Ordenação

Tipo de Verbete

Filtros

Áreas de Expressão
Artes Visuais
Cinema
Dança
Literatura
Música
Teatro

Período

A Enciclopédia é o projeto mais antigo do Itaú Cultural. Ela nasce como um banco de dados sobre pintura brasileira, em 1987, e vem sendo construída por muitas mãos.

Se você deseja contribuir com sugestões ou tem dúvidas sobre a Enciclopédia, escreva para nós.

Caso tenha alguma dúvida, sugerimos que você dê uma olhada nas nossas Perguntas Frequentes, onde esclarecemos alguns questionamentos sobre nossa plataforma.

Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Caio Pagano

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 20.01.2017
14.05.1940 Brasil / São Paulo / São Paulo
Caio César Pagano (São Paulo, São Paulo, 1940). Pianista, concertista, professor. Entre 1948 e 1958, estuda piano com Lina Pires de Campos (1918-2003), na Escola Magda Tagliaferro. Em 1954, inicia sua carreira como recitalista e, em 1956, torna-se solista na Orquestra Sinfônica Brasileira, sob regência de Eleazar de Carvalho (1912-1996). Aprimor...

Texto

Abrir módulo

Biografia
Caio César Pagano (São Paulo, São Paulo, 1940). Pianista, concertista, professor. Entre 1948 e 1958, estuda piano com Lina Pires de Campos (1918-2003), na Escola Magda Tagliaferro. Em 1954, inicia sua carreira como recitalista e, em 1956, torna-se solista na Orquestra Sinfônica Brasileira, sob regência de Eleazar de Carvalho (1912-1996). Aprimora seus estudos musicais com Magda Tagliaferro (1893-1986), em Paris e Salzburg, em 1958; Moises Makaroff, em Buenos Aires, em 1961; Sequeira Costa (1929), em Lisboa, em 1964; Helena Costa (1913-2006), no Porto, em 1965; Karl Engel (1923-2006), em Hannover, entre 1966 e 1968; e Conrad Hansen (1906-2002), em Hamburgo, de 1968 a 1970.

Como concertista internacional, destacam-se as exibições solo com a Orquestra Sinfônica de Baltimore, a Orquestra Nacional de Washington, a Orquestra Phoenix e a Orquestra Filarmônica da Radio France. No Brasil, atua em concertos com a Orquestra Sinfônica Brasileira e a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp). Apresenta-se, também, com as orquestras nacionais da Guatemala, de Portugal e da República Tcheca, além das orquestras de câmara de Zurique e da Holanda. Participa de produções ao lado dos músicos Maria João Pires (1944), Emmanuele Baldini (1971), Gérard Caussé (1948), Pierre Fournier (1906-1986), Janos Starker (1924-2013), Thomas Friedli (1946-2008), Albor Rosenfeld (1943), e de grupos como o Quarteto de St. Petersburgo e o Trio Jacques Thibaud.

Em 1963, começa a lecionar nos Seminários Musicais da Pró-Arte. Entre 1970 e 1984, torna-se professor do Departamento de Música da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), onde cria a Bienal Internacional de Música.

Em 1981 é condecorado com o título de Comendador da Ordem do Ipiranga pelo governo do estado de São Paulo. Em 1984, muda-se para os Estados Unidos e obtém o doutorado em Música, pela Universidade Católica da América, Washington D. C. Nesse mesmo ano, torna-se professor-visitante da Universidade Cristã do Texas, Estados Unidos, posto que também ocupa, posteriormente, na Universidade de Lübeck, Alemanha.

Em 1986, ganha a competição de piano do II Prêmio Eldorado de Música, por seus desempenhos de “Prelúdio e Fuga n. 15”, do segundo volume de O Cravo Bem-Temperado, do alemão Johan Sebastian Bach (1685-1750), “Noturno Op. 27 n. 1”, do francês Frédéric Chopin (1810-1849), e “Toccata”, do francês Claude Debussy (1862-1918), registrados no disco Concursos de Piano Eldorado 1960/61/62 (1985). Sua discografia conta com cerca de vinte e cinco títulos. Desde 1990, é um artista Steinway.

Ainda em 1986, atua como professor da Universidade do Estado do Arizona. Recebe o título de professor-regente, em 1999, e cria o Brazilian Arts Festival, em 2000. Muda-se para Portugal e, de 2001 a 2002, ocupa a direção artística do Centro para Estudos das Artes, em Belgais. Entre 2002 e 2010, torna-se coordenador de estudos de piano no Instituto Politécnico de Castelo Branco e, de 2003 a 2007, colabora com projetos especiais do Ministério da Cultura português.

Análise
De natureza cosmopolita, Pagano coloca sua arte a serviço da disseminação da cultura, sem distinções geográficas ou estilísticas.

Isso é visível, por exemplo, em sua atuação internacional. Ao evitar produzir-se apenas nos grandes centros econômicos e culturais, como Europa e Estados Unidos, a carreira do instrumentista estende-se por diversos países das Américas. Faz concertos em países como Venezuela, México, Colômbia, Uruguai, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Porto Rico, Haiti e Jamaica.

Seu repertório inclui compositores renomados, como os alemães Johann Sebastian Bach, Ludwig van Beethoven (1770-1827), Johannes Brahms (1833-1897) e Robert Schumann (1810-1856), o austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), o polonês radicado na França Frédéric Chopin, o austro-húngaro Franz Liszt (1811-1886) ou o russo Sergei Rachmaninoff (1873-1943) – dos quais o pianista executa alguns de seus mais virtuosos concertos. Inclui, também, compositores modernos menos difundidos, como o húngaro Béla Bartók (1881-1945), o russo Igor Stravinsky (1882-1971) e os austríacos Arnold Schoenberg (1874-1951) e Alban Berg (1885-1935), e contemporâneos, como o belga Henri Pousseur (1929-2009), os brasileiros José Antônio Resende de Almeida Prado (1943-2010), Gilberto Mendes (1922-2016), Willy Corrêa de Oliveira (1938) e o norte-americano James DeMars (1952).

