Aracy Amaral

Aracy Amaral, 2017
Texto
Aracy Abreu Amaral (São Paulo, São Paulo, 1930). Crítica de arte, curadora, historiadora de arte, arquiteta, jornalista, professora. Destaca-se pela inédita pesquisa desenvolvida sobre o modernismo brasileiro e por ser a maior especialista em Tarsila do Amaral (1886-1973).
Gradua-se na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP), em 1959. Antes de concluir os estudos, trabalha no jornal A gazeta como redatora responsável pela página feminina.
Em 1969, obtém título de mestra em história da arte pela Universidade de São Paulo (USP) com o trabalho As artes plásticas na Semana de 22, publicado em 1970. É um dos seus livros mais importantes, tornando-se referência para estudantes e pesquisadores, com sucesso comprovado pelas várias reedições. O movimento modernista, de acordo com Aracy, constitui um grito de renovação emitido pela elite cultural da década de 1920 e 1930, uma vontade de atualização da inteligência e das linguagens. A autora observa que tal mobilização não retorna mais com a mesma força depois, com a internacionalização do Brasil nos anos 1940.
Nas décadas seguintes, lança outros títulos, como Blaise Cendrars no Brasil e os modernistas (1970), que demonstra a influência do escritor e poeta suíço (1887-1961) na formação do pensamento modernista brasileiro, e Tarsila: sua obra e seu tempo (1975). O último é resultado da pesquisa para o doutorado, concluído no mesmo ano, na USP. Recebe bolsa de fomento à pesquisa da Fundação Calouste Gulbenkian, de Lisboa, e da Fundação John Simon Guggenheim, de Nova York.
Inicia na área de museologia como assistente de direção do Museu de Arte Contemporânea da USP (MAC/USP), na década de 1960.
Em 1973, é premiada pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) na categoria de pesquisa. No mesmo ano, organiza a primeira grande exposição de obras dos precursores da videoarte. Com indicações de Hélio Oiticica (1937-1980) e Antonio Dias (1944-2018), seleciona cem artistas. A exposição tem sucesso de público e segue para Buenos Aires. Em 2013, o Sesc São Paulo reedita essa mostra, atualizando as obras para o contexto contemporâneo.
Entre 1975 e 1979, assume a direção técnica da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Enquanto gestora, conduz uma política de renovação das atividades do museu ao propor maior vínculo com instituições e profissionais da América Latina. Observa no acervo quais são as lacunas a suprir e desenvolve um programa para aquisição sistemática de obras de arte. A artista identifica e distingue personagens cuja atuação histórica se revela importante.
Em 1982, torna-se diretora técnica do MAC/USP, cargo que ocupa até 1986. Durante os anos 1980, obtém os títulos de livre docente (1983) e professor titular (1988) na USP, aposentando-se anos depois. Também na década de 1980, publica A hispanidade em São Paulo: da casa rural à capela Santo Antônio (1981), pelo qual recebe o prêmio Jabuti, em 1982, Arte e meio artístico: Entre a feijoada e o x-burger (1982) e Arte para quê? A preocupação social na arte brasileira, 1930-1970 (1984). Seus livros aliam fluência jornalística e rigorosa dedicação de pesquisadora, rastreando documentos dispersos em arquivos particulares e bibliotecas.
Ainda no campo editorial, organiza antologias, compila volumes, redige textos para catálogos de arte e arquitetura, escreve ensaios. Também colabora para diversos órgãos de imprensa no Brasil e no exterior, como O Estado de S. Paulo, Correio da Manhã, Folha de S.Paulo, AUT AUT (Milão) e Arts Magazine (Nova York).
Ao longo da trajetória profissional, realiza importantes curadorias de exposições, como Tarsila: 50 anos de pintura, em 1969, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ); Modernidade: Arte brasileira do século XX, em 1987, no Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris (França); e as edição de 1999 e 2015 do Panorama de arte brasileira, no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM/SP). Também é a curadora da 1ª Trienal do Chile, em Santiago (2009), e da 8ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre (2011).
