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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Alfredo Volpi

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.05.2023
14.04.1896 Itália / Toscana / Lucca
28.05.1988 Brasil / São Paulo / São Paulo
Reprodução fotografica Horst Merkel

[Santa], 1940
Alfredo Volpi
Óleo sobre tela
55,10 cm x 38,30 cm

Alfredo Volpi (Lucca, Itália 1896 – São Paulo, São Paulo, 1988). Pintor. Com uma trajetória singular e passagem por distintas vertentes da pintura, Volpi destaca-se por suas paisagens e temas populares e religiosos, como a série de bandeirinhas de festa junina.

Texto

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Alfredo Volpi (Lucca, Itália 1896 – São Paulo, São Paulo, 1988). Pintor. Com uma trajetória singular e passagem por distintas vertentes da pintura, Volpi destaca-se por suas paisagens e temas populares e religiosos, como a série de bandeirinhas de festa junina.

Em 1897, chega ao Brasil com pouco mais de um ano e instala-se com a família no Cambuci, tradicional bairro de São Paulo. Estuda na Escola Profissional Masculina do Brás e, na juventude, trabalha como marceneiro, entalhador e encadernador. Em 1911, inicia a carreira como aprendiz de decorador de parede, pintando frisos, florões e painéis de residências. Na mesma época começa a pintar sobre madeira e tela. 

Participa pela primeira vez de uma exposição coletiva no Palácio das Indústrias de São Paulo, em 1925, momento em que privilegia retratos e paisagens. Por causa da grande sensibilidade na representação da luz e da sutileza no uso das cores, é comparado aos impressionistas. Outras obras da década de 1920, no entanto, contam com traços que remetem a composições românticas. É o caso de Paisagem com Carro de Boi, com a movimentação curva da estrada e a árvore retorcida. A coexistência de elementos de escolas distintas indica o conhecimento da tradição e a recusa de Volpi à pintura de observação. 

Na década de 1930, aproxima-se do Grupo Santa Helena, formado por artistas como os pintores Mário Zanini (1907-1971), Francisco Rebolo (1902-1980), o italiano Fulvio Pennacchi (1905-1992) e Bonadei (1906-1974). Volpi participa de excursões para pintar os subúrbios e de sessões de desenho com modelo vivo realizadas pelo grupo. Em 1936, participa de uma exposição com os membros do Santa Helena e toma parte na formação do Sindicato dos Artistas Plásticos de São Paulo.  

Em 1937, conhece o pintor italiano Ernesto de Fiori (1884-1945), importante figura no desenvolvimento artístico de Volpi. Com De Fiori, aprende que o tema da pintura e suas possibilidades narrativas não são tão importantes quanto os elementos plásticos e formais. De diálogos com o artista surgem soluções como o uso de cores vivas e foscas e um tratamento mais intenso da matéria pictórica. A partir desse ano, participa dos Salões da Família Artística Paulista [(FAP), organizados pelo pintor Rossi Osir (1890-1959)]. Sem abandonar o trabalho de decoração de paredes, em 1939, inicia a série de marinhas e paisagens urbanas realizadas em Itanhaém, litoral de São Paulo. 

Ganha o concurso promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em 1940, por trabalhos realizados com base nos monumentos das cidades de São Miguel e Embu, e encanta-se com a arte colonial, voltando-se para temas populares e religiosos. Também realiza trabalhos para a Osirarte, empresa de azulejaria criada no mesmo ano por Osir. Nessa década, sua pintura passa por uma rigorosa simplificação formal. 

Realiza a primeira exposição individual, na Galeria Itá, em São Paulo, no ano de 1944, e participa de coletiva organizada por Guignard (1896-1962), em Belo Horizonte.

No fim da década de 1940, confere à pintura uma textura rala com a aplicação da técnica da têmpera, como em Casa na Praia (Itanhaém), de 1949. Nesse período, o caráter construtivo é afirmado nos planos de fachadas, telhados e na paisagem, ao passo que certas composições gradativamente caminham para a abstração. Em 1950, viaja à Europa com Zanini e Osir e se interessa por pintores pré-renascentistas, o que confirma algumas soluções pictóricas que alcança em seu trabalho. Encontra na obra do pintor italiano Paolo Uccello (1397-1475) jogos de ilusão em que ora o fundo se opõe à figura e a projeta para a frente, ora ambos se entrelaçam na superfície da tela. Volpi constrói, assim, um espaço indeterminado que permite o surgimento de uma estrutura que se esvai, fluida, ressaltada pela têmpera, e uma forte vontade de ordenação.

