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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Luiz Sacilotto

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 18.08.2022
22.04.1924 Brasil / São Paulo / Santo André
09.02.2003 Brasil / São Paulo / São Bernardo do Campo
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Concreção 6048, 1960
Luiz Sacilotto
Óleo sobre tela, c.i.d.
60,00 cm x 120,00 cm
Acervo Pinacoteca do Estado de São Paulo/Brasil

Luiz Sacilotto (Santo André, São Paulo, 1924 – São Bernardo do Campo, São Paulo,  2003). Pintor, escultor e desenhista. Inovador, Luiz Sacilotto tensiona a figuração e a abstração, até chegar à geometrização e aos desdobramentos do plano no espaço. Torna-se um dos grandes artistas concretos do Brasil.  

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Luiz Sacilotto (Santo André, São Paulo, 1924 – São Bernardo do Campo, São Paulo,  2003). Pintor, escultor e desenhista. Inovador, Luiz Sacilotto tensiona a figuração e a abstração, até chegar à geometrização e aos desdobramentos do plano no espaço. Torna-se um dos grandes artistas concretos do Brasil.  

Estuda pintura na Escola Profissional Masculina do Brás, entre 1938 e 1943, e desenho na Associação Brasileira de Belas Artes, de 1944 a 1947. Seus primeiros trabalhos demonstram recusa dos padrões acadêmicos e proximidade da estética do Grupo Santa Helena. Nos anos 1940, realiza muitos desenhos, geralmente retratos, e começa a pintar paisagens e naturezas-mortas. 

Em 1945, retoma o contato com colegas da Escola Profissional Masculina, Marcelo Grassmann (1925-2013) e Octávio Araújo (1926-2015), que lhe apresentam Andreatini (1921). Com a ajuda de Carlos Scliar (1920-2001), o grupo realiza a mostra 4 Novíssimos, no Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), no Rio de Janeiro, e os artistas passam a ser conhecidos como Grupo Expressionista. No decorrer dessa década, a tendência expressionista dos trabalhos de Sacilotto  se acentua, como pode ser visto em Retrato do pintor Octávio Araújo (1947) e Retrato de Helena (1947), até atingir, em 1948, vigor fortemente marcado pelas cores e formas intensas. 

Em 1946, trabalha no escritório de arquitetura de Jacob Ruchti (1917-1974). No mesmo ano, participa da exposição 19 Pintores, realizada na Galeria Prestes Maia, em São Paulo. Por ocasião do evento, entra em contato com Waldemar Cordeiro (1925-1973) e Lothar Charoux (1912-1987). Se o convívio com o Grupo Expressionista é importante para seu aprimoramento teórico e desenvolvimento do trabalho no ateliê, o contato com Ruchti e a aproximação com as ideias de Cordeiro têm relevância fundamental na formação de uma consciência abstrato-construtivista. 

A partir de 1947, observa-se em suas telas uma tensão entre o figurativo e o abstrato, que se evidencia na geometrização do fundo, trabalhado com linhas retas e áreas de cor, e maior síntese dos elementos, como em Figura ou Mulher sentada (ambas de 1948). O artista, definido por Waldemar Cordeiro como "a viga mestra da arte concreta", explora em suas obras o princípio de equivalência entre figura e fundo, a igualdade de medida entre cheios e vazios e as contraposições entre positivo e negativo. Utiliza, como matéria-prima e suporte para os trabalhos, materiais não convencionais, como esmalte, madeira compensada, fibrocimento, alumínio, latão e ferro. Realiza ainda uma série de monotipias de caráter abstrato.

Em 1950, abandona definitivamente a figuração e executa a Pintura I, que apresenta traços formais próximos aos da obra do pintor francês Piet Mondrian (1872-1944). Em 1952, funda o Grupo Ruptura, ao lado de Geraldo de Barros (1923-1998), Féjer (1923-1989), Leopoldo Haar (1910-1954) e Anatol Wladyslaw (1913-2004).

