Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP)

O Esperado II, 1964
Vlavianos
Ferro
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Texto
Histórico
A criação de um Museu de Arte Contemporânea em São Paulo remete ao ano de 1963 e à doação do acervo do Museu de Arte Moderna de São Paulo - MAM/SP, feita por Ciccillo Matarazzo (1892 - 1977) à Universidade de São Paulo - USP. Ao acervo do MAM/SP somam-se as coleções particulares de Ciccillo Matarazzo e Yolanda Penteado (1903 - 1983); posteriormente, reúnem -se ao núcleo primeiro o espólio Yolanda Mohalyi (1909 - 1978) (com 26 obras da artista) e a coleção Theon Spanudis (364 obras, entre as quais um grande número de trabalhos construtivos posteriores à década de 1960). Em sua fase inicial, o museu funciona no terceiro andar do pavilhão que abriga as Bienais, no Parque do Ibirapuera. O ano de 1985 marca o começo da construção da sede definitiva do MAC, na Cidade Universitária, inaugurada em 1992. A história do Museu de Arte Contemporânea, como de boa parte dos museus brasileiros, relaciona-se à falta de verbas para a ampliação e a renovação do acervo e indicam os sucessivos diretores da instituição nas décadas de 1970 e 1980: Walter Zanini (1925), de 1963 a 1978; Wolfgang Pfeifer (1912 - 2003), de 1978 a 1982; Aracy Amaral (1930), de 1982 a 1986 e Ana Mae Barbosa de 1986 a 1990. Apesar das dificuldades financeiras, o museu chega ao final dos anos 1980 com um acervo de 4.323 obras, entre trabalhos de artistas estrangeiros e brasileiros.
A origem do MAC está diretamente ligada ao MAM/SP e, por conseguinte, à Fundação Bienal de São Paulo (1951). Criado em 1949, o Museu de Arte Moderna pode ser visto como um dos sinais evidentes do desejo de atualização cultural das elites ilustradas paulistanas. Num contexto de expansão industrial que incide sobre a fisionomia da cidade, em franco processo de metropolização, o mecenato privado - sobretudo Ciccillo Matarazzo e Assis Chateaubriand (1892 - 1968) - cumpre papel decisivo na criação de diversas instituições culturais no período. O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand - Masp (1947), o Teatro Brasileiro de Comédia - TBC (1948), a Companhia Cinematográfica Vera Cruz (1949), além da Bienal Internacional de São Paulo, são todas elas iniciativas que sinalizam, cada qual a seu modo, tentativas de aproximação das linguagens artísticas modernas que têm lugar na Europa e nos Estados Unidos após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). No campo das artes visuais, o MAM/SP e a Bienal expressam a atenção despertada pelas novas tendências construtivas na arte, seja pela mostra que inaugura o museu, Do Figurativismo ao Abstracionismo, 1948, seja pelas premiações na 1ª Bienal: a Unidade Tripartida (1948/1949), de Max Bill (1908 - 1994) e a tela Formas (1951), de Ivan Serpa (1923 - 1973).
Reivindicação antiga de artistas e intelectuais, como Mário de Andrade (1893 - 1945) e Sérgio Milliet (1898 - 1966), o projeto de um museu dedicado à Arte Moderna no Brasil tem como modelo o Museum of Modern Art - MoMA de Nova York (1929) e sua tentativa de articulação das diferentes artes: cinema, teatro e artes visuais. A aproximação explícita do museu nova-iorquino - revelada pela correspondência de Milliet, então diretor da Biblioteca Municipal de São Paulo e Nelson Rockfeller - traduz-se em uma doação de obras para o MAM (acordada em 1943 e efetivada em 1949). As contribuições trazidas da Europa ficam a cargo de Ciccillo que, por meio dos amigos Carlos Pinto Alves, na Suíça, e Alberto Magnelli (1888 - 1971), na Itália, entra em contato com galeristas para a aquisição de obras. É Magnelli quem indica o crítico belga Leon Dégand para dirigir o museu, sugestão acolhida pelo empresário.
Os compromissos com o moderno e com as novas tendências abstratas em voga na cena internacional dão o tom do período de Dégand à frente do MAM. A mostra que abre o museu - que engloba de Hans Arp (1886 - 1966) e Victor Vasarely (1908 - 1997) a Flexor (1907 - 1971) e Cicero Dias (1907 - 2003) -, vem acompanhada de uma série de palestras para instruir e preparar o público. No segundo andar do número 230 da rua Sete de Abril (no mesmo edifício onde funciona o Masp), os interessados têm acesso a debates sobre o abstracionismo em suas mais diferentes ramificações. No período de Lourival Gomes Machado (1917 - 1967) como diretor do MAM (a partir de agosto de 1949), é aberta a 1ª Bienal Internacional de São Paulo (1951), que vem selar uma articulação estreita entre as duas instituições, ligadas juridicamente até 1962. A íntima relação entre os órgãos é responsável pela ampliação do acervo do museu, que incorpora as obras premiadas nas mostras internacionais até 1962, quando acaba o "prêmio aquisição".
Os sucessivos conflitos entre a diretoria - ávida por autonomia - e Ciccillo, além da excessiva ligação do museu à Bienal (que faz dele quase um apêndice desta), levam o empresário a decidir pela extinção do MAM, em 1962, e a efetivar a doação de seu acervo à universidade, no ano seguinte. Os "amigos do MAM" organizam exposições pela cidade até que, em 1969, o museu retoma suas atividades regulares em sua nova sede, na marquise do Parque do Ibirapuera. Concomitantemente, parte do antigo museu e de sua história migra para a universidade, o que confere a ele feições particulares associadas ao caráter da instituição que o acolhe. Entre outras coisas, observa-se o destaque, a partir de então, ao caráter educacional e formador do MAC, dirigido por professores universitários.
Obras 240
"Polivolume: disco plástico", idéia para uma progressão serial
A Boba
A Chuva
A Coroa de Espinhos
A Inflação
Exposições 387
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9/6/1964 - 7/1964
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15/9/1964 - 15/10/1964
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9/3/1965 - 31/3/1965
Exposições virtuais 1
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21/8/2022 - 24/6/2021
Links relacionados 1
Fontes de pesquisa 5
- ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva : Diâmetros Empreendimentos, 1976. (Debates, 133).
- AMARAL, Aracy (org.). Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo: perfil de um acervo. Texto Aracy Amaral, Sônia Salzstein. São Paulo: Techint Engenharia, 1988. 391 p., il.color.
- ARRUDA, Maria Arminda do Nascimento. Metrópole e cultura: São Paulo no meio século XX. Bauru: Edusc, 2001. 482 p., il. color., p&b. (Ciências Sociais).
- BARROS, Regina Teixeira de. Revisão de uma história: a criação do Museu de Arte Moderna de São Paulo. 1946-1949. 223p. 2002. Dissertação (Mestrado) - Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP. São Paulo, 2002.
- LOURENÇO, Maria Cecília França. Museus acolhem moderno. 1997. 327p. Tese (Livre-docência) - Departamento de História da Arquitetura e Estética do Projeto, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo - FAU/USP. São Paulo, 1997.
Como citar
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MUSEU de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP).
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/instituicao16713/museu-de-arte-contemporanea-da-universidade-de-sao-paulo-mac-usp. Acesso em: 03 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7