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Enciclopédia Itaú Cultural
Música

Geraldo Azevedo

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 27.12.2019
11.01.1945 Brasil / Pernambuco / Petrolina
Kuarup Fotos Itaú Cultural

Cantoria - Elomar, Geraldo Azevedo, Vital Farias e Xangai, 1984
Elomar, Geraldo Azevedo, Xangai

Geraldo Azevedo de Amorim (Petrolina, Pernambuco, 1945). Compositor, cantor, violonista, arranjador e diretor musical. Sua obra explora uma vasta diversidade de ritmos nordestinos aliada às harmonias da bossa nova.

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Geraldo Azevedo de Amorim (Petrolina, Pernambuco, 1945). Compositor, cantor, violonista, arranjador e diretor musical. Sua obra explora uma vasta diversidade de ritmos nordestinos aliada às harmonias da bossa nova.

Nascido no distrito rural de Jatobá, vive a infância à beira do Rio São Francisco – tema de muitas de suas composições. Aos 13 anos, muda-se para Petrolina, onde convive com serenatas e músicas ouvidas em rádio, disco e cinema. Autodidata, tira de ouvido as músicas de João Gilberto (1931-2019) ao violão, o que influencia sua maneira de tocar o instrumento.

A essas referências se somam cirandeiros, repentistas e a Banda de Pífanos de Caruaru, que conhece ao se mudar para Recife em 1963. Nesse meio, trava contato com a cantora Teca Calazans (1940), o percussionista Naná Vasconcelos (1944-2016) – integrantes do grupo folclórico Construção –, e o compositor Carlos Fernando (1938-2013), que se torna um de seus parceiros mais frequentes. Com ele, compõe o frevo de bloco “Aquela Rosa”, vencedor da I Feira de Música Popular do Nordeste em 1967. Considerado um dos melhores instrumentistas da noite recifense, em 1967, vai para o Rio de Janeiro a convite da cantora Eliana Pittman (1945).

No ano seguinte, forma o Quarteto Livre, com Naná Vasconcelos, Franklin da Flauta (1949) e Nelson Ângelo (1949). Inspirado no Quarteto Novo, o conjunto acompanha a temporada de Geraldo Vandré (1935) no auge do sucesso da canção “Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores (Caminhando)” (1968). Com ele, compõe “Canção da Despedida” (1968), gravada apenas com o fim da ditadura1. Com a promulgação do AI-5, Vandré deixa o Brasil, e o grupo se dissolve. Detido pelos militares por 41 dias, Geraldo afasta-se temporariamente da música.

Retoma a carreira incentivado por Alceu Valença (1946), com quem compõe “Planetário” e “78 Rotações”, qualificadas para o IV Festival Universitário de MPB de 1971. No ano seguinte, embolada “Papagaio do Futuro”, defendida por Jackson do Pandeiro (1919-1982) no Festival Internacional da Canção, não se classifica, mas rende convite à dupla para gravar o disco Geraldo Azevedo & Alceu Valença (1972). O álbum, conhecido como Quadrafônico por utilizar a tecnologia duplo-estereofônica2, funde rock com sonoridades regionais, como frevo e baião, em orquestrações de Rogério Duprat (1932-2006). Considerado experimental, o disco não obtém sucesso comercial. Os compositores atuam ainda no filme A Noite do Espantalho (1974), de Sérgio Ricardo (1932), com direção musical de Geraldo Azevedo.

Após a segunda prisão, trabalha na direção musical da peça Lampião no Inferno (1975), de Luiz Mendonça (1931-1995), da qual participa a cantora paraibana Elba Ramalho (1951), importante intérprete de sua obra.

Depois de emplacar sucessos em trilhas de novelas da Rede Globo, grava seu primeiro LP solo pela Som Livre, em 1977. Ali figuram algumas de suas características como compositor, como os acordes dissonantes e compassos alterados, presentes em “Caravana”, escrita em 7/4. Em 1979 lança pela CBS Bicho de Sete Cabeças, cuja faixa-título composta em parceria com Alceu Valença e Zé Ramalho (1949), alcança projeção nacional, com o marcante cromatismo do solo de violão e a interpretação visceral de Elba Ramalho. Além de canções autorais, o disco traz uma releitura de “Paula e Bebeto” (1975), de Milton Nascimento (1942) e Caetano Veloso (1942), e o pot-pourri de “Meu Pião” (1953), de Zé do Norte (1908-1992), com “Águas de Março” (1972), de Tom Jobim (1927-1994).

Na década de 1980, busca maior autonomia musical, em parte por causa do LP Inclinações Musicais (1981), recebido com relutância pela gravadora Ariola, mas que alcança grande sucesso. O álbum é formado por canções intimistas, como a balada “Dia Branco”, composta em parceria com Renato Rocha (1945), ao lado de músicas dançantes, como o xote “Moça Bonita”, parceria com Capinan (1941). De Outra Maneira (1986) é gravado por seu selo independente, Geração. Nesse trabalho, nota-se a transformação nos padrões de arranjos, com introdução de bateria eletrônica, teclado e sintetizadores – o que reflete a intenção de sintonizar seu trabalho com a cena musical do Brasil e do mundo. Na mesma década, participa do show Cantoria, ao lado de Elomar (1937), Xangai (1948) e Vital Farias (1943), lançado pela gravadora Kuarup em dois discos, em 1984 e 1985.

Integra, desde a primeira edição, em 1996, o projeto O Grande Encontro, que reúne os sucessos de carreira de Geraldo, Alceu, Elba e Zé Ramalho. Em 2011, lança o projeto Salve São Francisco, incluindo desde clássicos, como “Riacho do Navio” (1955) [Luiz Gonzaga (1912-1989) e Zé Dantas (1921-1962)], parcerias antigas [“Barcarola do São Francisco” (1977), com Carlos Fernando (1938-2013); “Petrolina e Juazeiro” (1987), com Moraes Moreira (1947)], e canções inéditas [“Águas Daquele Rio”, de Geraldo Amaral (1952) e “Carranca que Chora”, parceria com Capinan]. Revisita frequentemente sua obra, em trabalhos como Raízes e Frutos (1998) e Solo Contigo (2019).

Geraldo Azevedo integra uma geração de artistas que migra para o eixo Rio-São Paulo na década de 1970 a fim de dar mais visibilidade a seu trabalho. Apesar de não forjarem um movimento, há entre eles grande intercâmbio de composições, arranjos, instrumentação, vocais e produções. Aliado a esses artistas, Geraldo dá nova conotação à música nordestina, não mais restrita ao rótulo de “música regional”, mas compreendida como parte vital da MPB.

Notas

1. De acordo com o compositor, em entrevista a Pedro A. Sanches, a canção foi incluída no disco Das Terras do Benvirá, de Geraldo Vandré, gravado na França em 1970. Porém, quando lançado no Brasil, em 1973, a faixa teria sido vetada. Assim, a primeira gravação é de 1983, pela cantora Elba Ramalho, no disco Coração Brasileiro. Geraldo Azevedo grava a canção apenas em 1985.
2. Efeito de ambientação criado a partir da separação do áudio em quatro canais.

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