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Enciclopédia Itaú Cultural
Cinema

Arrigo Barnabé

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 05.07.2024
14.09.1951 Brasil / Paraná / Londrina
Reprodução fotográfica Marcus Leoni/Itaú Cultural

Arrigo Barnabé, 2022

Arrigo Barnabé (Londrina, Paraná, 1951). Compositor, instrumentista, cantor. Importante nome da vanguarda paulistana, Arrigo Barnabé funde ritmos eruditos com o rock e a MPB, entre outras referências musicais, para criar uma obra inovadora e provocativa com toques de comicidade.

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Arrigo Barnabé (Londrina, Paraná, 1951). Compositor, instrumentista, cantor. Importante nome da vanguarda paulistana, Arrigo Barnabé funde ritmos eruditos com o rock e a MPB, entre outras referências musicais, para criar uma obra inovadora e provocativa com toques de comicidade.

Os pais e o irmão Paulo Barnabé, também músico e seu colaborador eventual em projetos, estimulam sua formação erudita. Compositores como o húngaro Béla Bartók (1881-1945) e o russo Igor Stravinsky (1882-1971) e as ideias sobre composição do austríaco Arnold Schöenberg (1874-1951) tornam-se influências importantes em seu desenvolvimento musical.
Muda-se para São Paulo em 1970 para estudar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da Universidade de São Paulo (USP). Entre 1974 e 1979, cursa música na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da mesma universidade e se forma em composição. Tem aulas de piano com Eduardo Hazan e Caio Pagano (1940) e de composição com Willy Corrêa de Oliveira (1938). Participa do Festival Universitário da TV Cultura (1979) com a canção Diversões eletrônicas, em parceria com Regina Porto, e ganha o primeiro prêmio.

Integra movimento de vanguarda na música paulistana e influencia outros artistas do grupo ao inserir atonalismo e serialismo na MPB. As questões da voz se tornam um diferencial em toda a produção do artista: o estilo de cantar rouco, grave e rasgado remete ao cantor estadunidense Tom Waits (1949). Em seus arranjos, também utiliza padrões de fala e exploração das vozes agudas.

Em 1972, inicia a composição do disco Clara Crocodilo, influenciado pela obra do escritor estadunidense Ezra Pound (1885-1972), que defende a necessária atenção aos sons das palavras no curso da escrita. O trabalho, originalmente de 1980, conta com a participação da banda Sabor de Veneno e é relançado em 1983, mesmo ano em que compõe A Saga de Clara Crocodilo para a Orquestra Sinfônica Juvenil do Estado de São Paulo e grupo de rock. Escreve a trilha sonora para o filme Janete (1982), de Chico Botelho (1948-1991), e recebe o prêmio da categoria no Festival de Gramado.

Tubarões voadores (1984) é eleito pela revista francesa Jazz Hot como um dos mais importantes discos do mundo. Este e Clara Crocodilo são considerados os discos mais importantes de Barnabé e compartilham traços comuns: as duas obras compensam seus aspectos serialistas e atonais com ostinatos rítmicos (motivos ou frases musicais sempre repetidos), diálogos falados e uma estrutura narrativa linear.

Esse tipo de narrativa está associado tanto às HQs como ao cinema e aos programas policiais de rádio e TV. Também é uma marca dos sambas dos anos 1930, que influenciam a vanguarda paulistana. O músico coloca células de samba em seus motivos musicais, porém com temática urbana, marginal e dramática, ressaltada pela influência dos cartunistas estadunidenses Will Eisner (1917-2005) e Robert Crumb (1943) e o brasileiro Luiz Gê (1951). Sua intenção de ressaltar os "horrores do entretenimento de massa" reflete as frustrações com o período de redemocratização do país.

O músico propõe uma linguagem poética e musical anticonvencional, mesclando música erudita, vanguarda, rock e MPB. Retoma assim experiências radicais do Tropicalismo, agregando "locuções radiofônicas" e outros aspectos, como o dodecafonismo de Schöenberg e a música concreta. A preocupação em fazer com que a palavra saia fluente e natural dentro da frase musical se evidencia a partir da década de 1980, como no disco Suspeito (1987).

Em 1986, lança a trilha do filme Cidade oculta, de Chico Botelho, que ganha prêmio no Riocine Festival. Além da composição musical para o cinema, atua como ator nos filmes Nem tudo é verdade (1985), de Rogério Sganzerla (1946-2004), interpretando o ator e diretor estadunidense Orson Welles (1915-1985), e Anjos da noite (1987), de Wilson Barros (1948-1992), e na novela Direito de amar (1987) na Rede Globo. O álbum Façanhas (1992), que inclui parcerias com Paulo Braga (1963) e Péricles Cavalcanti (1947), expõe um aspecto mais pop porém mantém, mesmo nas canções românticas, uma comicidade sombria, que também permeia sua assinatura como compositor de trilhas sonoras. Sua peça Nunca conheci quem tivesse levado porrada, para a Orquestra Jazz Sinfônica, banda de rock e quarteto de cordas é apresentada em São Paulo em 1994. Em 1996, o músico é convidado para Sonidos de las Américas: Brasil, em Nova York. Monta e grava a opereta Gigante Negão (1998), com participação de Itamar Assumpção (1949-2003).

