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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Aníbal Machado

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.01.2024
09.12.1894 Brasil / Minas Gerais / Sabará
20.01.1964 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Aníbal Monteiro Machado (Sabará MG 1894 - Rio de Janeiro RJ 1964). Contista, ensaísta e professor. Passa a maior parte da infância em sua cidade natal. Faz o curso ginasial em Belo Horizonte e o secundário no Rio de Janeiro, onde começa a estudar na Faculdade Livre de Direito. Em 1913, retorna a Belo Horizonte, e conclui o curso de direito, em 1...

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Biografia
Aníbal Monteiro Machado (Sabará MG 1894 - Rio de Janeiro RJ 1964). Contista, ensaísta e professor. Passa a maior parte da infância em sua cidade natal. Faz o curso ginasial em Belo Horizonte e o secundário no Rio de Janeiro, onde começa a estudar na Faculdade Livre de Direito. Em 1913, retorna a Belo Horizonte, e conclui o curso de direito, em 1917. Nesse período, publica alguns textos literários na revista Vida de Minas. Em 1923, passa a residir no Rio de Janeiro, e sua casa se torna, em pouco tempo, um ponto de encontro cultural importante da cidade, reunindo escritores, artistas plásticos e artistas teatrais. Autor de uma pequena, mas significativa obra literária, o nome do escritor mineiro é, assim, especialmente lembrado pela sua intensa atuação intelectual, a ponto de o crítico Raúl Antelo afirmar que Aníbal Machado "representa, para o Rio de Janeiro, aquilo que Mário de Andrade significou para São Paulo dos anos 1930 e 1940: um arregimentador - animador cultural, introdutor das vanguardas políticas, intelectual empenhado e partidário". Machado escreve seu primeiro conto - O Rato, o Guarda-Civil e o Transatlântico - em 1925, publicado na revista Estética. Participa da segunda fase do movimento antropofágico. Na década de 1930, funda com Apparício Torelly (o barão de Itararé) o periódico O Jornal do Povo, de vida curta. Colabora ainda com revistas e suplementos literários de importantes jornais como O Correio da Manhã e Diário do Povo. Em 1941, é publicada uma de suas palestras, proferida nesse ano, com o título O Cinema e Sua Influência na Vida Moderna. No mesmo ano, é responsável pela organização da divisão de arte moderna do Salão Nacional de Belas Artes (SNBA). Lança, três anos depois, seu primeiro livro de contos, Vila Feliz, e é eleito presidente da Associação Brasileira de Escritores. Organiza, em 1945, o 1º Congresso Brasileiro de Escritores, em São Paulo, no qual diversos autores elaboram a Declaração de Princípios contra a ditadura de Getúlio Vargas (1882 - 1954). Em seus últimos anos de vida, traduz e adapta, para O Tablado, grupo teatral amador que ajuda a fundar com sua filha, a dramaturga Maria Clara Machado (1921 - 2001), textos e peças de importantes escritores, como do tcheco Franz Kafka (1883 - 1924), do francês George Bernanos (1888 - 1948), e do russo Anton Tchekhov (1860 - 1904).

Comentário Crítico
A parcela da obra ficcional mais lembrada de Aníbal Machado compreende um romance e um conjunto significativo de contos em que se percebe certa filiação estética ao surrealismo. Trata-se, porém, de uma incorporação muito particular das propostas desse movimento de vanguarda francês, que leva o crítico Raúl Antelo a falar em "surrealismo periférico". Essa denominação se explica pelo fato de o escritor incorporar em sua obra alguns dos procedimentos típicos da vanguarda surrealista, como os processos relativos ao mecanismo do inconsciente segundo Sigmund Freud, fundador da psicanálise, os sonhos, os atos falhos, os lapsos de memória, o retorno à infância, a recorrência aos mitos ancestrais e mesmo a escrita automática, mas sem abandonar certos preceitos de verossimilhança da estética realista. Trata-se, em suma, de aproximar procedimentos estéticos opostos ou mesmo excludentes.

Por isso o crítico Cavalcante Proença, em um dos principais estudos sobre a obra de Machado, emprega a imagem dos "balões cativos" para caracterizar uma ficção que se desenvolve em zona fronteiriça, ora calcando o pé no chão da realidade, ora deixando-se arrebatar pelo imaginário, pairando no mundo onírico, e oscilando, desse modo, entre sonho e vigília, espírito e matéria. Se o escritor explora o insólito, nem por isso se abandona a ele, libertando-se das amarras do real. A aparente indecisão por parte do escritor mineiro quanto à adesão às propostas do surrealismo, sem abandonar de vez o apego ao realismo miúdo é compreendida por Fausto Cunha de outra maneira: segundo o crítico, Machado acredita que a "renovação deveria se fazer dentro de estruturas perfeitamente fixadas".

Por isso a relativa adesão ao surrealismo não chega a alcançar a experimentação formal que caracteriza as propostas mais radicais dessa vanguarda francesa liderada por André Breton. O mais longe a que chega Machado é o emprego da escrita automática, técnica que sugere a livre associação de ideias como o recurso narrativo de apenas um dos contos: O Monólogo de Tuquinha Batista. Nos demais contos, o escritor tende a formas mais convencionais. Sua linguagem e estilo sóbrios têm sido caracterizados como clássicos, o que leva Proença a sugerir que os textos do escritor mineiro deveriam servir "para o ensino da técnica literária nas escolas". Cunha diz ainda que a "um escritor como Aníbal repugnava escrever mal, escrever desleixado. Primeiro, porque não saberia fazê-lo sem sair do natural; e segundo, porque esse não era o caminho autêntico da renovação. A renovação deveria fazer-se dentro da língua, incorporando suas conquistas". A sobriedade do estilo de Machado não dispensa, entretanto, o emprego da ironia em alguns de seus melhores contos, como Viagem aos Seios de Duília.

O conjunto de contos de Machado é originalmente publicado com o título de Vila Feliz. Em segunda edição, o volume, ampliado, passa a ser denominado Histórias Reunidas. Ainda em uma edição posterior, de 1965, acrescido de seu primeiro conto, de 1925, é publicado com novo título: A Morte da Porta-Estandarte e Outras Histórias. O volume chega a ser publicado como Tati, a Garota e Outras Histórias. Além dos contos, Machado ensaia a sondagem do inconsciente, na esteira das lições surrealistas, em outro gênero, num livro menos lembrado: O ABC das Catástrofes e a Topografia da Insônia, que ele denomina de ensaio poemático. Publicado separadamente em 1951, em edição com tiragem limitada, esse ensaio poemático é, depois, recolhido em outro livro: Cadernos de João, que reúne escritos de Aníbal Machado em gêneros diversos (poemas em prosa, aforismo etc.).

Já seu romance João Ternura, Lírico e Vulgar é um livro, ao que parece, iniciado ainda em 1926 e anunciado por muitos anos, a ponto de virar lenda, segundo Otto Maria Carpeaux (1900 - 1978)mas só vindo a ser publicado postumamente, em 1965, quando alguns de seus procedimentos caracteristicamente modernistas permitiriam aproximá-lo de Macunaíma, de Mário de Andrade (1893 - 1945), ou de Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade (1890 - 1954).

Obras 3

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Espetáculos 6

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Exposições 3

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Fontes de pesquisa 2

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. R703.0981 P818d
  • LACERDA, André Maria de Araújo Lacerda. O Espaço Ficcional em contos de Aníbal Machado. 2013. 198 f. Tese (Doutorado em Literatura e Cultura) — Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2013. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/bitstream/tede/6230/1/ArquivoTotal.pdf. Acesso em: 24/06/2022

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