Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Regina Silveira

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.11.2024
18.01.1939 Brasil / Rio Grande do Sul / Porto Alegre
Registro fotográfico André Seiti/Itaú Cultural

Regina Silveira, 2010

Regina Scalzilli Silveira (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1939). Artista multimídia, gravadora, pintora e professora. Com diferentes linguagens, sua obra explora temas que passam pela composição da imagem, pela reinvenção da representação, pelo poder e pela política.

Texto

Abrir módulo

Regina Scalzilli Silveira (Porto Alegre, Rio Grande do Sul, 1939). Artista multimídia, gravadora, pintora e professora. Com diferentes linguagens, sua obra explora temas que passam pela composição da imagem, pela reinvenção da representação, pelo poder e pela política.

Gradua-se, em 1959, em pintura no Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IA/UFRGS), onde é aluna dos pintores Aldo Locatelli (1915-1962) e Ado Malagoli (1906-1994). No início dos anos 1960, tem aulas de gravura com o austríaco Francisco Stockinger (1919-2009) e com Marcelo Grassmann (1925-2013), no Ateliê Livre da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.

Tem aulas de pintura com Iberê Camargo (1914-1994), artista que exerce forte influência na poética de Silveira. Com ele, absorve a maneira de encarar a técnica como um meio e não um fim, e aprende a duvidar dos códigos de representação preestabelecidos e cristalizados.

No fim da década de 1960 e começo de 1970, produz esculturas e serigrafias ainda de forte tradição geométrico-construtiva. Inicia trabalhos com malhas geométricas e perspectivas, como Labirintos (1971). Na série de serigrafias Middle Class & Co (1971-1972), trata da questão da dilaceração do indivíduo na sociedade contemporânea, intervindo sobre fotografias com recortes, diagramações e reticulações. A apropriação de imagens fotográficas torna-se constante na obra da artista, que lhe acrescenta uma dimensão semântica.

Realiza fotomontagens impressas em offset e concebidas como simulacros de cartões-postais turísticos, como Brazil Today: Natural Beauties (1977). Nesta série, agrega a fotografias de lugares históricos e pitorescos, como o Viaduto do Chá ou o Monumento às Bandeiras, imagens de escombros ou de um cemitério de automóveis. Utiliza várias mídias em seus trabalhos, como heliografia, microfilme, xerox, painel eletrônico, videoarte, videotexto e mail-art.

Em 1967, estuda na Faculdade de Filosofia e Letras de Madri como bolsista do Instituto de Cultura Hispânica. Em 1969, é convidada a ministrar cursos na Faculdade de Artes e Ciências da Universidade de Porto Rico. Em 1973, volta ao Brasil e coordena o setor de gravura da Faculdade de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), onde permanece até 1985.

Em 1974, passa a lecionar na Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP). Na mesma instituição, defende dissertação de mestrado em 1980 e obtém o título de doutora em 1984. Como docente, tem importante papel na formação de vários artistas das novas gerações, como Ana Maria Tavares (1958), Rafael França (1957-1991), Mônica Nador (1955) e Iran do Espírito Santo (1963)

Em 1981 e 1983, participa como artista convidada da Bienal de São Paulo. Nessa década, começa a explorar questões relativas à representação visual. Na série Anamorfas (1980), interessa-se pela subversão dos sistemas de perspectiva. Fotografias de objetos cotidianos são redesenhadas com o intuito de obter compressões, dilatações e dobras.

Na obra In Absentia M. D. (1983), sombras agigantadas de alguns dos trabalhos mais famosos do pintor francês Marcel Duchamp (1887-1968) – importante referência para Silveira – são pintadas no chão com base em pedestais vazios. 

Também como parte da investigação referente à perspectiva, Simulacros (1984) é um conjunto cuja característica comum é a representação de sombras criadas com base em distorções projetivas inventadas, nas quais o elemento causador não está presente. Há, nessas obras, referências conceituais ao dadaísmo e ao surrealismo. A artista questiona a natureza da representação visual e sua relação com a percepção. Faz uso da sombra como índice de ausência, de algo de que o observador tem apenas a referência mental.  

No fim dos anos 1980, inclui discussões políticas em suas obras, como a abordagem do papel social da mulher em Carrinho de Chá (1986) e as reflexões sobre o poder em Monudentro (1987). A vertente social segue na produção da década seguinte, sobretudo em Encuentro (1991) e The Saint's Paradox (1994).

De 1991 a 1994, vive em Nova York, com bolsas de estudo concedidas pela John Simon Guggenheim Foundation (1991), pela Pollock-Krasner Foundation (1993) e pela Fulbright Foundation (1994). Em 1995, recebe bolsa de artista residente da Civitella Ranieri Foundation e, em 1998, é novamente artista convidada da Bienal de São Paulo. 

