Eid Ribeiro
Texto
Biografia
Eid José Ribeiro Aguiar (Caxambu, Minas Gerais, 1943). Diretor, autor, roteirista e ator. Destacado como um dos mais inventivos diretores mineiros, é curador e diretor de programação do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua em Belo Horizonte.
Inicia sua trajetória teatral em 1963, conciliando os estudos e o trabalho de bancário com a atuação no Centro Popular de Cultura, entidade ligada à União Nacional dos Estudantes (UNE), que se utiliza do teatro como forma de engajamento e leva espetáculos de conteúdo político a sindicatos, favelas e universidades. Um ano depois, em decorrência de uma tuberculose, passa seis meses internado no sanatório dos bancários, onde escreve dois textos teatrais e encena com os internos a peça A Farsa do Advogado Patelim.
Ingressa no curso de formação de atores do Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (TU/UFMG), em 1965, sendo contemporâneo de Neville D'Almeida, Ezequiel Neves, José Antônio de Souza e Alcione Araújo, nomes que posteriormente se destacam no teatro mineiro e nacional. Ao concluir o curso do TU, Eid Ribeiro funda o Grupo Geração, cujos espetáculos se referem à situação política do Brasil, abordando temas polêmicos como tortura e privação de liberdade. O grupo estreia sua primeira montagem, A Vida Impressa em Dólar, de Clifford Odets, em 1967.
Em 1968, atua nos espetáculos Mortos Sem Sepultura, de Jean-Paul Sartre e Se Correr o Bicho Pega, Se Ficar o Bicho Come, de Oduvaldo Vianna Filho (1936 - 1974) e Ferreira Gullar (1930 - 2016), ambos dirigidos por José Antônio de Souza. Ainda nesse ano, faz sua primeira direção teatral, com o espetáculo Fábula da Hora Final, adaptação de The Zoo Story, de Edward Albee, trabalho pelo qual recebe o título de melhor diretor do ano.
Muda-se para o Rio de Janeiro em 1969, e atua como assistente de direção de Amir Haddad (1937), em estágio no A Comunidade. Entre 1970 e 1977, divide seu tempo entre a capital fluminense e Belo Horizonte, trabalhando como repórter, colunista e copidesque dos jornais mineiros O Sol e Última Hora, e do carioca O Jornal, além de atuar como redator publicitário. Nesse período, prossegue também com a carreira de diretor teatral, encena em 1973 Fala Baixo Senão Eu Grito, de Leilah Assumpção (1943), pelo qual recebe o prêmio de melhor diretor do ano. Dirige em 1974 a primeira montagem do texto Há Vagas para Moças de Fino Trato, de Alcione Araújo, e ganha o Troféu de Prata na categoria melhor diretor do ano. Com Risos e Facadas, de Samuel Beckett, em 1976, é escolhido novamente melhor diretor do ano pela crítica e pelo Serviço Nacional de Teatro (SNT).
Ao retornar a Belo Horizonte, em 1977, Eid Ribeiro inicia um período de grande produtividade, firmando-se como diretor de teatro e dramaturgo. Assina a direção de Viva Olegário, de Luiz Carlos Cardoso; posteriormente escreve e dirige Cigarros Souza Câncer, montagem com a qual participa do Projeto Mambembão - que promove a circulação de espetáculos teatrais por todo o Brasil, criado pela Fundação Nacional de Arte - Funarte em 1978 e extinto em 1989 -, o que lhe rende o reconhecimento da crítica dos principais jornais cariocas e paulistas. No mesmo ano, escreve e dirige Terreno Baldio para o Transforma - Grupo Experimental de Dança, trabalho agraciado com o prêmio de melhor espetáculo do 3º Festival de Dança Contemporânea da Bahia. Em 1979 vence o Concurso Nacional de Dramaturgia do Rio Grande do Sul com a peça Delito Carnal, que encena em Belo Horizonte com o Grupo Carne e Osso, e dirige As Criadas, de Jean Genet, com a mesma companhia, em 1980.
Eid Ribeiro dirige O Despertar da Primavera, de Frank Wedekind, em 1984, e, no ano seguinte, recebe o Troféu Kikito pela trilha sonora adaptada do longa-metragem Ela e os Homens, dirigido por Schubert Magalhães, no qual atua também como diretor assistente. Em 1988, o Grupo Carne e Osso transforma-se na Cia. Absurda, da qual Eid Ribeiro é fundador e com ela realiza trabalhos importantes que o projetam como um dos mais significativos diretores da cena mineira contemporânea. A Cia. Absurda estreia com o espetáculo Fim de Jogo, de Beckett, pelo qual recebe o Troféu Fundacen de artes cênicas de melhor diretor e melhor iluminação. Fora de sua companhia, dirige outros grupos e produções em Belo Horizonte e outras cidades. Também em 1988, dirige o Grupo Galpão no espetáculo de rua Corra Enquanto é Tempo, criação coletiva com texto de sua autoria. Encerra a década de 1980 dirigindo um espetáculo na Suíça, Prima Del Silenzio, adaptação do texto Esperando Godot, de Beckett, montada pelo Grupo Teatro Delle Radici. Ainda em 1989, escreve e dirige para a Cia. Absurda o espetáculo musical Hollywood Bananas, inspirado nas chanchadas da Atlântida e nos musicais da Metro.
