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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

1ª Exposição Nacional de Arte Abstrata

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 06.09.2023
20.02.1953 - 01.03.1953 Brasil / Rio de Janeiro / Petrópolis – Hotel Quitandinha (Petrópolis, RJ)
Organizada pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e realizada no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 20 de fevereiro de 1953, a 1ª Exposição de Arte Abstrata reúne artistas ligados às mais diversas tendências do abstracionismo no Brasil, do abstracionismo lírico aos adeptos da abstração geométrica, como Aluísio Ca...

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Histórico
Organizada pelo Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e realizada no Hotel Quitandinha, em Petrópolis, Rio de Janeiro, em 20 de fevereiro de 1953, a 1ª Exposição de Arte Abstrata reúne artistas ligados às mais diversas tendências do abstracionismo no Brasil, do abstracionismo lírico aos adeptos da abstração geométrica, como Aluísio Carvão (1920-2001), Abraham Palatnik (1928), Antonio Bandeira (1922-1967), Fayga Ostrower (1920-2001), Ivan Serpa (1923-1973), Lygia Clark (1920-1988), Lygia Pape (1927-2004), entre outros. A mostra prepara, em parte, terreno para os grupos concreto e neoconcreto que terão lugar na segunda metade da década, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Organizada e apresentada por Edmundo Jorge (1921), ainda que a concepção do evento, segundo alguns, remonte a Décio Vieira (1922-1988), a 1ª Exposição de Arte Abstrata tem como inspirações as vanguardas europeias representadas nas mostras A Nova Pintura Francesa e seus Mestres - de Manet a Nossos Dias (Ministério da Educação e Saúde, Rio de Janeiro, 1949), de grande impacto entre os artistas, e a 1ª Bienal Internacional de São Paulo (1951), visitada por vários deles. No catálogo, o pintor Edmundo Jorge faz uma "Advertência aos leigos": "A pintura como cópia da natureza teve sua morte decretada em 1839, quando da invenção da fotografia". Livre do assunto, continua ele, "os artistas dirigiram a sua sensibilidade para problemas específicos da pintura". O júri da mostra, formado por Flávio de Aquino (1919-1987), Mário Pedrosa (1900-1981) e Niomar Moniz Sodré (1916-2003), premia obras de Décio Vieira e Lygia Clark.

A Exposição de Arte Abstrata sinaliza uma inclinação das artes visuais brasileiras para a abstração, que desponta nos anos 1940 e se fortalece ao longo da década de 1950. A criação do MAM/RJ (1948), e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP) (1949) e do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp); as exposições e conferências de artistas estrangeiros - como as de Alexander Calder (1898-1976) no MAM/RJ, em 1948 e no Masp, em 1949; a vinda de alguns deles para cá [por exemplo, o casal Vieira da Silva (1908-1992) e Arpad Szenes (1897-1985)]; a atuação do crítico Mário Pedrosa (1900-1981) na imprensa e seu empenho na atualização artística do país; o Atelier-Abstração, criado e dirigido por Flexor (1907-1971), em São Paulo; a vinda de Cicero Dias (1907-2003) ao país em 1948, já ligado à abstração francesa, e as conferências do crítico argentino Romero Brest no mesmo ano; as exposições: 19 Pintores, na Galeria Prestes Maia, em São Paulo, semente do grupo concreto paulista, Do Figurativismo ao Abstracionismo (MAM/SP,1949) e Fotoformas, de Geraldo de Barros (1923-1998), em 1950, no Masp; assim como as Bienais Internacionais de São Paulo, são todos indicadores da proeminência que a abstração terá, a partir de então, em parte considerável da arte brasileira.

Os prêmios concedidos à escultura Unidade Tripartida (1948/1949) de Max Bill (1908-1994) e à tela Formas (1951) de Ivan Serpa, na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, constituem sintomas da atenção despertada pelas novas tendências construtivas na arte. Fundador da Hochschule für Gestaltung [Escola Superior da Forma], em Ulm, Alemanha (1951), Max Bill é o principal responsável pela entrada do ideário concreto na América Latina, sobretudo na Argentina e no Brasil, no período após a II Guerra Mundial (1938-1945). A exposição do artista, em 1951, no Masp e a presença da delegação suíça na 1ª Bienal, no mesmo ano, abrem as portas do país para as novas linguagens plásticas, que serão amplamente exploradas a partir de então. As formulações de Max Bill têm papel destacado na afirmação da arte concreta no Brasil, que se consolida por meio dos artistas reunidos em torno do Grupo Ruptura, em São Paulo (1952) e do Grupo Frente, no Rio de Janeiro (1954), ambos movimentos tributários das correntes abstracionistas modernas das primeiras décadas do século XX - com raízes em experiências como as da Bauhaus, dos grupo De Stijl [O Estilo] e Cercle et Carré [Círculo e quadrado], além do suprematismo e construtivismo soviéticos.

O contexto desenvolvimentista de crença na indústria e no progresso dá o tom da época em que os adeptos da arte concreta no Brasil vão se movimentar. A despeito das matrizes comuns e de uma pauta partilhada, os grupos carioca e paulista se separam em seguida. A investigação dos artistas paulistas enfatiza o conceito de pura visualidade da forma, à qual o grupo carioca opõe uma articulação forte entre arte e vida e uma maior ênfase na intuição como requisito fundamental do trabalho artístico. As divergências entre Rio de Janeiro e São Paulo se explicitam na Exposição Nacional de Arte Concreta (São Paulo, 1956, e Rio de Janeiro, 1957), início do rompimento neoconcreto.

A inegável força da abstração geométrica no país não deve nublar a presença de pesquisas abstratas que seguem outras direções, como a abstração lírica, que se apresenta como uma tentativa de superação da forma pela ultrapassagem dos conteúdos realistas e dos formalismos geométricos - e que conhece adesão de artistas como Antonio Bandeira, e mesmo de caminhos independentes como o de Flexor, cuja defesa da abstração não o aproxima nem da abstração lírica nem dos movimentos concreto e neoconcreto. Um dos méritos da 1ª Exposição de Arte Abstrata é desenhar esse mapa variado dos caminhos que a abstração percorre no Brasil.

Ficha Técnica

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Exposições 3

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Fontes de pesquisa 7

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  • ARANTES, Otília Beatriz Fiori. Mário Pedrosa: itinerário crítico. São Paulo: Cosac & Naify, 2004. 192 p., il. p&b color.
  • CAVALCANTI, Lauro (org.). Quando o Brasil era Moderno: artes plásticas no Rio de Janeiro 1905-1960. Curadoria Lauro Cavalcanti; assistência de curadoria Lucia de Meira Lima. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2001.
  • GEIGER, Anna Bella. Anna Bella Geiger: obras recentes. Texto de Annateresa Fabris. São Paulo: Valu Oria Galeria de Arte, 1999.
  • INSTITUTO ITAÚ CULTURAL. Abstracionismo: marcos históricos. São Paulo: Instituto Cultural Itaú, 1993. 39 p., il. color. (Cadernos história da pintura no Brasil, 4).
  • MORAIS, Frederico. Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: da Missão Artística Francesa à Geração 90: 1816-1994. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995.
  • PONTUAL, Roberto. Arte brasileira contemporânea: Coleção Gilberto Chateaubriand. Tradução Florence Eleanor Irvin, John Knox. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1976.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

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