Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Vieira da Silva

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.10.2022
13.06.1908 Portugal / Distrito de Lisboa / Lisboa
06.03.1992 França / Ile de France / Paris
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Lisbonne du souvenir, 1940
Vieira da Silva
Guache sobre cartão

Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, Portugal 1908 - Paris, França 1992). Pintora, gravadora, desenhista, ilustradora e escultora. Estuda desenho, dos 11 aos 19 anos, com Emília Santos Braga e pintura com Armando Lucena, além de freqüentar cursos de anatomia da Escola de Medicina de Lisboa e aprender música em casa. Em 1928, muda-se para Paris....

Texto

Abrir módulo

Biografia

Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, Portugal 1908 - Paris, França 1992). Pintora, gravadora, desenhista, ilustradora e escultora. Estuda desenho, dos 11 aos 19 anos, com Emília Santos Braga e pintura com Armando Lucena, além de freqüentar cursos de anatomia da Escola de Medicina de Lisboa e aprender música em casa. Em 1928, muda-se para Paris. Prossegue os estudos de desenho na Académie de La Grande Chaumière e de escultura com Bourdelle e, na Academia Escandinava, com Despiau. Abandona a escultura e passa a dedicar-se à pintura e à gravura, tendo estudado com Dufresne, Waroquier, Friesz, Fernand Léger (1881 - 1955), Bissière e Hayter. Em 1930, casa-se com o pintor húngaro Arpad Szenes (1897-1985). Em 1933, faz ilustrações para um livro infantil e as apresenta em sua primeira individual. Em 1939, a artista deixa Paris e volta à Lisboa devido a 2ª Guerra Mundial, confiando suas obras e ateliê à galerista Jeanne Bucher. No ano seguinte, parte para o Brasil e instala-se, inicialmente, no Hotel Internacional, no Rio de Janeiro, onde convive com outros artistas europeus que se exilaram no país. Conhece os poetas Murilo Mendes (1901-1975) e Cecília Meireles (1901-1964) e o pintor Carlos Scliar (1920-2001). No mesmo ano, Vieira e Arpad fazem, para a Escola Nacional de Agronomia, painéis de azulejos e retratos de cientistas, nomeando esse conjunto de Quilômetro 44, referência ao endereço da Escola. Em 1947, retorna a Paris, onde realiza muitas exposições. Em 1949, Pierre Descargues publica a primeira monografia sobre a artista e, em 1954, o crítico Guy Weelen passa a organizar e divulgar a sua obra e a de seu marido, tendo escrito uma série de estudos e organizado diversas exposições. Naturaliza-se francesa em 1956. Em 1963, realiza em Reims, França, seu primeiro vitral, no Ateliê Jacques Simon. Em 1968,  inicia com Charles Marq uma série de vitrais para a Igreja Saint-Jacques, concluídos apenas em 1976. Recebe diversos prêmios e títulos e torna-se membro de associações artísticas como a Académie des Sciences, des Arts et des Lettres de Paris e a Royal Academy of Art de Londres. No Brasil, recebe prêmios na 2ª e  6ª Bienais Internacionais de São Paulo. Em 1990 é fundada em Lisboa a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva.

Análise

Nascida em Portugal, Maria Helena Vieira da Silva estuda na Escola de Belas Artes de Lisboa. Muda-se para Paris em 1928, onde estuda escultura. Passa a dedicar-se à pintura e gravura, estudando com Fernand Léger (1881-1955). Em 1930, casa-se com o artista húngaro Arpad Szenes. Suas obras situam-se entre figuração e abstração. A pintura da artista apresenta uma preocupação em revelar ambigüidades do espaço e da profundidade representados sobre uma superfície plana. Predomina em seus quadros o emprego de uma rede quadriculada, obtida por meio das linhas e de suas interseções, que formam planos semelhantes a quadrados coloridos, como ocorre em La Chambre à Carreaux [O Quarto Quadriculado], de 1935. No quadro L'Atelier Lisbonne [O Ateliê Lisboa], de 1940, pequenos quadrados giram para constituir um interior em perspectiva. No centro da composição, figuras fazem um círculo, lembrando A Dança de Matisse, em um registro espectral. A artista revela também a importância de obras de Bonnard (1867 - 1947), em especial o quadro Le Nappe à Carreaux [A Toalha Quadriculada], que vê ao chegar em Paris, e das composições abstratas de Torres Garcia (1874 - 1949).

