Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Mam Rio)

O Corpo É a Obra, 1970
Antonio Manuel
Fotografia p&b
Coleção Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Texto
Histórico
Fruto das transformações culturais que têm lugar no período após a II Guerra Mundial (1939-1945), e que entre nós se traduz no crescimento das cidades e na diversificação de seus equipamentos culturais, o Museu de Arte Moderna, criado em 1948, no Rio de Janeiro, acompanha o modelo do Museum of Modern Art - MoMA [Museu de Arte Moderna], em Nova York (1929), do mesmo modo que o Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP (1948). Um "museu vivo", com exposições, música, teatro e cinema, além de debates: eis o intuito central da instituição, presidida pelo colecionador e industrial Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894 - 1968). As diferenças mais evidentes entre o Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e o de São Paulo parecem ser a abertura do museu carioca às artes aplicadas, sobretudo ao design e ao desenho industrial, e sua vocação educativa, que se concretiza por um serviço de biblioteca atuante (a cargo da crítica literária Lúcia Miguel Pereira) e por ateliês abertos ao público. Diversos profissionais são convidados para implantar as atividades do museu: Candido Portinari (1903 - 1962), pintura; Bruno Giorgi (1905 - 1993), escultura; Alcides Miranda (1909 - 2001), arquitetura; Luís Heitor (1905 - 1992), música; Santa Rosa (1909 - 1956), teatro; e Luís Roberto Assumpção Araújo, cinema. O museu funciona inicialmente em salas cedidas pelo Banco Boa Vista, na praça Pio X, passando em seguida para um espaço improvisado entre os pilotis do prédio do Ministério da Educação e Saúde, onde é aberta ao público a mostra Pintura Européia Contemporânea (janeiro de 1949). Das 32 obras apresentadas nesta exposição, 12 irão compor o acervo do museu, que contará em seguida com doações de Raul Bopp (1898 - 1984), Marques Rabelo e Oscar Niemeyer (1907), entre muitos outros.
O ano de 1952 marca uma nova fase do museu, inaugurada com a exposição dos artistas premiados na 1ª Bienal Internacional de São Paulo (o que ocorrerá, a partir daí, regularmente) e com a ampliação do acervo, graças ao comando da sra. Niomar Moniz Sodré, então diretora executiva, cujo marido, Paulo Bittencourt é proprietário e diretor do jornal Correio da Manhã. O acervo do MAM - composto até então por quatro obras doadas pela Bienal, por uma pequena doação do MoMA e por contribuições particulares de artistas e colecionadores -, passa a contar nesse momento com obras de artistas estrangeiros adquiridas na Europa como André Lhote (1885 - 1962), Yves Tanguy (1900 - 1955), Georges Mathieu (1921), Fernand Léger (1881 - 1955), Alberto Giacometti (1901 - 1966), entre outros. Dentre os artistas nacionais, além de Portinari, Di Cavalcanti (1897 - 1976), Lasar Segall (1891 - 1957) e Guignard (1896 - 1962), o acervo do MAM se distingue por possuir uma expressiva coleção de Oswaldo Goeldi (1895 - 1961), com desenhos e gravuras. É Niomar quem convida o arquiteto Affonso Reidy (1909 - 1964) para projetar uma nova sede para o museu, em área de 40 mil metros quadrados doada pela prefeitura do Rio, no aterro do Flamengo, com projeto paisagístico de Burle Marx (1909 - 1994). As obras são iniciadas em 1954 e inauguradas em diferentes momentos: o Bloco-Escola, em 1958; o Bloco de Exposições, em 1967 (com mostra de Lasar Segall) e o Bloco-Teatro, inacabado. O projeto de Reidy segue as sugestões do racionalismo arquitetônico que orientam seus diversos trabalhos. No caso do MAM, especificamente, cabe destacar o emprego da estrutura vazada e transparente, a planta livre do espaço de exposições (que prevê a flexibilidade da museografia) e a atenção concedida à iluminação.
Datam também dessa nova fase do museu os cursos, para adultos e crianças, a cargo de colaboradores, como Ivan Serpa (1923 - 1973), Margareth Spencer (1914), Décio Vieira (1922 - 1988), Fayga Ostrower (1920 - 2001) etc. O ateliê infantil, coordenado por Serpa, conhece sucesso imediato. O de adultos, por sua vez, está na origem do Grupo Frente, fundado por Aluísio Carvão (1920 - 2001), Carlos Val (1937), Décio Vieira, Ivan Serpa, Lygia Clark (1920 - 1988), Lygia Pape (1927 - 2004) e Vicent Ibberson (19--), e ao qual aderem em seguida Hélio Oiticica (1937 - 1980), Franz Weissmann (1911 - 2005), Abraham Palatnik (1928), entre outros. Em 1955, têm início as atividades da Cinemateca, com a mostra internacional Dez Anos de Filmes de Arte, e a oferta de cursos regulares. Um pouco mais tarde, em 1959, começa a funcionar o ateliê de gravura, tendo como professores Johnny Friedlaender (1912 - 1992) e Edith Behring (1916 - 1996), e ao qual aderem, entre muitos outros, Maria Bonomi (1935), Anna Letycia (1929), Roberto de Lamonica (1933 - 1995).
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro é palco de importantes mostras de artistas nacionais e estrangeiros, além de abrigar conferencistas internacionais. A instituição acolhe grupos e movimentos de vanguarda da arte nacional nos anos de 1950 e 1960, como é possível aferir por mostras como: Exposição do Grupo Frente (1955), Exposição Nacional de Arte Concreta (1957) e mostra da Arte Neoconcreta (1959). Tropicália (1967), obra célebre de Hélio Oiticica, na origem do movimento tropicalista nas artes, é exposta na mostra Nova Objetividade Brasileira, realizada no museu em abril de 1967. O incêndio ocorrido em 1978, quando de uma retrospectiva histórica do uruguaio Torres-Garcia (1874 - 1949), marca um momento trágico na história do museu, que tem parte do seu acervo e instalação destruídos. Em 1992, reorganiza-se o acervo com a transferência, para o museu, em regime de comodato, de parte da coleção de obras brasileiras de Gilberto Chateaubriand.
Obras 382
21 Petites Sculptures en Cheveux
38
42
A Bordo do Navio Mariz e Barros
A Cara
Espetáculos 8
Espetáculos de dança 4
Exposições 576
Intervenções 1
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4/9/2021 - 28/11/2021
Performances 2
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20/9/2003 - 21/9/2003
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 4
- ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva : Diâmetros Empreendimentos, 1976. (Debates, 133).
- CAVALCANTI, Lauro (org.). Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro 1905-1960. Curadoria Lauro Cavalcanti; assistência de curadoria Lucia de Meira Lima. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
- LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus acolhem moderno. 1997. 327p. Tese (Livre-docência) - Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP. São Paulo, 1997.
- MORAIS, Frederico. Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: da Missão Artística Francesa à Geração 90: 1816-1994. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
Como citar
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MUSEU de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Mam Rio).
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao16579/museu-de-arte-moderna-do-rio-de-janeiro-mam-rio. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7