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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Luiz Mendonça

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 24.06.2024
05.07.1931 Brasil / Pernambuco / Brejo da Madre de Deus
29.06.1995 Brasil / Rio de Janeiro / Rio de Janeiro
Luiz Gonzaga Lucena de Mendonça (Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, 1931 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1995). Diretor e ator. Fundador do Movimento de Cultura Popular no Recife, Luiz Mendonça bebe na fonte da cultura popular nordestina. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, funda o Grupo Chegança e associa seu teatro aos blocos carnavalescos, ...

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Luiz Gonzaga Lucena de Mendonça (Brejo da Madre de Deus, Pernambuco, 1931 - Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1995). Diretor e ator. Fundador do Movimento de Cultura Popular no Recife, Luiz Mendonça bebe na fonte da cultura popular nordestina. Ao se mudar para o Rio de Janeiro, funda o Grupo Chegança e associa seu teatro aos blocos carnavalescos, ao circo e ao teatro de revista. Monta peças de autores nordestinos - entre elas, Viva o Cordão Encarnado, de Luiz Marinho.

Descende da família Mendonça, de Pernambuco, fundadora do maior teatro ao ar livre do Brasil, em Nova Jerusalém; onde pisa no palco pela primeira vez aos sete anos. De 1952 a 1968 interpreta Jesus, na Paixão de Cristo, anualmente montada por seus parentes.

Em 1950, aos 19 anos, Luiz Mendonça vai para o Recife. Em 1956, participa como ator da primeira montagem de Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, pelo Teatro Adolescente do Recife, com direção de Clênio Wanderley. 

Quando surge o Movimento de Cultura Popular - MCP, no Recife, fundado por Miguel Arraes, Luiz Mendonça é o diretor da área de teatro que, continuando a investir em novos autores, conta com a participação de Paulo Freire, Nelson Xavier, José Wilker e Luiz Marinho. Em 1962, este último e Luiz Mendonça são premiados pela Associação de Cronistas Teatrais de Pernambuco com o espetáculo A Derradeira Ceia. Luiz Mendonça é responsável direto pelo dinamismo das atividades teatrais do MCP, que, em 1963, monta 368 espetáculos. Dois deles trazem Luiz Mendonça ao Rio de Janeiro, dirigindo As Incelenças, de Luiz Marinho, e atuando em Julgamento em Novo Sol, de Augusto Boal, Nelson Xavier e Amilton Trevisan. O Teatro de Arena de São Paulo e os Centros Populares de Cultura, CPCs, mantêm intercâmbios fluentes com o MCP, com o objetivo de criar, realizar e fomentar um teatro brasileiro e popular.

No Rio de Janeiro, Luiz Mendonça participa dos grupos DecisãoOpinião. No mesmo ano, funda o Grupo Chegança, com Carlos Vereza, José Wilker, Camilla Amado e Isabel Ribeiro, entre outros, que monta As Incelenças, de Luiz Marinho, e Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Em 1965, trabalha como assistente de direção e ator de O Berço do Herói, de Dias Gomes, espetáculo montado pelo Grupo Movimento, que é censurado no dia da estréia. Funda O Teatro Operário de São Cristóvão, formado por operários de uma fábrica de plásticos, onde monta Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna; Lisbela e o Prisioneiro, de Osman Lins, e A Raposa e as Uvas, de Guilherme Figueiredo. Em 1973, reativa o Grupo Chegança, com novos atores, entre eles Tânia Alves, remonta As Incelenças, e estréia a nova peça de Luiz Marinho, Viva o Cordão Encarnado, Prêmio Molière de melhor texto e de melhor direção, 1974. No ano seguinte, o grupo monta Lampião no Inferno, de Jairo Lima, com dois atores convidados - Joel Barcelos e Madame Satã, o famoso travesti da boemia carioca, sem que o fato contudo desperte maior atenção. Sofrendo o problema de todo grupo de teatro a partir do final da década de 1970, o Grupo Chegança funciona como escada de atores que, uma vez obtendo êxito, optam pela televisão como meio de sobrevivência bem mais seguro que o teatro. Em 1977, o grupo monta Onde Canta o Sabiá, de Gastão Tojeiro, e, no ano seguinte, O Sol Feriu a Terra e a Chaga Se Alastrou, de Vital Santos, que aborda, em uma visão fantástica, a vida de uma família de retirantes. O espetáculo faz temporada no Rio de Janeiro e em São Paulo depois de ser apresentado ao ar livre em Nova Jerusalém. É, ao que tudo indica, o último espetáculo do grupo.

A partir do final de década de 1970, Luiz Mendonça começa a buscar no mercado uma forma de tornar seu estilo mais vendável. Os críticos o acusam de, dirigindo às vezes três espetáculos simultaneamente, ter perdido de vista o lado artístico do fazer teatral, mas premiam O Bom Burguês, de Pedro Porfírio, como um dos cinco melhores espetáculos do ano de 1977. O diretor associa sua intimidade com o teatro popular e a musicalidade à comédia. É assim que surge, em 1979, o bem-sucedido musical Rio de Cabo a Rabo, de Gugu Olimecha, com a idéia de remodelar o teatro de revista, atualizando-o com piadas políticas e picantes. A dupla, com o reforço de Ziraldo, monta, em 1980, no mesmo gênero, O Último dos Nukupyrus, uma abordagem debochada do homem brasileiro, desde a colonização.

A partir dos anos 1980, quando os espetáculos ganham uma roupagem moderna e estética, a produção de Luiz Mendonça diminui e na segunda metade da década se resume a um único espetáculo, Alma de Gato, de Eid Ribeiro, 1987.

Defensor de um teatro brasileiro popular e de um estilo brasileiro de interpretação, Luiz Mendonça traz ao eixo Rio-São Paulo autores até então desconhecidos pelo público. Com as transformações do teatro e do país, nas décadas de 1980 e 1990, sua prática de um teatro popular e brasileiro se torna cada vez mais difícil.

Espetáculos 90

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Fontes de pesquisa 5

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  • DIAS, Carmina. O teatro de resistência de Luiz Mendonça. Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 11 abr. 1987.
  • ESPETÁCULOS Teatrais. [Pesquisa realizada por Luís Reis]. Itaú Cultural, São Paulo, [20--]. 1 planilha de fichas técnicas de espetáculos.
  • FONTA, Sérgio. [Currículo]. Enviado pelo artista em 2011.
  • MENDONÇA, Luiz. Dossiê Personalidades Artes Cênicas. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc.
  • RABELLO, João Carlos. Por um teatro popular e brasileiro. Folha de S.Paulo, São Paulo, p. 8, 23 jul. 1978.

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