Alexandre Wollner
Texto
Alexandre Wollner (São Paulo, São Paulo, 1928 - idem, 2018). Designer gráfico. Sua produção é caracterizada pelo rigor e pela objetividade, resultantes da relação que desenvolve com a arte concreta. É um dos responsáveis pela profissionalização do design no Brasil, por meio de sua execução e divulgação. À frente de programas pioneiros de design moderno, cria e remodela a identidade visual de conhecidos produtos e instituições brasileiras.
Filho de imigrantes iugoslavos, interessa-se pelo desenho na infância. A partir de 1942, tem aulas nos ateliês da Associação Paulista de Belas Artes (APBA). Com 22 anos, entra no curso de iniciação artística do Instituto de Arte Contemporânea (IAC), onde estuda com Lina Bo Bardi (1914-1992), Poty Lazzarotto (1924-1998) e Roberto Sambonet (1924-1995). Segundo Wollner, o instituto é "um centro de estudo e divulgação dos princípios das artes plásticas, visando formar jovens que se dediquem à arte industrial"1. A vivência no IAC permite que ele perceba a possibilidade "da participação social e cultural do artista por meio do design"2.
Em 1951, trabalha como assistente de montagem da exposição retrospectiva do artista suíço Max Bill (1908-1994), realizada no Museu de Arte de São Paulo (Masp). O contato com a obra desse artista o aproxima do rigor e objetividade da arte concreta. Interessado no movimento concretista, ele adere, em 1953, ao Grupo Ruptura e apresenta suas pinturas construtivas na 2ª Bienal Internacional de São Paulo. Os trabalhos são agraciados com o Prêmio Pintura Jovem Revelação Flávio de Carvalho. Nesse ano, é selecionado por Max Bill para estudar na Hochschule für Gestaltung Ulm [Escola Superior da Forma de Ulm], em Ulm, Alemanha, onde permanece entre 1954 e 1958. No período, cria cartazes para mostras de cinema, em parceria com Geraldo de Barros (1923-1998), e produz o cartaz da 3ª Bienal Internacional de São Paulo. No curso em Ulm, frequenta as aulas de Tomás Maldonado (1922), Max Bense (1910-1990) e Josef Albers (1888-1976). Entra em contato com a concepção mais pragmática do design, vista como parte do processo industrial, marcante para sua formação. Na escola, ele também produz as primeiras fotografias.
Ao retornar ao Brasil, em 1958, inaugura, com Geraldo de Barros (1923-1998), Rubem de Freitas e Walter Macedo, o Form-Inform, o primeiro escritório de design do país. O escritório faz os primeiros programas de identidade visual para empresas brasileiras, cuidando de toda a imagem corporativa, do logotipo à embalagem e tipografia. A equipe remodela algumas marcas como Elevadores Atlas e Sardinhas Coqueiro.
Em 1962, fora do Form-Inform, inicia, com o artista gráfico Aloísio Magalhães (1927-1982), um curso de tipografia no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A experiência é o embrião da Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi), introdutora do moderno design no Brasil, inaugurada no Rio de Janeiro em 1963 e considerada a primeira instituição de design de nível superior no país. Na década de 1960, abre o próprio escritório de programação visual, onde desenvolve logotipos para grandes empresas, como a Metal Leve (1963) e a Eucatex (1967).
Em 1970, é eleito presidente da Associação Brasileira de Desenho Industrial (ABDI). Permanece no cargo até 1974. Nesse período, trabalha na elaboração da identidade visual do banco Itaú, projetando, pela aplicação sistemática de um mesmo critério de design, o logotipo original da instituição, os modelos de fachadas, as sinalizações internas e externas das agências e todos os outros elementos que contribuem para o reconhecimento da marca. Trata-se de um dos primeiros projetos do país a adotar, em todos os departamentos de uma instituição, um critério de design rigorosamente definido.
Realiza a programação visual da Bienal da América Latina em 1978. Dois anos depois, mostra seus projetos no Masp e no MAM/RJ. Opta por uma exposição "que mostre o processo de criação, execução e implementação de um programa de identidade visual"3.
Em 1999, o Centro de Comunicação e Artes do Senac, em São Paulo, promove a sua segunda exposição individual. Em 2003, Wollner comemora seus 50 anos de design, com o livro Design Visual 50 Anos e com a exposição de suas fotografias no Centro Universitário Maria Antônia, em São Paulo.
O trabalho pioneiro e característico de Wollner, fruto de seu intenso desenvolvimento como artista, conhecedor e divulgador dos princípios do design, tem sustentado sua denominação como pai do design moderno brasileiro, que é frequentemente atribuída a ele por críticos e pela mídia.
Notas
1. WOLLNER, Alexandre. Design visual 50 anos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003. p. 49.
2. Idem, ibidem. p. 55.
3. Idem, ibidem. p. 237.
Exposições 51
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13/12/1954 - 26/2/1953
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2/7/1955 - 12/10/1955
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4/12/1956 - 18/12/1956
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1/1957 - 2/1957
Links relacionados 4
Fontes de pesquisa 9
- 5 anos de design gráfico no Brasil: coletânea de portfólios. São Paulo: Market Press, 2000. 127 p., il. color.
- AMARAL, Aracy (org.). Projeto Construtivo Brasileiro na arte (1950-1962). Rio de Janeiro: Museu de Arte Moderna; São Paulo: Pinacoteca do Estado de São Paulo, 1977.
- AS BIENAIS e a abstração: a década de 50. São Paulo: Museu Lasar Segall, 1978. (Ciclo de Exposições de Pintura Brasileira Contemporânea).
- DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
- GULLAR, Ferreira. Arte Concreta. In: ______. Etapas da arte contemporânea: do cubismo à arte neoconcreta. 2.ed. Rio de Janeiro: Revan, 1998. 304 p., il. p&b.
- MENON, Isabella. Pai do design moderno brasileiro, Alexandre Wollner morre em SP, aos 89 anos. Folha de S. Paulo, 04 maio 2018. Disponível em: < https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/05/morre-pai-do-designer-moderno-alexandre-wollner-aos-89-anos.shtml >. Acesso em: 04 maio 2018.
- NIEMEYER, Lucy. Design no Brasil. 2.ed. Rio de Janeiro: 2AB, 1998. 128 p. (Design).
- WOLLNER, Alexandre. Alexandre Wollner. São Paulo: Senac, 1999. [12 p.], il. color.
- WOLLNER, Alexandre. Design visual 50 anos. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
Como citar
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ALEXANDRE Wollner.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa22258/alexandre-wollner. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7