Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Arte Concreta

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 29.11.2024
Foto de Ronaldo Nina/Tyba

Sem título, 1990
Amilcar de Castro
Aço
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (SP)

O termo arte concreta é usado por Theo van Doesburg (1883-1931), que participa do grupo e revista homônimos fundados em 1930, em Paris. No texto de introdução do primeiro número da revista Arte Concreta, pontua o que seria a base da pintura concreta: "1º A arte é universal; 2º A obra de arte deve ser inteiramente concebida e formada pelo espírit...

Texto

Abrir módulo

Definição

O termo arte concreta é usado por Theo van Doesburg (1883-1931), que participa do grupo e revista homônimos fundados em 1930, em Paris. No texto de introdução do primeiro número da revista Arte Concreta, pontua o que seria a base da pintura concreta: "1º A arte é universal; 2º A obra de arte deve ser inteiramente concebida e formada pelo espírito antes de sua execução [...]; 3º O quadro deve ser inteiramente construído com elementos puramente plásticos, isto é, planos e cores. Um elemento pictural só significa a 'si próprio' e, conseqüentemente o quadro não tem outra significação que 'ele mesmo'; 4º A construção do quadro, assim como seus elementos, deve ser simples e controlável visualmente; 5º A técnica deve ser mecânica, isto é, exata, antiimpressionista; 6º Esforço pela clareza absoluta". Portanto, a arte concreta tenta abandonar qualquer aspecto nacional ou regional e se afasta inteiramente da representação da natureza. E, negando as correntes artísticas subjetivistas e líricas, recusa o sensualismo e a arte como expressão de sentimentos.

Sem implicar uma arte figurativa, a arte concreta nasce também como oposição à arte abstrata, que pode trazer vestígios simbólicos por causa de sua origem na abstração da representação do mundo. Linha, ponto, cor e plano não figuram nada e são o que há de mais concreto numa pintura. Segundo Van Doesburg, um nu feminino, uma árvore ou uma natureza-morta pintados não são elementos concretos, mas abstrações. O que há de concreto numa pintura são os elementos formais. No entanto, Wassily Kandinsky (1866-1914) publica, em 1938, um artigo intitulado Arte Concreta para definir a pintura abstrata e não figurativa.

A arte concreta é herdeira das pesquisas do grupo De Stijl [O Estilo], 1917/1928, de Piet Mondrian (1872-1944) e Van Doesburg, que busca a pureza e o rigor formal na ordem harmônica do universo. Além disso, parte de ideais da Bauhaus, 1919-1933, nos quais a racionalidade deve estar presente em todos os âmbitos sociais e nas conquistas da arte democratizadas pela indústria. O artista suíço Max Bill (1908-1994), nos anos 1950, com a Hochschule für Gestaltung (HfG) [Escola Superior da Forma], em Ulm, Alemanha, tenta levar adiante esse projeto. Para Bill - um dos principais responsáveis pela divulgação da arte concreta na América Latina -, a matemática é o meio mais eficiente para o conhecimento da realidade objetiva e uma obra plástica deve ser ordenada pela geometria e pela clareza da forma. Em 1948, o argentino Tomás Maldonado (1922), que se torna professor da Escola Superior da Forma, faz contato com Bill. Antes disso, O Manifesto Invencionista publicado em 1946, na revista Arte Concreto-Invención, em Buenos Aires, reafirma o fim da arte como representação e ilusão, e diz ainda que "a estética científica substituirá a milenar estética especulativa e idealista".

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a América Latina passa por um forte surto desenvolvimentista e industrial. No Brasil, são fundados os Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e de São Paulo (MAM/SP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e a Bienal Internacional de São Paulo. Em 1950, Max Bill realiza exposição no Masp e, no ano seguinte, sua escultura Unidade Tripartida ganha o 1º prêmio na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, o que influencia os caminhos da arte feita no país. Em 1952, o Grupo Ruptura, integrado por Anatol Wladyslaw (1913-2004), Lothar Charoux (1912-1987), Féjer (1923-1989), Geraldo de Barros (1923-1998), Leopold Haar (1910-1954), Luiz Sacilotto (1924-2003), liderado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), realiza exposição no MAM/SP. O grupo redige manifesto em que diz que a arte é "um meio de conhecimento deduzível de conceitos", e reafirma seu conteúdo objetivo.

A Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em 1956/1957, reúne, além dos artistas do Grupo Ruptura, alunos de Ivan Serpa (1923-1973), que leciona pintura no MAM/RJ e de onde surge o Grupo Frente, formado por Décio Vieira (1922-1988), Rubem Ludolf (1932-2010), César Oiticica (1939) e Hélio Oiticica (1937-1980). Participam também, entre outros, Lygia Pape (1927-2004), Lygia Clark (1920-1988), Amilcar de Castro (1920-2002) e Franz Weissmann (1911-2005). O crítico Mário Pedrosa (1900-1981) - que em 1949 escreve tese pioneira sobre a relação entre arte e psicologia da gestalt, que muito alimenta os artistas concretos - publica artigo sobre a exposição e observa a diferença entre paulistas, que seriam mais teóricos e dogmáticos, e cariocas, intuitivos e empíricos. Em 1959, liderados por Ferreira Gullar (1930), os cariocas assinam o Manifesto Neoconcreto.

Obras 1

Abrir módulo

Exposições 2

Abrir módulo

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: