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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Walter Zanini

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.04.2024
21.05.1925 Brasil / São Paulo / São Paulo
29.01.2013 Brasil / São Paulo / São Paulo
Walter Zanini (São Paulo, São Paulo, 1925 – Idem, 2013). Professor, historiador, crítico de arte e curador. Destaca-se por ampliar os espaços de reflexão sobre a arte e o fazer artístico, com singular empenho em observar, estudar e acolher a produção contemporânea.

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Walter Zanini (São Paulo, São Paulo, 1925 – Idem, 2013). Professor, historiador, crítico de arte e curador. Destaca-se por ampliar os espaços de reflexão sobre a arte e o fazer artístico, com singular empenho em observar, estudar e acolher a produção contemporânea.

Realiza graduação (1956) e doutorado em história da arte (1961) na Universidade Paris VIII, na França. Volta ao Brasil e ingressa como professor na Universidade de São Paulo (USP) e, em 1963, se torna o primeiro diretor do recém-inaugurado Museu de Arte Contemporânea (MAC) da USP, permanecendo no cargo por 15 anos (1963-1978). Sua direção no museu contribui de modo determinante para  abertura e maior diálogo entre as obras modernas do acervo e as de novas mídias. O sólido conhecimento em história da arte possibilita a construção de uma política museológica no MAC que valoriza tanto a arte moderna como a contemporânea, garantindo espaço e reconhecimento para experimentações de variadas naturezas, como a videoarte, o livro-objeto, a arte-postal, a arte-xerox, o objeto, o happening, a performance, a arte ambiental, a instalação, o videotexto, entre outras manifestações artísticas.

A disposição de Zanini para promover essa abertura tem origem em sua aproximação com grupos de jovens artistas, desde o início dos anos 1960, com a produção das exposições Jovem Arte Contemporânea (JAC), que abrigam diversas formas de expressão por meio de experiências conceituais e substituem as exposições anuais Jovem Desenho Nacional (JDN) e Jovem Gravura Nacional (JGN). Além da JAC, Zanini realiza as exposições Prospectiva 74 e Poéticas Visuais, em 1977, ambas incentivando a produção experimental, sobretudo ligada à videoarte e à arte-postal. Em 1974, ano da última JAC, são exibidos os primeiros vídeos de artistas brasileiros, um marco na história da videoarte no Brasil e sinal da emergência de uma nova geração que passa a fazer uso de outros suportes para a confecção de seus trabalhos.

Durante sua gestão no MAC são criados dois espaços de produção artística: o Espaço A, destinado às formas tradicionais de arte, e o Espaço B, destinado às novas linguagens. O Espaço B, criado em 1976, abriga o Núcleo de Vídeo-Tape que dispõe de equipamentos de vídeo-arte, entre eles um portapack da marca Sony. Permitindo o acesso aos equipamentos, o núcleo, coordenado por Cacilda Teixeira da Costa (1941) e Marília Saboya, possibilita também a ampliação do repertório de artistas e trabalhos na área.

Na 16ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1981, Zanini atua como curador geral do evento. Nele imprime sua abordagem mais uma vez voltada simultaneamente à apresentação de obras que fundem e transitam por linguagens distintas e à seleção representantes de diversos períodos da história da arte, criando espaços para a apreciação tanto do núcleo histórico de obras quanto de produções experimentais e contemporâneas. Entre os eixos definidos para a mostra, se destaca a seção de arte postal com curadoria de Julio Plaza (1938-2003) e participação de 451 artistas de várias partes do mundo.

Em 1983, Zanini dá continuidade ao trabalho na 17ª Bienal Internacional de São Paulo, com destaque para a participação do grupo Fluxus, que ocupa, ao lado de outros artistas, um espaço dedicado à Arte e Tecnologia, coordenado por Julio Plaza. Nesse setor de "Novas Mídias" – também organizado por Plaza e com curadoria de Berta Sichel – ocorre o evento "Arte e Videotexto", composto de setores de cabodifusão, computadores, satélites de comunicação, slow scan TV, videofone e videotexto. A iniciativa, apesar das limitações tecnológicas do país, segundo as palavras do próprio Zanini, representa um passo adiante dos projetos habituais da instituição.

Zanini tem também importante papel na fundação, em 1970, do Departamento de Artes Plásticas da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e na Pós-Graduação em Artes – pioneira no Brasil na concessão de títulos de mestre (1974) e doutor (1980) na área. Ainda na instituição, exerce os cargos de chefe de departamento (1972-1984) e diretor (1985-1989). Em 1983, escreve os dois volumes da História geral da arte no Brasil, entre outros livros, capítulos de livros e artigos em periódicos. Participa do comitê editorial de diversas publicações no Brasil e exterior como Leonardo e Ars.

No final dos anos 1980, liderados por Zanini, Regina Silveira (1939) e Julio Plaza, professores do departamento de Artes Plásticas da ECA, convidam regularmente artistas, como o espanhol Antoni Muntadas (1942), do estadunidense Doug Hall (1944) e Robert Kaputoff, para colaborações nos cursos de graduação e pós-graduação da universidade e também para diversos workshops que se tornam referência no ensino das artes no país.
 
Zanini é igualmente um dos fundadores da Associação Nacional dos Pesquisadores em Artes Plásticas (Anpap) e do Comitê Brasileiro de História da Arte (CBHA). É nomeado professor titular emérito e se aposenta pelo departamento de Artes Plásticas da ECA/USP.

Walter Zanini tem como marca essencial de sua contribuição para as artes no Brasil o comprometimento de propiciar, em todas as atividades que desenvolve, o diálogo intenso e constante entre artistas, professores e pesquisadores. Seu trabalho à frente do MAC/USP e da Bienal e na universidade colabora de modo decisivo para a criação de um momento frutífero para as experimentações com mídias e novas tecnologias dentro do âmbito da arte contemporânea, bem como para o reconhecimento e a consolidação dessa produção.

Exposições 33

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Fontes de pesquisa 17

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  • AJZENBERG, Elza Maria (org.). MAC USP 40 anos: interfaces contemporâneas. São Paulo: MAC/USP, 2003. (Pesquisa e documentos, 2).
  • ARANTES, Priscila (curadoria). Circuitos paralelos: retrospectiva Fred Forest. Catálogo. São Paulo: Paço das Artes, 2006.
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  • FREIRE, Cristina. Poéticas do Processo. Arte Conceitual no Museu. São Paulo: Iluminuras,.
  • MACHADO, Arlindo (Org.). Made in Brazil: três décadas de vídeo no Brasil. Itaú Cultural: Editora Iluminuras, 2003.
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  • Morre o historiador e crítico de arte Walter Zanini. Disponível em: . Acesso em: 29 jan. 2013.
  • Nota de falecimento do professor emérito da ECA, Walter Zanini. USP. Sala da Imprensa. Disponível em: . Acesso em: 31 jan. 2013.
  • PECCININI, Daisy (Coord). ARTE novos meios/multimeios - Brasil 70/80. São.
  • PRADO, Gilbertto. Breve relato da Pós-Graduação em Artes Visuais da ECA-USP. ARS (São Paulo), São Paulo, v. 7, n. 13, jun. 2009 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1678-53202009000100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 29 out. 2012.
  • Paulo: Fundação Armando Álvares Penteado, 1985.
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  • ZANINI, Waler. A arte de comunicação telemática: a interatividade no ciberespaço. ARS (São Paulo), São Paulo, v. 1, n. 1, 2003 . Disponível em . Acesso em 29 out. 2012.
  • ZANINI, Walter. "Arte e história da arte", Revista Estudos Avançados número 22 - setembro-dezembro-1994.

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