Luiz Sacilotto
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Concreção 6048, 1960
Luiz Sacilotto
Óleo sobre tela, c.i.d.
60,00 cm x 120,00 cm
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil
Texto
Luiz Sacilotto (Santo André, São Paulo, 1924 – São Bernardo do Campo, São Paulo, 2003). Pintor, escultor e desenhista. Inovador, Luiz Sacilotto tensiona a figuração e a abstração, até chegar à geometrização e aos desdobramentos do plano no espaço. Torna-se um dos grandes artistas concretos do Brasil.
Estuda pintura na Escola Profissional Masculina do Brás, entre 1938 e 1943, e desenho na Associação Brasileira de Belas Artes, de 1944 a 1947. Seus primeiros trabalhos demonstram recusa dos padrões acadêmicos e proximidade da estética do Grupo Santa Helena. Nos anos 1940, realiza muitos desenhos, geralmente retratos, e começa a pintar paisagens e naturezas-mortas.
Em 1945, retoma o contato com colegas da Escola Profissional Masculina, Marcelo Grassmann (1925-2013) e Octávio Araújo (1926-2015), que lhe apresentam Andreatini (1921). Com a ajuda de Carlos Scliar (1920-2001), o grupo realiza a mostra 4 Novíssimos, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no Rio de Janeiro, e os artistas passam a ser conhecidos como Grupo Expressionista. No decorrer dessa década, a tendência expressionista dos trabalhos de Sacilotto se acentua, como pode ser visto em Retrato do pintor Octávio Araújo (1947) e Retrato de Helena (1947), até atingir, em 1948, vigor fortemente marcado pelas cores e formas intensas.
Em 1946, trabalha no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti (1917-1974). No mesmo ano, participa da exposição 19 Pintores, realizada na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Por ocasião do evento, entra em contato com Waldemar Cordeiro (1925-1973) e Lothar Charoux (1912-1987). Se o convívio com o Grupo Expressionista é importante para seu aprimoramento teórico e desenvolvimento do trabalho no ateliê, o contato com Ruchti e a aproximação com as ideias de Cordeiro têm relevância fundamental na formação de uma consciência abstrato-construtivista.
A partir de 1947, observa-se em suas telas uma tensão entre o figurativo e o abstrato, que se evidencia na geometrização do fundo, trabalhado com linhas retas e áreas de cor, e maior síntese dos elementos, como em Figura ou Mulher sentada (ambas de 1948). O artista, definido por Waldemar Cordeiro como "a viga mestra da arte concreta", explora em suas obras o princípio de equivalência entre figura e fundo, a igualdade de medida entre cheios e vazios e as contraposições entre positivo e negativo. Utiliza, como matéria-prima e suporte para os trabalhos, materiais não convencionais, como esmalte, madeira compensada, fibrocimento, alumínio, latão e ferro. Realiza ainda uma série de monotipias de caráter abstrato.
Em 1950, abandona definitivamente a figuração e executa a Pintura I, que apresenta traços formais próximos aos da obra do pintor francês Piet Mondrian (1872-1944). Em 1952, funda o Grupo Ruptura, ao lado de Geraldo de Barros (1923-1998), Féjer (1923-1989), Leopoldo Haar (1910-1954) e Anatol Wladyslaw (1913-2004).
Em Estruturação com elementos iguais (1953), alinha em diagonal pequenos quadrados pretos e brancos sobre fundo azul. O conjunto, pela disposição e variação das cores, nos dá a sensação de pulsação. A partir de 1954, começa a dar às pinturas, aos relevos e às esculturas o título de Concreção e as nomeia com o ano e a sequência de execução. Em Concreção 5521 (1955), apresenta quadrados justapostos, em branco, cinza e preto, cortados por linhas paralelas, brancas e pretas. O ritmo da obra é dado pelos intervalos regulares formados pela alternância das cores e linhas, com base em regras de simetria e na inversão positivo-negativo.
Também é pioneiro no âmbito da tridimensionalidade, ao desdobrar o plano no espaço. Na escultura Concreção 5730 (1957), trabalha sobre um quadrado de alumínio: por meio de recortes simétricos e dobraduras, cria um apoio que permite que a peça se torne autoportante, sem a necessidade da base. Em procedimento similar de corte e dobra, em Concreção 5942 (1959), alterna cheios e vazios para criar vários planos. A inventividade de seus procedimentos o leva a participar da fundação da Associação de Artes Visuais Novas Tendências, em 1963.
O artista divide regularmente as figuras para multiplicá-las, sem perder a referência inicial, e cria um jogo ambíguo com as formas, trabalhando com questões que serão desenvolvidas mais tarde pela op art. As várias séries, produzidas a partir da década de 1970, geram efeitos de expansão e retração, rotações e dobras virtuais, obtendo grande dinamismo com base em formas elementares. Em Concreção 7553 (1975), por exemplo, os módulos são expandidos ou contraídos para criar volumetrias visuais, gerando ilusões de curva e profundidade.
Nas composições, as cores destacam ou suavizam a geometria. O artista, com especial cuidado, coleciona pigmentos, classifica e numera gradações, perfazendo mais de trezentos tons, que incluem desde os das terras de Siena e Kassel até os azuis e verdes de jazidas de Minas Gerais.
Em 2000, em homenagem recebida da prefeitura de Santo André, terra natal do artista, a principal via comercial da cidade, a rua Coronel Oliveira Lima, é calçada com lajotas que reproduzem suas obras. No local, é instalada também a escultura Concreção 0005 e, na praça do IV Centenário, a escultura Concreção 0011, ambas realizadas naquele mesmo ano.
Começando com referências expressionistas e passando pelo abstracionismo, Luiz Sacilotto é considerado um importante nome da arte concreta no Brasil. O pioneirismo do artista é expresso em suas pinturas com fenômenos ópticos e em suas esculturas tridimensionais.
Obras 75
Abstração
Composição
Composição Abstrata
Concreção
Concreção
Exposições 252
Exposições virtuais 1
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6/8/2021 - 3/12/2021
Links relacionados 3
Fontes de pesquisa 16
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- SACILOTTO, Luíz. Pinturas. São Paulo: Choice Galeria de Arte, 1986. il. color.
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Como citar
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LUIZ Sacilotto.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa10773/luiz-sacilotto. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7