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Enciclopédia Itaú Cultural
Artes visuais

Vicente do Rego Monteiro

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 19.04.2024
19.12.1899 Brasil / Pernambuco / Recife
05.06.1970 Brasil / Pernambuco / Recife
Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

Retrato de Joaquim do Rego Monteiro, 1920
Vicente do Rego Monteiro
Óleo sobre tela, c.i.d.
42,00 cm x 32,00 cm
Coleção Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (SP)

Vicente do Rego Monteiro (Recife, Pernambuco, 1899 – idem, 1970). Pintor, escultor, desenhista, ilustrador, artista gráfico e poeta. Sua diversificada atuação envolve áreas como a dança, a poesia, a tradução, a docência e, sobretudo, a pintura, fortemente inspirada pela cultura indígena e marcada pela simplificação formal.

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Vicente do Rego Monteiro (Recife, Pernambuco, 1899 – idem, 1970). Pintor, escultor, desenhista, ilustrador, artista gráfico e poeta. Sua diversificada atuação envolve áreas como a dança, a poesia, a tradução, a docência e, sobretudo, a pintura, fortemente inspirada pela cultura indígena e marcada pela simplificação formal.

Muda-se para o Rio de Janeiro em 1908, ano em que inicia os estudos artísticos, acompanhando sua irmã Fedora do Rego Monteiro (1889-1975) em cursos da Escola Nacional de Belas Artes (Enba). No início da carreira, antes de se estabelecer como pintor, dedica-se brevemente à escultura.
Em 1911, a família se muda para Paris, onde o artista frequenta cursos livres das  Academias Colarossi, Julian e de La Grande Chaumière. Participa do Salon des Indépendants [Salão dos Independentes], em 1913, do qual se torna membro societário.

No início da Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ele e a família deixam a França e se estabelecem no Rio de Janeiro, em 1915. Realiza a primeira individual, no Teatro Santa Isabel, em Recife, em 1918, e dois anos mais tarde expõe no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nessa mostra, já revela o interesse pelas lendas e costumes da Amazônia, referência presente em grande parte de suas obras. A curiosidade pela cultura indígena, aliada à grande paixão pela dança, o levam a realizar o espetáculo Lendas, Crenças e Talismãs dos Índios do Amazonas (1921), no Teatro Trianon, no Rio de Janeiro, elogiado pelo poeta e crítico Ronald de Carvalho (1893-1935).

A década de 1920 é o período mais produtivo do artista. Estuda a arte marajoara das coleções do Museu Nacional da Quinta da Boa Vista, o que interfere em sua produção artística. Essa inspiração pode ser notada em aquarelas que representam lendas indígenas, recorrendo à figuração geométrica e também à ornamentação da cerâmica marajoara, como em Mani Oca e O Boto (ambas de 1921).

Em 1921, retorna a Paris e deixa algumas pinturas com Ronald de Carvalho, que decide incluí-las na seleção de obras expostas na Semana de Arte Moderna de 1922. Neste momento, interessa-se pelas estilizações formais do art déco. Na obra A Caçada (1923), o pintor utiliza o recurso de estilização das figuras, que apresentam certa tensão muscular e assumem o aspecto de engrenagens, tendo as obras do pintor francês Fernand Léger (1881-1955) como parâmetro. Em 1923, faz desenhos de máscaras e figurinos para o balé Legendes Indiennes de L'Amazonie.

Preocupado em adaptar temas tradicionais da arte sacra a uma linguagem moderna, produz Pietá (1924), que se destaca pela aparência plástica de relevo e pelo uso de uma gama cromática reduzida, recorrente em sua obra: nuances de ocre, cinza e marrom. O quadro A Crucifixão (1924) apresenta dramáticos efeitos de claro-escuro e é estruturado por meio do rigoroso jogo de linhas horizontais e verticais.

Em Os Calceteiros (1924), o artista expressa sensibilidade com a temática social, mais especificamente com o mundo dos trabalhadores. Dedica-se também às figuras de crianças, muitas vezes representadas ao lado de animais, como em O Menino e os Bichos (1925). Já em o Atirador de Arco (1925), inspira-se na representação do índio realizada anteriormente pelo pintor francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848). Nessa obra, as tensões criadas pela envergadura do arco ecoam em uma sucessão de ondas, em espaço próximo ao do relevo. 

Em 1930, traz ao Recife uma exposição de artistas da Escola de Paris, que inclui, além de suas obras, quadros do pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), do francês Georges Braque (1882-1963) e do italiano Gino Severini (1883-1966). Essa exposição é importante por ser a primeira mostra internacional de arte moderna realizada no Brasil com artistas ligados às grandes inovações nas artes plásticas, como o cubismo e o surrealismo. Além de passar pelo Rio de Janeiro, chega a São Paulo, onde são acrescidas telas de Tarsila do Amaral (1886-1973)

Decora a Capela do Brasil no Pavilhão Vaticano da Exposição Internacional de Paris, em 1937. Ainda nessa década, afasta-se da pintura e dedica-se à ilustração, com  passagem pela redação das revistas Fronteiras, iniciada em 1935, e Renovação, a partir de 1939.