Estilisticamente, tal característica pode ser compreendida pela escolha das obras executadas em cada um dos países nos quais se apresenta. Pagano subverte a lógica comum do mercado cultural, que induz à execução de compositores clássicos e românticos em território nacional e de compositores brasileiros no exterior. O pianista sente-se à vontade tanto para interpretar Bach, Beethoven ou Brahms na terra natal desses compositores, quanto para mostrar aos alemães as obras de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), de Pousseur, de Camargo Guarnieri (1907-1933) e de Almeida Prado. No mesmo sentido, seus programas incorporam obras de Corrêa de Oliveira, de Schoenberg e de Chopin, e são difundidos não apenas nos palcos holandeses do Concertgebouw (Amsterdã) ou do Diligentia Theatre (Haia), como também no Conservatório Nacional da Guatemala.

Dessa forma, as composições brasileiras – colocadas em plano mais exótico por pianistas internacionais  ou reconhecidas por eles apenas nas obras nacionalistas do século XX (como as de Villa-Lobos ou Camargo Guarnieri) – ocupam o primeiro plano na carreira de Pagano. Ele se torna um ardente colaborador da música contemporânea brasileira desde a década de 1970. Isso se dá sobretudo no exercício da carreira como professor da USP, onde tem contato com compositores de vanguarda, como Willy Corrêa de Oliveira e Gilberto Mendes, criadores da Sociedade Ars Viva e do Festival de Música Nova. Desde então, estreia uma série de obras, com mais de duas dezenas dedicadas à música contemporânea. Entre elas, destacam-se: 6a Sonatina (1965), de Camargo Guarnieri; Akronon (1979), de Hans-Joachim Koellreutter (1915-2005); Phantasiestueck II (1973), de Corrêa de Oliveira; Cartas Celestes III (1981), de Almeida Prado, Vento Noroeste (1981) e Concerto para Piano e Orquestra (1982), de Gilberto Mendes; Concerto n. 3 para Piano e Orquestra (1983), do guatemalteco Jorge Sarmientos (1931-2012); Tapestry II (1988) e Concerto para Piano e Orquestra (1995), de James DeMars. Muitas dessas obras fazem parte da discografia do instrumentista, grande parte em primeira gravação, em selos nacionais e internacionais. Essas são contribuições significativas para música brasileira que o pianista divulga internacionalmente.

O envolvimento com a música contemporânea leva-o a traduzir o livro Apontamentos de Aprendiz, do francês Pierre Boulez (1925-2016). Além disso, profere conferências e participa de festivais importantes, como o Música Nova e os Cursos Latino-Americanos de Música Contemporânea (atuando como professor em sua 19a edição), com recitais dedicados à música contemporânea. O pianista difunde a música do século XX em vários lugares do mundo, sobretudo no Brasil. Executa, por exemplo, o Concerto Op. 42, de Schoenberg, em São Paulo, na Costa Rica e na Guatemala. Apresenta recitais (alguns deles, em versão integral) com a obra desse compositor em cidades, como Santos, São Paulo, Rio de Janeiro, Teresópolis, Belém, Belo Horizonte, Porto Alegre, Lucerna (Suíça), Kriens (Suíça), Washington D.C. (Estados Unidos), Tempe (Estados Unidos), Caracas (Venezuela), Amsterdam (Holanda), Miami (Estados Unidos) e Porto (Portugal).

A discografia do pianista revela que ele não se detém apenas na música nova. Contempla, com mesmo peso e liberdade, compositores clássico-românticos e modernos, nacionais e internacionais. Entre seus trabalhos, Remembrance é apontado como álbum da semana pela Rádio americana KBAQ em 2008, e Villa-Lobos: Musik für Kinder, como álbum do mês pela BBC Music Magazine.

Fontes de pesquisa 8

Abrir módulo
  • BEZERRA, Marcio. A Unique Brazilian Composer: a study of the music of Gilberto Mendes through selected piano pieces. Bruxelas: Alain van Kerckhoven, 2000.
  • BOULEZ, Pierre. Apontamentos de Aprendiz. Textos reunidos e apresentados por Paule Thévenin. Tradução de Stella Moutinho, Caio Pagano e Lídia Bazarian. São Paulo: Editora Perspectiva, 1995. (Coleção Signos/Música).
  • CALDEIRA FILHO, João. A Aventura da Música. Vol. 2. São Paulo: Ricordi, 1971.
  • CATANZARO, Tatiana; PAGANO, Caio. Correspondência com Caio Pagano. Paris/Estados Unidos: julho de 2014.
  • COELHO, João Marcos. No Calor da Hora: música e cultura nos Anos de Chumbo. São Paulo: Algol Editora, 2008.
  • LEIBOWITZ, René. Schoenberg. Posfácio de Caio Pagano. São Paulo: Editora Perspectiva, 1981. (Coleção Signos/Música).
  • PAGANO, Caio. Caio Pagano, Pianista. Site pessoal do pianista. Estados Unidos: Arizona State University. Disponível em: < http://www.public.asu.edu/~pagano/index.html >. Acesso em: 16 jul. 2014.
  • PAGANO, Caio. Caio Pagano’s Resume. Currículo detalhado do pianista. Manuscrito, Estados Unidos, s.d.

Como citar

Abrir módulo

Para citar a Enciclopédia Itaú Cultural como fonte de sua pesquisa utilize o modelo abaixo: