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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Antonio Gomide

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.06.2024
03.08.1895 Brasil / São Paulo / Itapetininga
31.08.1967 Brasil / São Paulo / Ubatuba
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini/Itaú Cultural

Bailarinas, 1946
Antonio Gomide
Óleo sobre tela, c.i.d.
38,00 cm x 46,00 cm

Antônio Gonçalves Gomide (Itapetininga, São Paulo, 1895 – Ubatuba, São Paulo, 1967). Pintor, escultor, decorador e cenógrafo. Antônio Gomide se destaca pela diversidade técnica realiza pinturas a óleo, aquarelas, desenhos, afrescos, cartões para vitrais e projetos decorativos. Apesar de pouco lembrado, é considerado um artista fundamental para o...

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Antônio Gonçalves Gomide (Itapetininga, São Paulo, 1895 – Ubatuba, São Paulo, 1967). Pintor, escultor, decorador e cenógrafo. Antônio Gomide se destaca pela diversidade técnica realiza pinturas a óleo, aquarelas, desenhos, afrescos, cartões para vitrais e projetos decorativos. Apesar de pouco lembrado, é considerado um artista fundamental para o modernismo brasileiro pelo caráter versátil e inovador de sua obra, além de ser um dos precursores da arte decorativa no Brasil.

Muda-se com a família para a Suíça em 1913 e frequenta a Academia de Belas Artes de Genebra até 1918, onde estuda com os artistas suíços Eugène Gilliard (1861-1921) e Ferdinand Hodler (1853-1918). Viaja para a França na década de 1920 e trabalha com o pintor francês Marcel Lenoir (1872-1931), com quem aprende a técnica do afresco. De 1924 a 1926, com um ateliê em Paris, conhece pintores ligados ao cubismo e a outros movimentos de vanguarda, como o art déco. 

Um exemplar desse estilo na obra de Gomide é o quadro Retrato de Vera Azevedo (1920), que, na opinião da crítica Maria Alice Milliet, representa a assimilação máxima do art déco no Brasil, pelo caráter altamente estilizado. Já os quadros Paisagem com barcos e Ponte de Saint-Michel (ambos de 1923) revelam a geometrização e a simplificação formal cubistas, aliados a uma paleta com suaves passagens de tons que remete ao pintor francês Paul Cézanne (1839-1906). 

Algumas obras de Gomide revelam ainda afinidades estilísticas com a produção de Vicente do Rego Monteiro (1899-1970) e Victor Brecheret (1894-1955), artistas com os quais o pintor convive em sua estada em Paris. Uma das mais conhecidas é Cristo (1925), em que permanece o trabalho com volumes, do cubismo, mas exclusivamente de formas circulares, ovais e cilindrícas. Num jogo de luz e sombra, a composição de diferentes planos geométricos articulados produz uma distorção da forma, resultando no que Aracy do Amaral (1930) chamou de “falsa escultura”1

O tema religioso aparece também em outras obras, inclusive em formatos diferentes. De volta ao Brasil em 1929, o artista passa a fazer cerâmicas, tapeçarias e vitrais para igrejas. Uma dessas obras é o afresco Santa Ceia (1933-1934), no qual retoma a técnica aprendida com Lenoir, na França, e reinterpreta elementos da arte renascentista. Elvira Vernashi, autora do livro Gomide (1989), que compila a vida e obra do pintor, afirma que o artista passa a produzir trabalhos de cunho religioso por sugestão de amigos, para atingir um público comprador sem, contudo, perder de vista a qualidade estética.  

A produção de Antônio Gomide nas artes decorativas vai além dos objetos de temática religiosa. Com trabalho inovador, atua como artista-decorador em diversos projetos em São Paulo. Realiza parcerias com o arquiteto modernista Gregori Warchavchik (1896-1972) e os artistas Regina Graz (1897-1973) e John Graz (1891-1980). Ao lado desses dois, é considerado um dos introdutores do estilo art déco no Brasil.

A partir do final da década de 1940, o artista se concentra em pintar figuras femininas, especialmente as mulheres de origem afro. São nus e cenas de dança representadas por meio de diferentes técnicas, mas com um elemento comum: a sensualidade – expressa por meio das cores, que se contrastam entre suaves e fortes, e da voluptuosidade das figuras. Nas pinturas de danças, predomina o ritmo, mais do que a fidelidade às linhas e formas. De acordo com Elvira Vernashi, Gomide busca “captar o caráter da religiosidade afro do nosso povo"2. São exemplos dessa fase as obras Roda de samba (1954) e Cena de samba (1956). 

Apesar da intensa produção artística, seu papel no desenvolvimento da arte moderna brasileira é pouco lembrado. Ainda que não tenha participado da Semana de 22, sua obra tem consonância com os princípios estéticos dos principais movimentos de vanguarda do início do século XX. O curador Walter Zanini (1925-2013), responsável pela primeira exposição retrospectiva do artista, realizada em 1968 no Museu de Arte Contemporânea (MAC) da Universidade São Paulo (USP), refere-se ao pintor como “o impossível omitido da história do nosso modernismo”3. À época, como diretor do museu, Zanini realiza uma grande aquisição de obras do artista, a fim de constituir um acervo para pesquisa. A relevância de Antônio Gomide é reconhecida também por Mário de Andrade (1893-1945), que, em exposição de 1927.

É essencial conhecer Antônio Gomide e reconhecer seu papel na constituição da cultura brasileira, afinal, o artista e sua obra trazem muitos traços de brasilidade, como a inventividade, a pluralidade e a versatilidade. Caracteriza-se, assim, como um nome de relevo das artes plásticas no Brasil.  

Obras 42

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Registro fotográfico Romulo Fialdini

A Samaritana

Óleo sobre tela
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Amazonas

Afresco
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Árvores

Aquarela
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Auto-Retrato

Óleo sobre tela

Exposições 174

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Exposições virtuais 1

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Fontes de pesquisa 19

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  • ALMEIDA, Paulo Mendes de. De Anita ao museu. São Paulo: Perspectiva : Diâmetros Empreendimentos, 1976. (Debates, 133). 709.8104 A447d
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  • BATISTA, Marta Rossetti; LIMA, Yone Soares de. Coleção Mário de Andrade: artes plásticas. São Paulo: USP. IEB, 1984.
  • BRASIL Europa: encontros no século XX. Curadoria Marc Pottier, Jean Boghici. Brasília: Caixa Cultural, 2000. CAT-G DFeccef 2000/b
  • GOMIDE, Antonio. Antonio G. Gomide. São Paulo: A Ponte Galeria de Arte, 1973. il. color.
  • GOMIDE, Antonio. Antonio Gomide. Texto de Walter Zanini. São Paulo: Museu de Arte Contemporânea da USP, 1968.
  • GOMIDE, Antonio; COHN, Glaucia S. (Org.). Antonio Gomide : quatro décadas de modernidade. São Paulo: Dan Galeria, 2001. 64 p., il. p&b color. G633 2001
  • KLINTOWITZ, Jacob. A Cor na arte brasileira: 27 artistas representativos. São Paulo: Volkswagen do Brasil, 1982. 759.98106 K65c
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM. CDR 759.981 L533q
  • MUSEU DE ARTE CONTEMPOR NEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (MAC USP). Antônio Gomide. Disponível em: http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/percursos/percursos_gomide_5.asp. Acesso em: 10 out. 2021.
  • MUSEU DE ARTE CONTEMPOR NEA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (MAC USP). Folder da exposição por ocasião do cinquentenário de morte de Antônio Gomide. São Paulo, 2017. Disponível em: https://repositorio.usp.br/directbitstream/29e511f1-9bf7-4620-83e2-b244b36ab2dd/ANA07_gomide.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.
  • O MODERNO e o contemporâneo na arte brasileira: Coleção Gilberto Chateaubriand do Museu de arte Moderna do Rio de Janeiro. Curadoria Agnaldo Farias; versão em inglês Ann Puntch. São Paulo: MASP, 1998. 708.981 M263rjm
  • PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998.
  • PERFIL da Coleção Itaú. Curadoria Stella Teixeira de Barros. São Paulo: Itaú Cultural, 1998. IC 708 P438
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987. 709.8104 Cg492pr
  • SILVA, Ivanei da. Panorama do acervo da Casa Guilherme de Almeida no circuito das exposições de artes plásticas. Disponível em: https://www.casaguilhermedealmeida.org.br/museu/panorama-acervo-cga.pdf. Acesso em: 10 out. 2021.
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