Em 1941, publica seus primeiros versos, Poemas de Bolso, organiza e promove vários salões e congressos de poesia no Brasil e na França. Em 1946, funda a Editora La Presse à Bras, dedicada à publicação de poesias brasileiras e francesas. Também atua como tradutor, e incentiva jovens escritores com auxílio para publicações. A partir da década de 1950, volta a se dedicar com maior intensidade à pintura, e temas regionais se tornam mais comuns em sua produção, é o caso de O Aguardenteiro (fim da década de 1950) e O Vaqueiro (ca.1963).

Em 1960, recebe o Prêmio Guillaume Apollinaire pelos sonetos reunidos no livro Broussais – La Charité (1957). Nesse período, começa a atuar como professor; em 1957 e 1966, dá aulas de pintura na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Pernambuco (EBA/UFPE), e, entre 1966 e 1968, leciona no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília (UnB).

A produção de Vicente do Rego Monteiro tem como eixo comum a simplificação formal e o uso de uma gama cromática reduzida, aspectos aliados à interpretação do art déco. Tem importante papel na interlocução artística entre Brasil e França e na propagação da produção modernista internacional no país natal.

Obras 38

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Reprodução fotográfica Romulo Fialdini

A Crucifixão

Óleo sobre tela

Exposições 282

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Exposições virtuais 1

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Fontes de pesquisa 20

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  • 150 anos de pintura no Brasil: 1820-1970. Rio de Janeiro: Colorama, 1989. xxxxxx
  • AJZENBERG, Elza. Vicente do Rego Monteiro: um mergulho no passado. 1984. 2v. Tese (Doutorado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universiade de São Paulo - FFLCH/USP, São Paulo, 1984.
  • ANJOS JR., Moacir dos; MORAIS, Jorge Ventura de. Picasso ?visita? o Recife: a exposição da Escola de Paris em março de 1930.Revista Estudos Avançados, São Paulo, 34, pp. 313-335, 1998.
  • ARTE no Brasil. São Paulo: Abril Cultural, 1979.
  • AYALA, Walmir. Dicionário de pintores brasileiros. Organização André Seffrin. 2. ed. rev. e ampl. Curitiba: Ed. UFPR, 1997. xxxxxxxx
  • AYALA, Walmir. Vicente, inventor. Rio de Janeiro: Record, 1980. 75 p., il. p.&b.
  • BARDI, Pietro Maria. O modernismo no Brasil. São Paulo: Banco Sudameris, 1978. (Arte e Cultura, 1).
  • BATISTA, Marta Rossetti. Os Artistas brasileiros na Escola de Paris: anos 20. 1987. 265 f. Tese (Doutorado) - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, São Paulo, 1987.
  • BRASIL Europa: encontros no século XX. Curadoria Marc Pottier, Jean Boghici. Brasília: Caixa Cultural, 2000.
  • DACOLEÇÃO: os caminhos da arte brasileira. São Paulo: Júlio Bogoricin, 1986.
  • DICIONÁRIO brasileiro de artistas plásticos. Organização Carlos Cavalcanti e Walmir Ayala. Brasília: Instituto Nacional do Livro, 1973-1980. 4v. (Dicionários especializados, 5).
  • LEITE, José Roberto Teixeira. 500 anos da pintura brasileira. [S.l.]: Log On Informática, 1999. 1 CD-ROM.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988.
  • LEITE, José Roberto Teixeira. Dicionário crítico da pintura no Brasil. Rio de Janeiro: Artlivre, 1988. xxxxxx
  • MODERNIDADE: arte brasilieira do século XX. Prefácio Celso Furtado; apresentação Pierre Dossa; texto crítico Aracy Amaral, Roberto Pontual. Paris: Musée d'Art Moderne de la Ville de Paris, 1988. 352 p.
  • MONTEIRO, Vicente do Rego, ZANINI, Walter (org.). Vicente do Rêgo Monteiro. Tradução Claude Lepine. São Paulo: MAC/USP, 1971. [96 p.], il. color.
  • MONTEIRO, Vicente do Rego. Vicente do Rego Monteiro: pintor e poeta. Rio de Janeiro: 5ª Cor, 1994.
  • MOSTRA DO REDESCOBRIMENTO, 2000, SÃO PAULO, SP. Arte moderna. Curadoria Nelson Aguilar, Franklin Espath Pedroso, Maria Alice Milliet; tradução Izabel Murat Burbridge, John Norman. São Paulo: Associação Brasil 500 anos Artes Visuais/ Fundação Bienal de São Paulo, 2000.
  • PONTUAL, Roberto. Entre dois séculos: arte brasileira do século XX na coleção Gilberto Chateaubriand. Rio de Janeiro: Edições Jornal do Brasil, 1987.
  • ZANINI, Walter. Vicente do Rego Monteiro: artista e poeta 1899-1970. São Paulo: Empresa das Artes, 1997.

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