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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

1º Salão de Maio

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 01.02.2018
25.05.1937 Brasil / São Paulo / São Paulo – Esplanada Hotel
Acervo Itaú Cultural

Capa do catálogo do 1º Salão de Maio, São Paulo, 1937
Acervo Fundação Itaú

Idealizado e batizado por Quirino da Silva (1897-1981), o Salão de Maio conhece três edições, entre 1937 e 1939, na cidade de São Paulo. O intuito dessas exposições coletivas é criar um espaço para a arte moderna nacional, bem como promover o intercâmbio com a produção internacional, o que se dá sobretudo a partir do 2º Salão (1938). O catálogo ...

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Histórico

Idealizado e batizado por Quirino da Silva (1897-1981), o Salão de Maio conhece três edições, entre 1937 e 1939, na cidade de São Paulo. O intuito dessas exposições coletivas é criar um espaço para a arte moderna nacional, bem como promover o intercâmbio com a produção internacional, o que se dá sobretudo a partir do 2º Salão (1938). O catálogo que acompanha a primeira mostra destaca o caráter da iniciativa: ser uma coletiva de arte moderna, e retomar, com diferenças, o caminho aberto pela Sociedade Pró-Arte Moderna (SPAM), criada em 1932 por Lasar Segall (1891-1957). A referência à SPAM não deve indicar filiações exclusivas. De fato, a criação do Salão de Maio vem na esteira de uma série de iniciativas que atravessam a década de 1930, com vistas a consolidar as pesquisas artísticas modernas no país, após as experimentações estéticas da década anterior. Grupos e associações diversas promovem a arte e os artistas modernos, por meio de salões, exposições individuais e coletivas. A Pró-Arte Sociedade de Artes, Letras e Ciências (1931) e o Club de Cultura Moderna (1935), no Rio de Janeiro, ao lado de agremiações paulistanas, como o Clube dos Artistas Modernos (CAM), 1932, o Grupo Santa Helena (1934), Família Artística Paulista (FAP) (1937), são expressões do êxito do associativismo como estratégia de atuação dos artistas na vida cultural do país da época. Tributários das conquistas estéticas do modernismo, os grupos dialogam, cada qual a sua maneira, com esse legado recente. Nessa cena, os três Salões de Maio parecem, segundo alguns comentadores, mais afinados com um caráter vanguardista do que os salões da FAP, por exemplo. O crítico Geraldo Ferraz (1905-1979), um dos organizadores do Salão de Maio, é um dos que frisam o seu experimentalismo contra os pintores da FAP, "tradicionalistas, defensores do carcamanismo artístico da paulicéia". Diferenças e polêmicas à parte, o fato é que vários artistas participam tanto dos Salões da FAP quanto dos Salões de Maio. Além disso, a consideração detida dos trabalhos que integram as exposições de ambas as agremiações permite localizar, em cada uma delas, a presença de obras de feitio conservador, ao lado de outras mais afeitas aos procedimentos de vanguarda.

Paulo Ribeiro de Magalhães, Madaleine Roux e Flávio de Carvalho (1899-1973) integram a comissão organizadora do Salão de Maio, ainda que esse último não oficialmente. O 1º Salão, realizado no Grill Room do Esplanada Hotel a partir de 25 de maio de 1937, conhece sucesso de público e crítica, tendo sido Geraldo Ferraz responsável por sua ampla cobertura jornalística. Dele só participam artistas nacionais, entre os quais: Tarsila do Amaral (1886-1973), Hugo Adami (1899-1999), Victor Brecheret (1894-1955), Lívio Abramo (1903-1992), Waldemar da Costa (1904-1982), Guignard (1896-1962), Cicero Dias (1907-2003), Lasar Segall, Ernesto de Fiori (1884-1945), entre outros. Sem júri nem premiação, a mostra concentra-se na venda e divulgação dos trabalhos. As conferências que acompanham o evento têm grande repercussão. Além das de Álvaro Moreyra (1888-1964) (Uma Porção de Coisas), Flávio de Carvalho (O Aspecto Mórbido e Psicológico da Arte Moderna) e Elias Chaves Neto (O Sentido Político da Arte Moderna), a conferência do cenógrafo moderno Anton Giulio Bragaglia (1890-1960) (As Tendências Modernas da Cenografia) é das mais concorridas, indicam as fontes. O 2º Salão, inaugurado em 27 de junho de 1938 e instalado no mesmo Esplanada Hotel, é considerado por alguns - Paulo Mendes de Almeida (1905-1986), por exemplo - o melhor em qualidade. Por intermédio de Flávio de Carvalho, conta com forte participação estrangeira, entre abstracionistas ingleses - Erik Smith, Roland Penrose (1900-1984), John Banting (1902-1972) e Ben Nicholson (1894-1939) - e mexicanos, como o gravador Leopoldo Méndez (1902-1968) e o pintor Dias de Leon. Entre os artistas nacionais, participam Guignard, Alfredo Volpi (1896-1988), Tarsila do Amaral, Antonio Gomide (1895-1967), Victor Brecheret, Di Cavalcanti (1897-1976), Oswaldo Goeldi (1895-1961), Rossi Osir (1890-1959), Manoel Martins (1911-1979), entre outros. Conferências de Jorge Amado (1912-2001), Carlos Pinto Alves, Aníbal Machado (1894-1964) e Geraldo Ferraz acompanham o evento, que apresenta catálogo com capa de Lívio Abramo e textos de Sérgio Milliet (1898-1966)Mário de Andrade (1893-1945), Flávio de Carvalho, Lasar Segall e Vittorio Gobbis (1894-1968).

O Salão de Maio encerra-se em 1939 em função de desavenças entre a comissão organizadora e Flávio de Carvalho. Diz Geraldo Ferraz, em 28 de abril de 1939: "Depois da realização do II Salão de Maio, e sem que ninguém o pedisse, Flávio de Carvalho aparece com o registro do título do Salão de Maio [..]. Com a minha saída e sinais de uma reorganização diferente da que até então tivera o salão, acreditava Flávio que se dissolvesse o grupo fundador". Os riscos de desvirtuamento da proposta e a perda de seu caráter "revolucionário" são algumas das razões apresentadas por Flávio de Carvalho para justificar a sua atitude, que outros vêem como pura ambição de controlar o evento. De um modo ou de outro, o incidente leva à dissolução do grupo inicial e ao fato de que o 3º Salão seja de exclusiva responsabilidade de Carvalho. Realizada desta vez na Galeria Ita, à rua Barão de Itapetininga, com 39 artistas, a mostra traz, além dos artistas nacionais presentes nas edições anteriores, Clóvis Graciano (1907-1988) e Fulvio Pennacchi (1905-1992). Mas o grande destaque fica por conta da participação estrangeira: Alexander Calder (1898-1976), Josef Albers (1888-1976) e Alberto Magnelli (1888-1971). Palestras, debates, um espetáculo de dança japonesa e um banquete coroam o evento que inova também pelo projeto gráfico da Revista Anual do Salão de Maio - RASM - que funciona como catálogo da mostra -, com capa áspera de alumínio e farta documentação fotográfica. Com essa terceira exposição, encerra-se o Salão de Maio.

Ficha Técnica

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Obras 1

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Exposições 2

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Fontes de pesquisa 5

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  • ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva : Diâmetros Empreendimentos, 1976. (Debates, 133).
  • OSORIO, Luiz Camillo. Flávio de Carvalho. São Paulo: Cosac & Naify, 2000. (Espaços da Arte Brasileira).
  • SALÃO DE MAIO, 1., 1937, São Paulo. 1º Salão de Maio: São Paulo, [s.n.], 1937.
  • ZANINI, Walter (org.). História geral da arte no Brasil. São Paulo: Fundação Djalma Guimarães: Instituto Walther Moreira Salles, 1983. v. 1.
  • ZANINI, Walter. A arte no Brasil nas décadas de 1930-40: o Grupo Santa Helena. São Paulo: Nobel : Edusp, 1991.

Como citar

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