O casal Arpad Szenes e Vieira da Silva vem para o Brasil em 1940, devido à Segunda Guerra Mundial, instalando-se no antigo Hotel Internacional, no Rio de Janeiro. Lá convive com intelectuais e pintores, como Cecília Meireles, Murilo Mendes (1901 - 1975) e Carlos Scliar. Em 1941, Vieira da Silva pinta La Forêt des Erreurs [A Floresta dos Errantes], quadro que apresenta um ritmo visual quase vertiginoso e uma gama cromática rebaixada, com predomínio de amarelos e verdes. O casal funda o Ateliê Silvestre, que se transforma em centro de discussões artísticas. Traz ao Brasil a novidade da abstração que, no caso de Vieira da Silva, evoca formas de associação entre cores, texturas, ritmos e intervalos.

Vieira da Silva, ao longo de sua carreira, mantém uma trajetória coerente e independente das correntes artísticas com as quais se deparou. Na opinião do historiador da arte Nelson Aguilar, o impacto de sua obra pode ser reconhecido no Brasil, por exemplo, nos painéis de azulejos realizados para projetos paisagísticos de Burle Marx (1909-1994) e também na obra de Carlos Scliar e Athos Bulcão (1918-2008).

Obras 55

Abrir módulo
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Arraial

Guache sobre papel
Reprodução fotográfica autoria desconhecida

Bahia Imaginée

Têmpera e óleo sobre tela

Exposições 148

Abrir módulo

Fontes de pesquisa 19

Abrir módulo
  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989.
  • AGUILAR, Nelson Alfredo. Figuration et spatialisation dans la peinture moderne brésilienne: le séjour de Vieira da Silva au Brésil (1940-1947). 1984. 314p. Dissertação (Doutorado) Université Jean Moulin ? Lyon III, Faculté de Philosophie, Lyon, 1984.
  • AGUILAR, Nelson Alfredo. Vieira da Silva no Brasil. Colóquio: Artes, Lisboa, n.27, pp. 5-15, 1976.
  • ARAÚJO, Marcelo Mattos (coord.), BAEZ, Elizabeth Carbone (coord.), REGO, Ivonne Felman Cunha (coord.). Arpad Szenes e Vieira da Silva: retratos. Curadoria José Sommer Ribeiro. Rio de Janeiro: Museus Castro Maya, 1997.
  • CHAR, René. Nove agradecimentos a Vieira da Silva. In: VIEIRA da Silva. Texto Murilo Mendes, Mário Cesariny, José Augusto França, René Char. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1970. 217 p., il., pp. 24-25.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • FRANÇA, José Augusto. Da poesia Plástica (Ed. Cadernos de Poesia 1950-1951). In: VIEIRA da Silva. Texto Murilo Mendes, Mário Cesariny, José Augusto França, René Char. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1970. 217 p., il., p. 27.
  • GULLAR, Ferreira. Relâmpagos: dizer o ver. São Paulo: Cosac & Naify, 2003.
  • LASSAIGNE, Jacques. A operação criadora. In: ______ & WEELEN, Guy. Vieira da Silva. Barcelona: Publicações Europa-América, 1978., p. 146-151.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • MENDES, Murilo. Vieira da Silva. In: VIEIRA da Silva. Texto Murilo Mendes, Mário Cesariny, José Augusto França, René Char. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1970. 217 p., il., pp. 19-20.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • ROSENTHAL, Gisela. Vieira da Silva 1980-1992. À procura do Espaço Desconhecido. Lisboa, Colônia, Taschen, 1998.
  • SILVA, Maria Helena Vieira da. Vivíamos assim como uma borboleta. In: TEMPOS de guerra: Hotel Internacional / Pensão Mauá. Curadoria Frederico Morais. Rio de Janeiro: Galeria de Arte Banerj, 1986. (Ciclo de exposições sobre arte no Rio de Janeiro).
  • SILVA, Vieira da. Vieira da Silva nas coleções portuguesas. São Paulo: Masp, 1987.
  • SILVA, Vieira da. Vieira da Silva. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1989. 30 il. color.
  • VALLIER, Dora. Chemins d'approche: Vieira da Silva. Paris, Galilée, 1982. (Écritures/figures).
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: