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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Grupo Galpão

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 22.05.2024
1982 Brasil / Minas Gerais / Belo Horizonte
Companhia de origem no teatro popular e de rua, que leva para o espetáculo um trabalho resultante da pesquisa de diversos elementos cênicos e linguagens, como o circo, a música, farsa e o melodrama.

Texto

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Companhia de origem no teatro popular e de rua, que leva para o espetáculo um trabalho resultante da pesquisa de diversos elementos cênicos e linguagens, como o circo, a música, farsa e o melodrama.

Criada em Belo Horizonte, por Teuda Bara, Eduardo Moreira, Wanda Fernandes, Antonio Edson e Fernando Linares, em 1982. Nesse ano estréia com o espetáculo E a Noiva Não Quer Casar, texto e direção coletivas. Sua segunda montagem é o texto infantil, De Olhos Fechados, de João Vianey, com direção de Fernando Linares, em 1983. Apresentado em salas convencionais, recebe prêmio de melhor direção e melhor espetáculo da Associação Mineira de Críticos Teatrais. Em Ó Procê Vê na Ponta do Pé, 1984, texto coletivo dirigido por Fernando Linares, mistura acrobacia, mímica, bonecos e técnicas circenses em quadros de humor criados coletivamente. Apresentado em diversas cidades de Minas Gerais e em festivais nacionais, o espetáculo totaliza 350 récitas.

Em 1985, sob a direção de Eduardo Moreira e Fernando Linares, monta Arlequim Servidor de Tantos Amores, de Carlo Goldoni, seu primeiro espetáculo adulto em sala fechada, onde os atores utilizam as máscaras e a intensidade física do jogo atorial da commedia dell'arte. O professor da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, Sérgio Magnani, exalta a seriedade da montagem em crítica na qual escreve: "A própria tradução do texto agradou-me pela fidelidade e espontaneidade lingüística. (...) O maior peso da comédia recai nos ombros do protagonista; e Antônio Edson soube arcar com ele vitoriosamente, graças a uma recitação cheia de ritmo e a um corpo privilegiado, que lhe permite reproduzir piruetas e malabarismos típicos da commedia dell'arte".1

O grupo volta à commedia dell'arte, em 1986, partindo de um canovacchio de autor anônimo para montar, na rua, A Comédia da Esposa Muda - que falava mais que pobre na chuva. O espetáculo é dirigido por Paulinho Molika e  permanece em repertório até 1994. Na montagem de Foi por Amor, 1987, de Antônio Edson e Eduardo Moreira, com direção de Antônio Edson, coloca-se em questão o princípio da defesa da honra a partir de notícias de crimes passionais que ocupam os jornais mineiros. Em 1988, se apresenta no 8º Encontro Internacional de Teatro de Grupo, no Peru. No mesmo ano, monta Corra Enquanto É Tempo, texto e direção de Eid Ribeiro, realizado também em espaços públicos, o espetáculo simula uma pregação religiosa, em que os atores, colocam em cena o resultado do estudo da música, tocando, cantando e dançando para Jeová, com gomalina no cabelo, roupas que cobrem todo o corpo e extravagância no apelo da fé. O espetáculo percorre diversas cidades e capitais do Brasil.

Monta, em 1990, Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, espetáculo idealizado para espaços fechados. No mesmo ano, recebe, em Belo Horizonte, o Prêmio Cauê em oito categorias, entre elas, melhor espetáculo e melhor direção para Eid Ribeiro. Para o crítico Macksen Luiz "O aspecto telúrico, que poetiza com toques de maldição a cena, contribui para que esta versão do Grupo Galpão para Álbum de Família tenha uma contundência indiscutível".2 Segundo a crítica Maria Lúcia Pereira "Eid Ribeiro optou por uma descarada teatralidade. (...) Mas nada é cifrado ou hermético, como costuma acontecer neste tipo de encenação. Tudo, do cenário à gestualidade, é conceitualmente claro".3

Estreia Romeu e Julieta, de William Shakespeare, em 1992, com direção de Gabriel Villela, espetáculo que torna o grupo reconhecido nacionalmente. Encenado no Rio de Janeiro, dois anos depois, recebe o Prêmio Shell especial. Em Belo Horizonte, o grupo realiza o FIT - Festival Internacional de Teatro Palco e Rua. Novamente com direção de Gabriel Villela, encena, em 1994, A Rua da Amargura, 14 Passos Lacrimosos sobre a Vida de Jesus, baseado em O Mártir do Calvário, de Eduardo Garrido. A montagem estréia no Centro Cultural Banco do Brasil - CCBB, no Rio de Janeiro, e recebe 17 prêmios, entre eles Sharp, Molière, Shell e Mambembe. A crítica Barbara Heliodora escreve: "Criado como um grupo de teatro de rua profundamente envolvido com a pesquisa das formas populares e circenses, o mineiro Galpão encontrou em Gabriel Villela um diretor em total sintonia com seus sonhos e inquietação. Na recíproca, Villela tornou-se um criador privilegiado, pois raramente é dado a um diretor trabalhar com um grupo já de si dedicado aos ideais por ele buscados".4 Com os dois trabalhos, o grupo se apresenta na Inglaterra, Alemanha, Costa Rica, Colômbia e Uruguai.

Em 1997, estréia Um Molière Imaginário, adaptação de Cacá Brandão para O Doente Imaginário, de Molière, com direção de Eduardo Moreira, em que monta um palco na rua para tornar visível ao público sua linguagem baseada no jogo e na comunicabilidade do ator. O grupo convida Cacá Carvalho para dirigir Partido, baseado no livro O Visconde Partido ao Meio de Ítalo Calvino, espetáculo que inaugura sala própria no Galpão Cine Horto, em 1999. No ano sequinte, obtém patrocínio da Petrobras e estréia Um Trem Chamado Desejo, de Luís Alberto de Abreu, dirigido por Chico Pelúcio, peça que aborda a luta pela sobrevivência em uma companhia teatral mineira em fins do anos 1920 e início dos anos 1930.

Como companhia mambembe, o Grupo Galpão sobrevive de viagens pelo Brasil e pelo exterior, raramente realizando temporadas extensas. Além da participação em quase todos os festivais de âmbito nacional, realiza apresentações em festivais internacionais de Aurillac (França, 1989), Caracas (Venezuela, 1997), Santiago (Chile, 1998), entre outros. Com Romeu e Julieta, o grupo participa da inauguração do novo Globe Theatre, em Londres, 1999.  

 

Notas
1. MAGNANI, Sérgio. Pesquisa séria. O Estado de Minas, Belo Horizonte, set. 1985.

2. LUIZ, Macksen. Poética desgradável. Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 27 abr. 1991.

3. PEREIRA, Maria Lúcia. Citado em TROTTA, Rosyane. Grupo Galpão: o teatro nas estradas do Brasil. Rio de Janeiro, 1994. Estudo elaborado para o Grupo Galpão.

4. HELIODORA, Barbara. Uma delicadeza féerica. O Globo, Rio de Janeiro, 29 ago. 1994.

Espetáculos 24

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Fontes de pesquisa 3

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  • ALBUQUERQUE, Johana. Grupo Galpão. (ficha curricular) In: _________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. Material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação VITAE. São Paulo, 2000.
  • GALPÃO. Rio de Janeiro: Funarte / Cedoc. Dossiê Grupos Teatrais.
  • TROTTA, Rosyane. Grupo Galpão: o teatro nas estradas do Brasil. Rio de Janeiro, 1994. Estudo elaborado para o Grupo Galpão.

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