Maurício Nogueira Lima
![Cor Retícula, 1961 [Obra]](http://d3swacfcujrr1g.cloudfront.net/img/uploads/2000/01/001833008013.jpg)
Cor Retícula, 1961
Maurício Nogueira Lima
c.i.d.
Texto
Maurício Nogueira Lima (Recife, Pernambuco, 1930 – Campinas, São Paulo, 1999). Pintor, arquiteto, desenhista, artista gráfico e professor. Transita entre a pintura e a comunicação visual, construindo trabalhos a partir da abstração geométrica, da experimentação das cores, e das imagens que percorrem os meios de comunicação de massa.
Muda-se com a família para São Paulo aos 2 anos. Entre 1947 e 1950, estuda artes plásticas no Instituto de Belas Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre. De volta a São Paulo, em 1951, frequenta cursos de comunicação visual, desenho industrial e propaganda no Instituto de Arte Contemporânea do Museu de Arte de São Paulo, onde conhece os artistas gráficos Alexandre Wollner (1928-2018) e Antônio Maluf (1926-2005), e o pintor polônes Leopold Haar (1910-1954), profissionais com quem desenvolve diversos trabalhos.
Na tela Composição 1 (1952), cria ritmos horizontais e verticais, apresentando incidências vermelhas e negras que se contrapõem à superfície branca do suporte. Gradualmente adere à pintura concreta e dedica-se a uma crescente experimentação cromática, como na tela Sem Título (1962), na qual apresenta pequenos quadrados em ocre, azul e verde, distribuídos sobre um fundo vermelho. O uso das cores complementares faz com que a pintura apresente um grande efeito de vibração cromática.
A convite do artista italiano Waldemar Cordeiro (1925-1973) integra, em 1953, o Grupo Ruptura e participa de diversas mostras de arte concreta, além de Bienais e Salões Paulista de Arte Moderna. Estuda arquitetura na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, entre 1953 e 1957. No ano seguinte, é responsável pela criação da logomarca e programação visual da 1ª Feira Internacional da Indústria Têxtil (Fenit), em São Paulo. Em 1960, realiza as primeiras grandes instalações ambientais para indústrias automobilísticas no Salão do Automóvel e é convidado pelo designer suíço Max Bill (1908-1994) a tomar parte na retrospectiva Konkrete Kunst, inaugurada em junho no museu Helmhaus, em Zurique.
A partir de 1964, apropria-se de imagens dos meios de comunicação de massa e constrói trabalhos de alto impacto visual e figurativos, com temas como ídolos do cinema, do futebol e da música pop, além de denúncias contra a ditadura militar (1964-1985). Participa da mostra Proposta 65 (1965), organizada por Waldemar Cordeiro na Fundação Armando Alvares Penteado (Faap). Em 1967, integra a mostra Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM-RJ), e assina o manifesto coletivo “Declaração de Princípios Básicos da Nova Vanguarda”. Retoma a abstração geométrica como tema artístico em 1973, porém com maior liberdade formal.
Ainda na década de 1970, leciona, entre outras escolas, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU/USP), onde cursa mestrado e doutorado na área de estruturas ambientais urbanas, mas não os conclui. Compõe a segunda versão de Objeto Rítmico n. 2 (1974), obra realizada originalmente em 1952, com formas geométricas regulares que se alternam entre as cores amarela e preta. Pela simetria e repetição de um padrão gráfico, o conjunto oferece ao espectador a ilusão óptica de um movimento em espiral.
Nos anos 1980 e 1990, realiza diversos trabalhos em espaços públicos, como a Praça Roosevelt, o Largo São Bento, estações de metrô e no Elevado Costa e Silva, todos em São Paulo.
O artista explora em suas pinturas a oposição entre pequenas áreas de luz e de cor e amplas extensões cromáticas. Como aponta o artista plástico Claudio Tozzi (1944), as obras de Maurício Nogueira Lima são projetadas com base em uma geometria sensível e executadas em gestos leves, revelando um trabalho intimista e reflexivo.
Maurício Nogueira Lima tem variada atuação no campo das artes visuais. Suas composições expandem os limites da abstração geométrica e ilustram, entre outros temas, o momento histórico e os ídolos populares dos meios de comunicação de massa de sua época.
Nota
1. Também denominada de ditadura civil-militar por parte da historiografia com o objetivo de enfatizar a participação e apoio de setores da sociedade civil, como o empresariado e parte da imprensa, no golpe de 1964 e no regime que se instaura até o ano de 1985.
Obras 13
Aberturas Reversas
Corespaço Ativado 4
Futebol Gol do Pelé
Linhas Transcendentais
Exposições 174
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2/7/1955 - 12/10/1955
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4/12/1956 - 18/12/1956
Exposições virtuais 1
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13/5/2024 - 19/5/2024
Fontes de pesquisa 16
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Como citar
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MAURÍCIO Nogueira Lima.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa6094/mauricio-nogueira-lima. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
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