Participa das três primeiras Bienais Internacionais de São Paulo e, em 1953, divide com Di Cavalcanti (1897-1976) o prêmio de melhor pintor nacional. É convidado a participar das Exposições Nacionais de Arte Concreta (1956 e 1957) e mantém contato com artistas e poetas dessa vertente. 

Em 1958, é condecorado com o Prêmio Guggenheim, realiza exposição retrospectiva e é aclamado por Mário Pedrosa (1900-1981) como “o mestre brasileiro de sua época”. No mesmo ano, pinta afrescos para a Capela Nossa Senhora de Fátima, em Brasília, e telas com temas religiosos. Ainda na década de 1950, surgem as bandeirinhas de festa junina que, além de um motivo popular, tornam-se elementos compositivos autônomos, como em Fachada com Bandeiras (1959). 

Recebe o prêmio de melhor pintor brasileiro pela crítica de arte do Rio de Janeiro em 1962 e 1966. Nas décadas de 1960 e 1970, suas composições de bandeirinhas são intercaladas por mastros com grande variação de cores e ritmo. A técnica da têmpera lhe permite renunciar à impessoalidade do uso de tintas industriais e do trabalho automatizado e mecânico, dos quais os artistas concretistas se aproximam. A prática artesanal torna-se para Volpi uma resistência à automatização e, simultaneamente, a afirmação de seu lirismo, em vez de reiteração ingênua do gesto. 

A trajetória artística de Alfredo Volpi é marcada por transformações gradativas que brotam de seu amadurecimento e diálogo com a pintura. Ao unir vasto conhecimento da história da arte com a prioridade do fazer artesanal, Volpi constrói uma obra original e incomparável.

Obras 149

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Foto de Humberto Pimentel/Itaú Cultural

Bandeirinhas

Têmpera sobre tela

Exposições 540

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Fontes de pesquisa 25

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • BEUTTENMÜLLER, Alberto. Volpi, Ianelli e Aldir: 3 coloristas. São Paulo: IOB, 1989.
  • BIEZUS, Ladi (Org.). Volpi. Gauting: Gorbach, 1978.
  • KLINTOWITZ, Jacob. Volpi: 90 anos. São Paulo: Sesc, 1989. 256 p.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes Plásticas Brasil 1998: seu mercado, seus leilões. São Paulo: Júlio Louzada, 1999. v. 10.
  • LOUZADA, Maria Alice do Amaral. Artes plásticas Brasil 1999. São Paulo: Júlio Louzada, 1999. v. 11.
  • MUSEU DE ARTE DO RIO. Casa Carioca [recurso eletrônico]. Curadoria de Marcelo Campos e Joice Berth. Rio de Janeiro: Instituto Odeon, 2020. 145 p. Catálogo da exposição. Disponível em: https://museudeartedorio.org.br/wp-content/uploads/2020/12/Cat%C3%A1logo-Casa-Carioca-1.pdf. Acesso em: 18 abr. 2022.
  • NAVES, Rodrigo. Anonimato e singularidade em Volpi. In: _______. A Forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Ática, 1996. 285 p.
  • PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998.
  • POETAS do espaço e da cor. Curadoria Sabina de Libman; texto Edla van Steen; tradução K. C. S. Sotelino. São Paulo: Galeria Arte Aplicada, 1997. 124 p.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • SALZSTEIN, Sônia. Volpi. Rio de Janeiro: Campos Gerais, 2000. 323 p.
  • VOLPI, Alfredo. A. Volpi. São Paulo: Círculo do Livro, 1991. (Grandes artistas brasileiros).
  • VOLPI, Alfredo. A. Volpi: pinturas 1914-1972. Rio de Janeiro: MAM, 1972.
  • VOLPI, Alfredo. Retrospectiva Alfredo Volpi. Sao Paulo: MAM, 1975.
  • VOLPI, Alfredo. Volpi 90 anos. São Paulo: MAM, 1986. 120 p.
  • VOLPI, Alfredo. Volpi: 89 anos. São Paulo: Dan Galeria, 1985.
  • VOLPI, Alfredo. Volpi: obras selecionadas - décadas de 40, 50, 60, 70, 80. São Paulo: Sylvio Nery da Fonseca Escritório de Arte, 1999.
  • VOLPI. São Paulo: Cosac & Naify, 1999. (Espaço da arte brasileira).
  • VOLPI: a construção da catedral. Texto Olívio Tavares de Araújo. São Paulo: MAM, 1981. 101 p.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Instituto Moreira Salles: Fundação Djalma Guimarães, 1983. v. 2.

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