Ainda nos anos 1990, começa a intervir no espaço com a aplicação de silhuetas sombreadas, em tinta ou látex, sobre paredes ou pisos. Algumas obras apresentam ampla relação com a arquitetura, como Vértice (1994) ou Escada Inexplicável II (1999), nas quais oferece ao espectador a ilusão de profundidade.

Recebe o Prêmio Cultural Sergio Motta em 2000. Por meio de trabalhos em vinil e projeções luminosas sobre a fachada de edifícios, passa a interferir no meio urbano. Em Lumen (2002)1, trabalha a luz, com a imagem de uma claraboia e sua multiplicação visual e espacial, gerando figuras que remetem às formadas em caleidoscópio.

Realiza exposições individuais como 1001 Dias e Outros Enigmas (2011), na Fundação Iberê Camargo, e Exit (2018), no Museu Brasileiro de Escultura (MuBE). Recebe em 2011 o Grande Prêmio da Crítica, da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Em 2013, é condecorada pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp) com o Prêmio Masp de Artes Visuais na categoria Conjunto da Obra.

Regina Silveira tem um importante papel na formação de artistas contemporâneos e um trabalho que perpassa várias linguagens das artes visuais e explora questões próprias da representação imagética e temas sociais e políticos.

Nota

1. O trabalho é exposto em 2005 no Museo Nacional Centro de Arte Reina Sofia, Madrid, España.

Obras 63

Abrir módulo
Reprodução fotográfica Humberto Pimentel/Itaú Cultural

A Mesma e a Outra

Pintura e serigrafia, terceira queima sobre azulejos cerâmicos
Registro fotográfico arquivo do artista

Agulha

Ploter
Registro fotográfico Romulo Fialdini

Alfinete

Vinil adesivo
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural

Anamorfas

Lito-offset
Reprodução fotográfica João L. Musa/Itaú Cultural

Anamorfas

Lito-offset

Exposições 685

Abrir módulo

Exposições virtuais 1

Abrir módulo

Mídias (3)

Abrir módulo
A Arte de Desenhar - Ocupação Regina Silveira (2010)
A Arte de Desenhar, 1980, 2'32" - Ocupação Regina Silveira (2010)
Regina Silveira Luz e Sombra, 2009 [Parte I]
Sérgio Roizenblit
Itaú Cultural

Fontes de pesquisa 19

Abrir módulo
  • AFINIDADES II - Elas! Curitiba: Museu Oscar Niemeyer, 2022. Disponível em: https://www.museuoscarniemeyer.org.br/exposicoes/afinidades2. Exposição realizada no período de 26 out. 2022 a 28 mai. 2023. Acesso em: 19 mai. 2023.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997.
  • BIENAL BRASIL SÉCULO XX, 1994, São Paulo, SP. Bienal Brasil Século XX: catálogo. Curadoria Nelson Aguilar, José Roberto Teixeira Leite, Annateresa Fabris, Tadeu Chiarelli, Maria Alice Milliet, Walter Zanini, Cacilda Teixeira da Costa, Agnaldo Farias. São Paulo: Fundação Bienal de São Paulo, 1994. Disponível em: https://issuu.com/bienal/docs/name049464.
  • COELHO NETO, José Teixeira. Regina Silveira, a revelação da sombra. Arte em São Paulo, São Paulo, n. 22, abr. 1984.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • MORAES, Angélica de (org.). Regina Silveira: cartografias da sombra. São Paulo: Edusp, 1996.
  • PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998.
  • POR que Duchamp? Leituras duchampianas por artistas e críticos brasileiros. São Paulo: Itaú Cultural : Paço das Artes, 1999.
  • SILVEIRA, Regina. Anamorfas. São Paulo, 1980. Dissertação (Mestrado) - ECA/USP.
  • SILVEIRA, Regina. Regina Silveira: anamorfas. São Paulo: MAC/USP, 1980.
  • TRIDIMENSIONALIDADE: arte brasileira do século XX. São Paulo: Itaú Cultural: Cosac & Naify, 1999.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
  • __________. Regina Silveira. Apresentação Carlos Cavalcanti. Porto Alegre: Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1966.
  • __________. Regina Silveira. Porto Alegre: Museu de Arte do Rio Grande do Sul, 1961.
  • __________. Regina Silveira: in absentia (stretched). Texto de Walter Zanini. New York: The Queens Museum of Art, 1992. (Contemporary currents). Texto traduzido e revisto por Walter Zanini em 1997.
  • __________. Regina Silveira: inflexões. Porto Alegre: Arte & Fato, 1989.
  • __________. Regina Silveira: inflexões. São Paulo: Galeria Luisa Strina, 1987.
  • __________. Regina Silveira: projectio. Apresentação José Sommer Ribeiro. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: