na América Latina -, a matemática é o meio mais eficiente para o conhecimento da realidade objetiva e uma obra plástica deve ser ordenada pela geometria e pela clareza da forma. Em 1948, o argentino Tomás Maldonado (1922), que se torna professor da Escola Superior da Forma, faz contato com Bill. Antes disso, O Manifesto Invencionista publicado em 1946, na revista Arte Concreto-Invención, em Buenos Aires, reafirma o fim da arte como representação e ilusão, e diz ainda que "a estética científica substituirá a milenar estética especulativa e idealista".
Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a América Latina passa por um forte surto desenvolvimentista e industrial. No Brasil, são fundados os Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e de São Paulo (MAM/SP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e a Bienal Internacional de São Paulo. Em 1950, Max Bill realiza exposição no Masp e, no ano seguinte, sua escultura Unidade Tripartida ganha o 1º prêmio na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, o que influencia os caminhos da arte feita no país. Em 1952, o Grupo Ruptura, integrado por Anatol Wladyslaw (1913-2004), Lothar Charoux (1912-1987), Féjer (1923-1989), Geraldo de Barros (1923-1998), Leopold Haar (1910-1954), Luiz Sacilotto (1924-2003), liderado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), realiza exposição no MAM/SP. O grupo redige manifesto em que diz que a arte é "um meio de conhecimento deduzível de conceitos", e reafirma seu conteúdo objetivo.
A Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em 1956/1957, reúne, além dos artistas do Grupo Ruptura, alunos de Ivan Serpa (1923-1973), que leciona pintura no MAM/RJ e de onde surge o Grupo Frente, formado por Décio Vieira (1922-1988), Rubem Ludolf (1932-2010), César Oiticica (1939) e Hélio Oiticica (1937-1980). Participam também, entre outros, Lygia Pape (1927-2004), Lygia Clark (1920-1988), Amilcar de Castro (1920-2002) e Franz Weissmann (1911-2005). O crítico Mário Pedrosa (1900-1981) - que em 1949 escreve tese pioneira sobre a relação entre arte e psicologia da gestalt, que muito alimenta os artistas concretos - publica artigo sobre a exposição e observa a diferença entre paulistas, que seriam mais teóricos e dogmáticos, e cariocas, intuitivos e empíricos. Em 1959, liderados por Ferreira Gullar (1930), os cariocas assinam o Manifesto Neoconcreto.
Obras 1
Sem título
Exposições 2
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4/12/1956 - 18/12/1956
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1/1957 - 2/1957
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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ARTE Concreta.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/termo3777/arte-concreta. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7