Como maior especialista em Tarsila do Amaral, Aracy entrevista a pintora diversas vezes durante a pesquisa nas décadas de 1960 e de 1970. É consultora para a pesquisa que origina o website e Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral, com cerca de mil obras da artista, publicado em 2008. Atua também como membro do Comitê Internacional de Premiação do Prince Claus Fund em Haia, na Holanda, de 2003 a 2005, e participa da comissão julgadora de salões e bienais de arte.
Como crítica de arte, além da sólida formação teórica, Aracy é uma profissional atuante. Polêmica, acompanha e questiona a produção de arte contemporânea brasileira, com críticas contundentes à espetacularização das exposições de arte no fim do século XX e à alienação dos artistas jovens do século XXI. Para ela, o trabalho do curador é vinculado à pesquisa histórica e à crítica, o que permite objetivar determinado enfoque com seleção de obras e de temas específicos. Também acredita que o papel do curador é o de acompanhar ativamente, do início ao fim, a realização da exposição.
Aracy Amaral se inscreve no panorama artístico brasileiro como um nome fundamental no campo da pesquisa, da curadoria, da gestão e do ensino.
Obras 1
Exposições 53
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 11
- AMARAL, Aracy A. Cena artística: arte contemporânea. Fórum Permanente, São Paulo, v. 1, n. 1, 2012. Disponivel em: < http://www.forumpermanente.org/revista/edicao-0/textos/cena-artistica-arte-contemporanea >. Acesso em: jun. 2017.
- AMARAL, Aracy A. Entrevista. Revista Patrimônio Cultural Paulistano, São Paulo, n. 212, abril 2014. Disponível em: < https://www.sescsp.org.br/online/artigo/7445_ARACY+AMARAL >. Acesso em: jun. 2017.
- AMARAL, Aracy. Arte e meio artístico: entre a feijoada e o x-burguer: 1961-1981. São Paulo: Nobel, 1983.
- AMARAL, Aracy. Arte para quê?: a preocupação social na Arte brasileira 1930-1970: subsídio para uma história social da Arte no Brasil. São Paulo: Nobel, 1984.
- AMARAL, Aracy. Artes plásticas na Semana de 22. 5. ed. São Paulo, SP: Editora 34, 1998.
- AMARAL, Aracy. Tarsila: sua obra e seu tempo. 3. ed. rev. ampl. São Paulo: Edusp: Editora 34, 2003. 512 p., il. p&b..
- AMARAL, Aracy. Textos do Trópico de Capricórnio artigos e ensaios (1980-2005): Modernismo, arte moderna e o compromisso com o lugar. São Paulo: Editora 34, 2006. v.1, 352 p.
- FONSECA, Rafael. Entrevista Aracy Amaral. Dasartes, n. 42, 5 nov. 2015. Disponível em: < http://dasartes.com.br/materias/entrevista-aracy-amaral/ >. Acesso em: jun. 2017.
- FORTUNA, Maria. ‘Artistas plásticos brasileiros são alienados’ diz historiadora. O Globo, Rio de Janeiro, 13 ago. 2014. Disponível em: < http://blogs.oglobo.globo.com/gente-boa/post/artistas-plasticos-brasileiros-sao-alienados-diz-historiadora-545785.html >. Acesso em: jun. 2017.
- MARTÍ, Silas. Aracy Amaral será curadora do próximo Panorama da Arte Brasileira. Folha de S.Paulo, São Paulo, 15 jan. 2015. Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2015/01/1578430-aracy-amaral-sera-curadora-do-proximo-panorama-da-arte-brasileira.shtml >. Acesso em: jun. 2017.
- OLIVEIRA, Mariana. Aracy Amaral: a ênfase em ‘artistas jovens’ está excessiva. Revista Continente, Recife, 29 nov. 1999. Disponível em: < http://www.revistacontinente.com.br/conteudo/933-a-contenente/revista/conversa/16725-aracy-amaral-a-enfase-em-artistas-jovens-esta-excessiva.html >. Acesso em: jun. 2017.
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ARACY Amaral.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa10/aracy-amaral. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7