1ª Exposição Nacional de Arte Concreta
Texto
Histórico
O poeta Décio Pignatari (1927-2012) afirma em 1957: "Esse foi o primeiro encontro nacional das artes de vanguarda realizado no país, tanto no que se refere às artes visuais quanto à poesia concreta", explicitando o espírito que comandou a Exposição Nacional de Arte Concreta. Realizada por iniciativa do grupo concreto paulista, a mostra tem lugar em São Paulo Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP), dezembro de 1956 e no Rio de Janeiro (Ministério da Educação e Saúde, janeiro e fevereiro de 1957), com artistas das duas cidades. A exposição é composta de cartazes-poemas, obras pictóricas, esculturas e desenhos, além de palestras e conferências. A revista Ad-arquitetura e decoração inclui em seu n. 20 o material exposto, funcionando como uma espécie de catálogo da mostra. Nos dois eventos, são exibidas obras de diversos artistas plásticos como: Geraldo de Barros (1923 - 1998), Aluísio Carvão (1920 - 2001), Waldemar Cordeiro (1925 - 1973), João José da Silva Costa (1931), Judith Lauand (1922) e Maurício Nogueira Lima (1930 - 1999). Além disso, participam como convidados especiais do evento os poetas Décio Pignatari, os irmãos Haroldo de Campos (1929 - 2003) e Augusto de Campos (1931), Ferreira Gullar (1930-2016) e Ronaldo Azeredo (1937 - 2006).
A Exposição Nacional de Arte Concreta dá expressão nacional ampliada às tendências concretas que se manifestam nas artes visuais desde as décadas iniciais do século XX, e que remontam às experiências do grupo De Stijl [O Estilo], de Piet Mondrian (1872 - 1944) e Theo van Doesburg (1883 - 1931), popularizando-se com Max Bill (1908 - 1994), ex-aluno da Bauhaus.
É importante lembrar, nessa direção, a 1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata (1953), que reúne artistas ligados às mais diversas tendências do abstracionismo no país, e as seguintes mostras realizadas na cidade de São Paulo: 19 Pintores (1947), na Galeria Prestes Maia, semente do grupo concreto paulista; Do Figurativismo ao Abstracionismo (1949); Alexander Calder (1948); e Fotoformas, de Geraldo de Barros (1950). Mas é o ano de 1952 e a exposição do Grupo Ruptura no MAM/SP que assinalam o início oficial do movimento concreto na capital paulista.
A Exposição Nacional de Arte Concreta reúne a arte concreta praticada no Brasil e explicita também divergências entre grupos e tendências. À investigação do grupo paulista, centrada no conceito de pura visualidade da forma, o grupo carioca opõe progressivamente uma articulação forte entre arte e vida - que afasta a consideração da obra como "máquina" ou "objeto" - e uma maior ênfase na intuição como requisito fundamental do trabalho artístico. A Exposição Nacional de Arte Concreta marca, desse modo, o início da ruptura neoconcreta, efetivada em 1959. O Manifesto de 1959, assinado por Amilcar de Castro (1920-2002), Ferreira Gullar, Franz Keller - Leuzinger (1835 - 1890), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927 - 2004), Reynaldo Jardim (1926-2011) e Theon Spanudis (1915), denuncia, já nas linhas iniciais, que a "tomada de posição neoconcreta" se faz "particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista". Contra as ortodoxias construtivas e o dogmatismo geométrico, os neoconcretos defendem a liberdade de experimentação, o retorno às intenções expressivas e o resgate da subjetividade.
Ficha Técnica
Alexandre Wollner
Alfredo Volpi
Aluísio Carvão
Amilcar de Castro
César Oiticica
Décio Vieira
Féjer
Ferreira Gullar
Franz Weissmann
Geraldo de Barros
Hélio Oiticica
Hermelindo Fiaminghi
Ivan Serpa
Judith Lauand
Lothar Charoux
Luiz Sacilotto
Lygia Clark
Lygia Pape
Maurício Nogueira Lima
Rubem Ludolf
Waldemar Cordeiro
Exposições 3
Fontes de pesquisa 7
- ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Metrópole e cultura: São Paulo no meio século XX. Bauru: Edusc, 2001. 482 p., il. color., p&b. (Ciências Sociais).
- BRITO, Ronaldo. Neoconcretismo: vértice e ruptura do projeto construtivo brasileiro. 2. ed. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. (Espaço da arte brasileira).
- GRUPO Noigandres. Texto João Bandeira, Lenora de Barros; versão em inglês Anthony Doyle. São Paulo: Cosac & Naify, 2002. 80 p., il. color. (Arte concreta paulista).
- GRUPO Ruptura: revisitando a exposição inaugural. Versão em inglês Anthony Doyle, David Warwick. São Paulo: Cosac & Naify: Centro Universitário Maria Antônia, 2002. (Arte concreta paulista).
- INSTITUTO AMILCAR DE CASTRO. [Exposições de Amilcar de Castro]. Disponível em: https://institutoamilcardecastro.com.br/exposicoes.html. Acesso em: 03 out. 2023.
- INSTITUTO ITAÚ CULTURAL. Abstracionismo: marcos históricos. São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1993. 39 p., il. color. (Cadernos história da pintura no Brasil, 4).
- LAUAND, Judith. [Currículo virtual]. Disponível em: https://amgaleria.com.br/artista/judith-lauand/. Acesso em: 28 nov. 2023.
Como citar
Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo:
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1ª Exposição Nacional de Arte Concreta.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/evento80977/1-exposicao-nacional-de-arte-concreta. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7