Guignard
![O Domador, 1950 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/001063015019.jpg)
O Domador, 1950
Guignard
Óleo sobre tela, c.i.d.
55,00 cm x 45,80 cm
Coleção Gilberto Chateaubriand - Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
Texto
Alberto da Veiga Guignard (Nova Friburgo, Rio de Janeiro, 1896 - Belo Horizonte, Minas Gerais, 1962). Pintor, professor, desenhista, ilustrador e gravador. Dedica-se a vários gêneros da pintura, como retrato, autorretrato, paisagem, natureza-morta, flor, pinturas de gênero e temática religiosa, muitas vezes tratando de dois ou mais gêneros na mesma tela, quase sempre de caráter fantástico, que trazem uma paisagem ao fundo.
Muda-se com a família para a Europa em 1907 e inicia os estudos artísticos na Königliche Akademie der Bildenden Künste [Real Academia de Belas Artes] de Munique, entre 1917 e 1918 e de 1921 a 1923, onde tem aulas de pintura e desenho com o pintor alemão Hermann Groeber (1865-1935), e com o artista gráfico e ilustrador Adolf Hengeler (1863-1927), que influenciam em sua carreira. Dedica-se ainda ao aprendizado da arte flamenga na Pinacoteca de Munique. Em 1924 prossegue com os estudos em Florença, momento em que se liberta da rigidez acadêmica, marcando sua passagem para o modernismo.
Retorna ao Rio de Janeiro em 1929 e integra-se ao cenário cultural por meio do contato com o pintor Ismael Nery (1900-1934). Na época, Guignard pinta a cidade em cores claras e pinceladas miúdas. No ano seguinte, instala seu ateliê no Jardim Botânico, que retrata em várias obras, como em Bambus (1937), com a qual recebe o segundo prêmio no Salão Oficial de Buenos Aires.
Participa do Salão Revolucionário de 1931 com 27 obras, e destaca-se como uma das revelações da mostra. Em sua atividade docente, de 1931 a 1943, dedica-se ao ensino de desenho, pintura e gravura na Fundação Osório, no Rio de Janeiro, e, em 1935, no Instituto de Artes do Distrito Federal.
A pintura de Guignard tem um caráter decorativo acentuado, presente nos retratos, nos arranjos florais, nas estampas das roupas e em toda ornamentação em torno dos modelos femininos, como na obra Os Noivos (1937), repleta de arabescos e outros motivos. Pinta também tetos, painéis, móveis e objetos.
Há ainda traços da nova objetividade – movimento alemão que transpõe os limites do real, buscando impregná-lo de poesia –, aproximando-a, pelo tema tratado, da produção do pintor francês Henri Rousseau (1844-1910), especialmente na fase denominada lirismo nacionalista, representada por obras como Família do Fuzileiro Naval (ca. 1937), Família na Praça (1940) e Casamento na Roça (1960).
Os retratos, considerados por alguns críticos a vertente mais fértil de sua obra, constituem a maior parte de sua produção e trazem pessoas de sua família, amigos ou filhos de amigos, intelectuais, artistas e autorretratos. Estão presentes também representações de Cristo e seu martírio, e de outras figuras religiosas. Nessa produção destaca-se ainda As Gêmeas (1940), com a qual recebe o prêmio de viagem ao país, na divisão moderna do Salão Nacional de Belas Artes. A tela retrata as irmãs Léa e Maura sentadas num sofá, com a paisagem de Laranjeiras, bairro do Rio de Janeiro, ao fundo.
Entre 1940 e 1942, vive num hotel em Itatiaia, onde pinta a paisagem local, como na obra Serra de Itatiaia (1940), e dedica-se à decoração de peças e cômodos do hotel.
Em 1941, integra a Comissão Organizadora da Divisão de Arte Moderna do Salão Nacional de Belas Artes, com o arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012) e o contista Aníbal Machado (1894-1964). Em 1943, funda com outros artistas, no Diretório Acadêmico da Escola Nacional de Belas Artes (Enba), o Grupo Guignard, no qual orienta artistas como Iberê Camargo (1914-1994) e Waldemar Cordeiro (1925-1973). A única exposição do grupo é fechada por alunos conservadores e reinaugurada na Associação Brasileira de Imprensa (ABI).
A convite do então prefeito de Belo Horizonte, Juscelino Kubitschek (1902-1976), transfere-se para a cidade no ano de 1944 e leciona num curso livre de desenho e pintura na Escola de Belas Artes, também conhecida por Escola do Parque. Frequentam a escola artistas como Mary Vieira (1927-2001), Amilcar de Castro (1920-2002), Farnese de Andrade (1926-1996) e Lygia Clark (1920-1988). Permanece à frente da escola até 1962, quando, em sua homenagem, esta passa a se chamar Escola Guignard.
Na década de 1960, pinta ainda paisagens imaginantes, como Noite de São João (1961), em que sua palheta volta-se para um cinza esbranquiçado e tudo parece estar em suspensão, sem solo ou pontos de apoio firmes. Não há caminhos, acidentes geográficos, nem distâncias, há apenas um mundo nublado e tristonho.
Alberto da Veiga Guignard consolida-se como um dos mais renomados pintores do modernismo brasileiro do século XX e torna-se influência para outros artistas no país. Reinventa-se em sua produção artística, retratando tanto a paisagem quanto a sociedade brasileira e seu imaginário religioso.
Obras 62
As Gêmeas
Auto-Retrato
Auto-Retrato
Auto-Retrato
Auto-Retrato Vestido de Marinheiro
Exposições 406
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1923 - 1923
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1924 - 22/9/1924
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4/11/1927 - 18/12/1927
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Exposições virtuais 1
Fontes de pesquisa 15
- ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
- FROTA, Lélia Coelho. Guignard: arte, vida. Rio de Janeiro: Campos Gerais, 1997. 340 p.
- FROTA, Lélia Coelho. Guignard: arte, vida. Rio de Janeiro: Campos Gerais, 1997. 340 p.
- GUIGNARD. Uma seleção da obra do artista. Curadoria Sônia Salzstein; apresentação Marilena Chauí. São Paulo: Centro Cultural São Paulo, 1992.
- KLINTOWITZ, Jacob. A Cor na arte brasileira: 27 artistas representativos. São Paulo: Volkswagen do Brasil, 1982.
- LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
- LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
- MORAIS, Frederico. A Olinda de Guignard na casa de Barros Carvalho. Apresentação Gerardo Mello Mourão. Rio de Janeiro: RIOARTE/Fundação Nacional Pró-Memória, 1985.
- MORAIS, Frederico. Alberto da Veiga Guignard. Rio de Janeiro: Monteiro Soares, 1979.
- NAVES, Rodrigo. A Forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Ática, 1996.
- NAVES, Rodrigo. O Brasil no Ar. In: ______. A forma difícil: ensaios sobre arte brasileira. São Paulo: Ática, 1996.
- O HUMANISMO lírico de Guignard. Curadoria Jean Boghici; versão em inglês Carolyn Brisset. Rio de Janeiro: Museu Nacional de Belas Artes, 2000. 287 p., il. color.
- PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
- VIEIRA, Ivone Luzia. A Escola Guignard na cultura modernista de Minas: 1944-1962. Pedro Leopoldo: Companhia Empreendimento Sabará, 1988.
- ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
Como citar
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GUIGNARD.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa8669/guignard. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7