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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Judith Lauand

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.07.2024
26.05.1922 Brasil / São Paulo / Pontal
09.12.2022 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotográfica Sergio Guerini

Sem Título, 1977
Judith Lauand
Óleo sobre tela
80,00 cm x 80,00 cm

Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922 - São Paulo, São Paulo, 2022). Pintora e gravadora. Nome importante do movimento concretista, é reconhecida por suas obras com formas geométricas precisas, pelo rigor matemático de suas composições constituídas de linhas, planos e vetores, e mesclada com cores contrastantes. Ao longo de sua carreira, experi...

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Judith Lauand (Pontal, São Paulo, 1922 - São Paulo, São Paulo, 2022). Pintora e gravadora. Nome importante do movimento concretista, é reconhecida por suas obras com formas geométricas precisas, pelo rigor matemático de suas composições constituídas de linhas, planos e vetores, e mesclada com cores contrastantes. Ao longo de sua carreira, experimenta técnicas diferentes, como gravura, desenhos, guaches, colagens, xilogravuras, tapeçarias, bordados e esculturas.

Em 1950, forma-se na Escola de Belas-Artes de Araraquara, no interior de São Paulo, onde aprende pintura. Nessa época, Lauand pinta naturezas-mortas, quadros mais figurativos e retratos. Muda-se para São Paulo em 1952 e cursa aulas de gravura, época na qual começa a experimentar essa técnica e caminhar para a abstração em suas obras.

Sua aproximação com as vanguardas artísticas se dá em 1953, ano em que trabalha como monitora da 2ª Bienal de São Paulo e entra em contato com obras de artistas como o suíço Paul Klee (1879-1940), nome importante do movimento expressionista, o modernista Piet Mondrian (1872-1944) e o escultor e pintor estadunidense famoso por seus móbiles Alexander Calder (1898-1976).

Em 1955, ingressa no Grupo Ruptura e é conhecida como a única mulher a ter feito parte oficialmente do grupo, integrado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), Geraldo de Barros (1923-1998) e Luiz Sacilotto (1924-2003). O convívio com os concretistas, tanto nas artes visuais, quanto na literatura, incentiva Lauand em sua busca por formas geométricas, com precisão matemática e reflexão sobre a composição de linhas, vetores e formas.

A obra Do Círculo ao Oval (1958) representa o rigor na estrutura das linhas, que partem de um ponto e vão rotacionando e formando outras figuras geométricas. O interior da imagem se assemelha a um círculo que irradia para uma figura oval quando vista em sua completude. A cor de fundo, um amarelo vibrante, corrobora o cuidado da artista na escolha de cores puras e vivas que contrastem com a composição geométrica.

A artista tem reconhecimento nacional e internacional, participando de importantes exposições coletivas, como a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta (1956), realizada no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP); a Primeira Exposição Coletiva de Artistas Brasileiros na Europa (1959-1960), que passa por cidades como Munique, Lisboa, Madri e Paris; e Judith Lauand: Abstrações do Concretismo Brasileiro (2017), na galeria Driscoll Babcock, em Nova York, evidenciando sua constante atuação no sistema das artes.

Na década de 1960, Lauand passa por uma fase ligada à pop art e adiciona outros elementos às suas telas, como tachinhas, tecidos, alfinetes, barbantes e clipes, e insere palavras, também por influência da poesia concreta com que tem contato na época, como a de Décio Pignatari (1927-2012). O trabalho Te Amor (1969) é um exemplo dessa fase pop e traz à tela os rostos de um homem e de uma mulher, pintados com cores fortes e contrastantes, como o amarelo, o bordô e o azul escuro. No quadro, observamos que a mulher está com o rosto virado e o homem, que está à sua frente, parece que a pressiona contra a parede. A cena parece simular uma tentativa de beijo entre um casal, e na parte inferior da tela estão as palavras “Te” e abaixo “A Mor”. Podemos ler tal qual está no título “Te Amor” ou, se invertermos, podemos ler “A Mor Te”, mostrando como a artista brinca com as palavras e situações.

Funda a Galeria Novas Tendências, em São Paulo, com os artistas Hermelindo Fiaminghi (1920-2004) e Luiz Sacilotto, como um espaço para expor os artistas concretos, inaugurada com a exposição Coletiva Inaugural 1 (1963), que tem por intenção apresentar novos artistas ao mercado de arte.

Há em suas obras uma formulação matemática com desenhos que parecem abertos ou fechados, como o trabalho Quatro Grupos de Elementos (1959), que também denota uma exploração cromática para formar a imagem e garantir uma ilusão ótica. Na tela, observamos duas linhas paralelas, nas cores preta e azul-escura, atravessadas por outras linhas que se cruzam e, dependendo da observação, vemos um losango ou um objeto tridimensional. Lauand experimenta, com essas formas, técnicas para a abstração.

Judith Lauand tem intensa atividade desde o início de sua carreira, na época com pinturas mais figurativas e acadêmicas, mas firmando sua produção com as características da arte concretista. Experimenta a arte pop, porém, segue trabalhando com abstrações em seus desenhos. Notável pelo rigor matemático e pela precisão das formas, Judith Lauand evidencia em sua produção composições de linhas e vetores que denotam movimento, trabalhando também com escolhas cromáticas que conferem vivacidade às obras.