Em 2004, lança a coletânea 25 anos de Clara Crocodilo, que inclui as obras Clara Crocodilo, Tubarões voadores, Gigante Negão, A saga de Clara Crocodilo e Uma suíte a quatro mãos. No mesmo ano, grava o réquiem Missa in memorian – Arthur Bispo do Rosário e idealiza e apresenta o programa Supertônica, na Rádio Cultura de São Paulo. Em 2005, escreve a ópera Enquanto estiverem acesos os avisos luminosos com libreto e direção do romancista e diretor de teatro francês Bruno Bayen (1950-2016). Lança outro réquiem, Missa in memorian – Itamar Assumpção, em 2007. Sob encomenda do grupo de percussão Drumming, compõe Caixa da música e Out of cage, peças cênicas para percussão, estreadas no Teatro Nacional São João em Porto (Portugal) em 2008. Também lança Arrigo Barnabé e Paulo Braga – Ao vivo em Porto. Em 2009, grava o DVD Metamorfose com a Orquestra à Base de Corda em Curitiba (Paraná). Entre 2010 e 2011, dedica-se ao show Arrigo Barnabé em caixa de ódio interpretando canções de Lupicínio Rodrigues (1914-1974), com lançamento de DVD. Nesse trabalho, ressalta os aspectos comuns de angústia, raiva e revolta presentes nas obras do cantor.

A linguagem musical peculiar de Arrigo Barnabé provoca o encontro do erudito com a vanguarda. Seu estilo inventivo e contestador influencia diversos artistas, como Itamar Assumpção e Carlos Careqa (1961), e determina seu espaço como pensador da música e artista em constante evolução.

Obras 26

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Espetáculos 7

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Exposições 3

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Mídias (1)

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Arrigo Barnabé - série Cada Voz (2023)
O músico Arrigo Barnabé fala sobre o álbum "Clara crocodilo" (1980), seu maior sucesso. Acompanhado pela banda Sabor de Veneno, o artista apresenta uma ruptura em relação ao que era feito na época, tanto no seu formato quanto na sua temática. Barnabé também fala de como foi crescer em um ambiente cultural, incentivado por sua mãe.

Cada voz
A série “Cada voz” é um projeto da "Enciclopédia Itaú Cultural" com registros de depoimentos de artistas de diferentes áreas de expressão, como literatura, música, teatro e artes visuais. Conduzidos pelo fotógrafo Marcus Leoni, os vídeos capturam o pensamento dos artistas sobre seu processo de criação e sua visão sobre a própria trajetória. Os registros aproximam o público do artista, que permite a entrada no camarim, no ateliê ou na sala de escrita.

ITAÚ CULTURAL

Presidente: Eduardo Saron
Gerente do Núcleo Enciclopédia: Tânia Rodrigues
Coordenação: Luciana Rocha
Produção de conteúdo: Pedro Guimarães
Gerente do Núcleo Audiovisual: André Furtado
Coordenação: Kety Nassar
Produção audiovisual: Amanda Lopes
Edição de conteúdo acessível: Richner Allan
Direção, edição e fotografia: Marcus Leoni
Montagem: Renata Willig
Interpretação em Libras: FFomin Acessibilidade e Libras (terceirizada)

O Itaú Cultural integra a Fundação Itaú. Saiba mais em fundacaoitau.org.br.

Fontes de pesquisa 10

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  • BARNABÉ, Arrigo. Caixa de ódio. Disponível em <http://www.cronopios.com.br/tv-cronopios-shows/arrigo_barnabe/ . Acesso em 11 jan. 2012.
  • CAMPOS, Diego de Morais . Labirintos pós-tropicalistas: Arrigo Barnabé na história musical brasileira. [PDF] de revistachronidas.com.br, 2009.
  • CAVAZOTTI, André. O serialismo e o atonalismo livre aportam na MPB: as canções do LP Clara Crocodilo de Arrigo Barnabé. Belo Horizonte, v. 1, 2000. p. 5-15. Disponível em: http://musica.ufmg.br/permusi/port/numeros/01/num01_cap_01.pdf.
  • NESTROVSKI, Arthur (Org.). Música popular brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2002.
  • OLIVEIRA, Laerte Fernandes de. Em um porão em São Paulo: o Lira Paulistana e a produção alternativa. São Paulo: Annablume, 2002.
  • Programa do Espetáculo - Esperando Godot - 1998. Não Catalogado
  • Programa do espetáculo - Desconhecidos. Não catalogado
  • SOUZA, Tárik de. Microfones abertos: com a última palavra, Arrigo Barnabé. In: O som nosso da cada dia. Porto Alegre: L&PM, 1983, p. 195-199.
  • STROUD, Sean. Música popular brasileira experimental: Itamar Assumpção, a vanguarda paulista e a tropicália. Revista USP, São Paulo, n. 87, nov. 2010 Disponível em : http://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/13832/15650 Acesso em: 27 nov. 2013.
  • THUNDERBIRD. Showlivre.com 5 ago. 2008. Disponível em http://youtu.be/OyGN8LP0G8w Acesso em 11 jan. 2012.

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