Trabalha com o Grupo Galpão pela segunda vez, em 1980, assinando a montagem de Álbum de Família, de Nelson Rodrigues (1912 - 1980), que configura uma ruptura na trajetória do grupo, até então marcado pelas produções de rua em tom de comédia. O espetáculo ganha vários prêmios, inclusive o Prêmio Cauê nas categorias de melhor espetáculo e melhor diretor. No ano seguinte, renova a parceria com a Cia. Absurda, dirigindo Muro de Arrimo, de Carlos Queiroz Telles (1936 - 1993); e assina roteiro e direção do espetáculo cênico-musical Na Onda do Rádio, com arranjos de Babaya e direção musical de Fernando Muzzi.
Dirige o espetáculo para crianças e jovens Anjos e Abacates, em 1992,com texto de sua autoria e música original de Lô Borges, encenado pela Cia. Absurda, e um ano depois, no Rio de Janeiro, faz a adaptação e direção do espetáculo A Obscena Senhora D, baseado na novela literária de Hilda Hilst (1930 - 2004). Toda Nudez Será Castigada, de Nelson Rodrigues, é montada em Caracas, Venezuela, com produção da Intelly Investigaciones. Convidado para dirigir o espetáculo de formatura dos alunos de 1995 do Curso de Teatro do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado/Palácio das Artes, em Belo Horizonte, estreia Circo Bizarro, coletânea de textos de Fernando Arrabal. No mesmo ano, dirige no Rio de Janeiro Lágrimas de um Guarda-Chuva, com texto de sua autoria e produção do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).
Em 1994, o diretor atua como curador e diretor de programação do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua - FIT, em Belo Horizonte, paralelamente à criação artística. A atuação de cunho político-social do princípio da carreira de Eid Ribeiro retorna com força renovada em 1999, quando ele assume a coordenação artística da ONG Circo de Todo Mundo, assinando também a direção geral, criação de trilha sonora e de iluminação do espetáculo Na Corda Bamba, montado com integrantes do projeto social.
Dirige novamente um espetáculo de conclusão de curso de teatro do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado, em 2000, com o texto Festa de Casamento, de Bertold Brecht. No ano seguinte, assina direção e dramaturgia do espetáculo Lusco-Fusco - Ou Tudo Muito Romântico, produção conjunta da sua companhia, a Absurda, e da Cia Acômica, e em 2002, integra o quadro de roteiristas do longa-metragem Uma Onda no Ar, com direção de Helvécio Ratton. Em 2005, Ribeiro dirige a comédia Os Três Patéticos, do Grupo Trama de Teatro, e inicia parceria artística com um projeto social do Governo do Estado, o Programa Valores de Minas, atuando em três montagens sucessivas. No primeiro ano, realiza a direção do espetáculo Delírio Barroco, em parceria com Carlos Gradim; em 2006, assina o roteiro de A Estrada dos Sonhos; e, em 2007, atua como roteirista de Opara.
Em 2007, Eid Ribeiro dirige a peça O Cobertor e a Bicicleta, montagem de estreia do grupo Garupa, além do espetáculo para crianças e jovens De Banda da Lua, com o Armatrux, que integra atores, bonecos e teatro de sombras. No ano seguinte, dirige novamente o Grupo Trama na montagem de O Pastelão, releitura do O Pastelão e a Torta, texto medieval de domínio público. No cinema, Ribeiro também realiza trabalhos como ator, em duas produções de Tiago Mata Machado, O Quadrado de Joana, de 2007 e Gaio Filho, 2008.
Espetáculos 73
Fontes de pesquisa 4
- Entrevista com Dudude Herrmann em fevereiro de 2003. Palco BH Guia de Teatro de Belo Horizonte. Disponível em: [http://www.palcobh.com.br/camarim/fevereiro2003/camarim_01.html]. Acesso em: dez. 2008.
- Entrevista com Eid Ribeiro em agosto de 2002. Palco BH Guia de Teatro de Belo Horizonte. Disponível em: [http://www.palcobh.com.br/camarim/agosto2002/camarim_01.html]. Acesso em: dez. 2008.
- PEIXOTO, Mariana. Eid Ribeiro lança coleção com 15 de seus textos teatrais e 48 crônicas. Minas Gerais, Portal Uai E+, 7 dez. 2016. Disponível em: <https://www.uai.com.br/app/noticia/teatro/2016/12/07/noticias-teatro,198451/eid-ribeiro-lanca-colecao-com-15-de-seus-textos-teatrais-e-48-cronicas.shtml>. Acesso em: 16 jun. 2018.
- Programa do Espetáculo - Lágrimas de um Guarda Chuva - 2008. Não catalogado
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EID Ribeiro.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa245575/eid-ribeiro. Acesso em: 04 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7