Em Estruturação com elementos iguais (1953), alinha em diagonal pequenos quadrados pretos e brancos sobre fundo azul. O conjunto, pela disposição e variação das cores, nos dá a sensação de pulsação. A partir de 1954, começa a dar às pinturas, aos relevos e às esculturas o título de Concreção e as nomeia com o ano e a sequência de execução. Em Concreção 5521 (1955), apresenta quadrados justapostos, em branco, cinza e preto, cortados por linhas paralelas, brancas e pretas. O ritmo da obra é dado pelos intervalos regulares formados pela alternância das cores e linhas, com base em regras de simetria e na inversão positivo-negativo. 

Também é pioneiro no âmbito da tridimensionalidade, ao desdobrar o plano no espaço. Na escultura Concreção 5730 (1957), trabalha sobre um quadrado de alumínio: por meio de recortes simétricos e dobraduras, cria um apoio que permite que a peça se torne autoportante, sem a necessidade da base. Em procedimento similar de corte e dobra, em Concreção 5942 (1959), alterna cheios e vazios para criar vários planos. A inventividade de seus procedimentos o leva a participar da fundação da Associação de Artes Visuais Novas Tendências, em 1963. 

O artista divide regularmente as figuras para multiplicá-las, sem perder a referência inicial, e cria um jogo ambíguo com as formas, trabalhando com questões que serão desenvolvidas mais tarde pela op art. As várias séries, produzidas a partir da década de 1970, geram efeitos de expansão e retração, rotações e dobras virtuais, obtendo grande dinamismo com base em formas elementares. Em Concreção 7553 (1975), por exemplo, os módulos são expandidos ou contraídos para criar volumetrias visuais, gerando ilusões de curva e profundidade.

Nas composições, as cores destacam ou suavizam a geometria. O artista, com especial cuidado, coleciona pigmentos, classifica e numera gradações, perfazendo mais de trezentos tons, que incluem desde os das terras de Siena e Kassel até os azuis e verdes de jazidas de Minas Gerais.

Em 2000, em homenagem recebida da prefeitura de Santo André, terra natal do artista, a principal via comercial da cidade, a rua Coronel Oliveira Lima, é calçada com lajotas que reproduzem suas obras. No local, é instalada também a escultura Concreção 0005 e, na praça do IV Centenário, a escultura Concreção 0011, ambas realizadas naquele mesmo ano.

Começando com referências expressionistas e passando pelo abstracionismo, Luiz Sacilotto é considerado um importante nome da arte concreta no Brasil. O pioneirismo do artista é expresso em suas pinturas com fenômenos ópticos e em suas esculturas tridimensionais.

Obras 75

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Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Abstração

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Sérgio Guerini/Itaú Cultural

Composição

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Concreção

Esmalte sobre madeira
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Concreção

Óleo sobre tela

Exposições 252

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Exposições virtuais 1

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Fontes de pesquisa 16

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • AMARAL, Aracy (org.). Arte construtiva no Brasil - Constructive art in Brazil. Tradução Izabel Murat Burbridge. São Paulo: Companhia Gráfica Melhoramentos: DBA Artes Gráficas, 1998. (Coleção Adolpho Leirner).
  • AMARAL, Aracy (org.). Projeto Construtivo Brasileiro na arte (1950-1962). Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna; São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1977.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • COCCHIARALE, Fernando; GEIGER, Anna Bella. Abstracionismo geométrico e informal: a vanguarda brasileira nos anos cinquenta. Rio de Janeiro: Funarte, Instituto Nacional de Artes Plásticas, 1987.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • MILLIET, Maria Alice. Tendências construtivas e os limites da linguagem plástica. In: MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte moderna. Organização Nelson Aguilar; coordenação Suzanna Sassoun; tradução Izabel Murat Burbridge, John Norman. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo : Associação Brasil 500 anos Artes Visuais, 2000.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • SACILOTTO, Luíz. Desenhos: 1974-1982. Texto Angélica de Moraes; projeto gráfico Sylvio Nery da Fonseca; fotografia Romulo Fialdini, Edouard Fraipont. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 2001. 27 p.
  • SACILOTTO, Luíz. Luiz Sacilotto. São Paulo: Galeria Millan, 1988. il. color.
  • SACILOTTO, Luíz. Pinturas. São Paulo: Choice Galeria de Arte, 1986. il. color.
  • SACILOTTO, Luíz. Sacilotto: obras selecionadas. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1995. il.color.
  • SACRAMENTO, Enock. Sacilotto. São Paulo: E. Sacramento, 2001. 120 p. il.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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