Obras 33

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

303

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Sergio Guerini

Arte Fria

Acrílica sobre tela
Reprodução fotográfica Luigi Stavale

C42

Tinta sintética sobre eucatex
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini

Composição

Óleo sobre tela

Exposições 189

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Mídias (1)

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Judith Lauand - Enciclopédia Itaú Cultural
A pintora e gravadora Judith Lauand afirma que seu início nas artes ocorreu de maneira natural. Após formar-se como professora, ela estuda na Escola de Belas Artes de Araraquara, cidade onde morava. O desejo de pintar, no entanto, lhe é intrínseco: “Quando eu era criança, queria pintar com força. Chegava a furar o papel de tanto que eu mexia a mão. Acho que é uma coisa atávica. Não sei de onde veio essa vontade que tenho de pintar”, diz ela. Durante o processo de formação, a artista se dá conta de que não é figurativa, mas, sim, abstrata. “Não percebi quando estava mudando. Foi a minha natureza que me levou a mudar”, afirma ela. Após chegar a São Paulo com a família, ela passa a conviver com Geraldo de Barros e Alexandre Wollner e adere ao concretismo. Em seguida, recebe o convite de Waldemar Cordeiro para juntar-se ao movimento que resulta no Grupo Ruptura. “Gosto do concreto porque é exato, matemático e racional”.

Produção: Documenta Vídeo Brasil
Captação, edição e legendagem: Sacisamba
Intérprete: Erika Mota (terceirizada)
Locução: Júlio de Paula (terceirizado)

Fontes de pesquisa 18

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  • ABERTO/02. São Paulo: Casa Domschke, 2023. Disponível em: https://www.aberto.art/. Acesso em: 05 jul. 2024.
  • AMARAL, Aracy (org.). Projeto Construtivo Brasileiro na arte (1950-1962). Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna; São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1977.
  • ARTE e artistas plásticos no Brasil 2000. São Paulo: Meta, 2000.
  • Arte construtiva no Brasil: Coleção Adolpho Leirner. Rio de Janeiro: MAM, 1999. Exposição realizada no período de 15 jan. a 04 mar. 1999.
  • CANONGIA, Ligia (Coord.). Abstração geométrica 1: concretismo e neoconcretismo. Curadoria Ligia Canongia. Rio de Janeiro: Funarte, 1987.
  • COCCHIARALE, Fernando; GEIGER, Anna Bella. Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1987.
  • EDELMAN, Aliza. Judith Lauand: From the circle to the oval. Catálogo da exposição Judith Lauand: Brazilian Concrete Abstractions. Driscoll Babcock. 2017. Disponível em: https://www.academia.edu/35081532/_Judith_Lauand_From_the_Circle_to_the_Oval_in_Judith_Lauand_Brazilian_Concrete_Abstractions_ext_catalogue_Driscoll_Babcock_Galleries_New_York_2017?auto=download. Acesso em: 25 jun. 2021.
  • FIORAVANTE, Celso. Judith Lauand: Experiências. Museu de Arte Moderna de São Paulo. 2011. Exposição realizada no período de 20 jan. a 3 abr. 2011. Disponível em: https://mam.org.br/exposicao/judith-lauand-experiencias/. Acesso em: 25 jun. 2021.
  • GONÇALVES, Lisbeth Rebollo. Tendências construtivas no acervo do MAC USP: construção, medida e proporção. Curadoria Daisy V. M. Peccinini de Alvarado. Rio de Janeiro: Centro Cultural Banco do Brasil, 1996. Exposição realizada no período de 01 ago. a 29 set. 1996.
  • LAUAND, Judith. Efemérides. Texto Gabriela Suzana Wilder. São Paulo: MAC, 1992. folha dobrada, s. il.
  • LAUAND, Judith. Judith Lauand: obras de 1954-1960. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1996.
  • LAUAND, Judith. Judith Lauand: pinturas. São Paulo: Choice Galeria de Arte, 1986.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • SILVA, Paula Carolina Neubauer da. A vocação construtiva na arte sul-americana: os cinéticos venezuelanos e os concretos paulistas. Dissertação (Mestrado em Artes) Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, São Paulo, 2012. Disponível em: https://repositorio.unesp.br/bitstream/handle/11449/86899/silva_pcn_me_ia.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 25 jun. 2021.
  • TRIZOLI, Talita. Atravessamentos Feministas: um panorama de mulheres artistas no Brasil dos anos 60/70. 2018. 434 f. Tese (Doutorado em Filosofia da Educação) - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/48/48134/tde-03122018-121223/publico/TALITA_TRIZOLI_rev.pdf. Acesso em: 25 jun. 2021.
  • TRIZOLI, Talita. Uma dupla exclusão: Judith Lauand e Jandyra Waters, entre concretismos, misticismos e possíveis feminismos. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 5, n. 1, p. 231–248, 2021. DOI: 10.20396/modos.v5i1.8663977. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8663977/26069. Acesso em: 22 fev. 2021.
  • TRIZOLI, Talita. Uma dupla exclusão: Judith Lauand e Jandyra Waters, entre concretismos, misticismos e possíveis feminismos. MODOS: Revista de História da Arte, Campinas, SP, v. 5, n. 1, p. 231–248, 2021. DOI: 10.20396/modos.v5i1.8663977. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/mod/article/view/8663977/26069. Acesso em: 25 jun. 2021.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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