Maria Lúcia Pereira
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Biografia
Maria Lúcia Pereira (Guaxupé, Minas Gerais, 1949 - São Paulo, São Paulo, 2001). Diretora, pesquisadora de teatro, crítica, ensaísta e tradutora. Pertencente à geração que chega à idade adulta embalada pelo idealismo dos anos 1970, integra a primeira turma do Instituto de Documentação de Arte, núcleo que estabelece padrões de documentação exemplares no registro da arte realizada na cidade de São Paulo. Exerce vasta atividade crítica nas décadas de 1980 e 1990.
Forma-se em letras pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Guaxupé, sua cidade natal, em 1971. Já em São Paulo, bacharela-se em interpretação teatral pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA/USP, 1975.
Inicia suas atividades em pesquisa em 1977, como pesquisadora de assuntos culturais na área de artes cênicas do Centro de Pesquisa sobre Arte Contemporânea do Departamento de Informação e Documentação Artísticas - IDART, da Secretaria de Cultura do Município de São Paulo, criado por Sábato Magaldi, estando ao lado de Maria Thereza Vargas e Mariângela Alves de Lima. Lá permanece até 1990. É a organizadora do arquivo Fredi Kleemann de negativos, abrangendo o teatro paulista no período de 1948 a 1973. Faz a organização e texto do catálogo da exposição Teatro Brasileiro de Comédia: 16 Anos de Cenografia e Figurinos, empreendida pela TV Cultura em parceria com a Secretaria de Estado da Cultura e a Secretaria Municipal de Cultura, em 1980. No ano seguinte, participa da organização da exposição A Máscara e o Gesto, pela Secretaria Municipal de Cultura. Ainda em 1981 atua como pesquisadora do programa Aventura do Teatro Paulista, realização da TV Cultura. Realiza pesquisas de texto de novelas da Rede Globo de Televisão de 1985 a 1987.
Publica, com a equipe de artes cênicas do Idart, Da Rua ao Palco, Imagens do Teatro Paulista, Foto em Cena - Fredi Kleemann. É responsável pela revista Dyonisos sobre o TBC, juntamente com Alberto Guzik.
Passa a atuar também como tradutora de língua francesa para o jornal O Estado de S. Paulo (de 1976 a 1992) e das editoras Perspectiva, Nova Cultural, Brasiliense, Ática, Paz & Terra, Summus Editorial e Papirus. Dentre suas traduções destacam-se Brecht para Iniciantes, de Michaël Thoss & Patrick Boussignac, Editora Brasiliense, 1990; Calígula, de Albert Camus, para uma direção de Djalma Limongi Batista, com Edson Celulari, 1992; As Duzentas Mil Situações Dramáticas, de Etienne Souriau, com a colaboração de Antônio Cadengue, Ática, 1993; Linguagem e Vida, de Antonin Artaud, organização de Jacó Guinsburg, Sílvia Fernandes e Antônio Mercado, Perspectiva,1996; e Dicionário de Teatro, de Patrice Pavis, em parceria com Jacó Guinsburg, Sílvia Fernandes e Regina C. Rocha, Perspectiva, 1999.
Torna-se resenhista de teatro e colaboradora do Suplemento de Cultura de O Estado de S. Paulo de 1984 a 1992, ano em que passa a atuar como crítica do jornal. De 1994 a 1995 colabora para o Jornal de Artes Cênicas do Ministério da Cultura. A partir de 1996, amplia sua atuação como colaboradora, escrevendo em diversos jornais e revistas, tais como: o próprio O Estado de S. Paulo, 1997; no mesmo ano, revistas Claudia e Bravo, e revista Sete Palcos, de Portugal, 1998.
Dá aulas de interpretação no Teatro-Escola Macunaíma, em 1986 e 1987. Torna-se assessora de teatro do Departamento de Teatros da Secretaria Municipal de Cultura de 1991 a 1993. Neste ano, volta a lecionar no Teatro-Escola Célia Helena, dando aulas também de teatro brasileiro e literatura dramática.
Em 1994, faz a coordenação geral do 1º Concurso Estadual de Dramaturgia do Teatro Popular do Sesi, TPS, e é responsável pela coordenação editorial da Coleção de Livros com os dez primeiros colocados. Na seqüência, faz assessoria para a Divisão de Difusão Cultural do Sesi, quando é convidada a assumir a direção desse departamento. No período, o TPS está justamente implementando o Projeto 94 de Artes Cênicas, realizando superproduções para os padrões brasileiros, com encenadores importantes da cena nacional, tais como Antônio Abujamra, Vladimir Capella, Bia Lessa, Ulysses Cruz, Gabriel Villela, entre outros. Permanece no TPS até 1996.
Atua como júri do Prêmio Mambembe de Teatro, 1995, e do Prêmio Shell de Teatro, 1997/2000. Torna-se assessora do diretor artístico do Teatro Brasileiro de Comédia, TBC, Gabriel Villela, em 2000.
Como diretora, realiza Minh'Alma, Alma Minha, um espetáculo biográfico de Linneu Dias, uma linda homenagem ao ator, que tem indicação ao Prêmio Sharp de melhor texto, melhor espetáculo e é vencedor do mesmo prêmio na categoria de melhor ator de 1995. Dois anos depois, roteiriza e dirige Muito Prazer, Bertolt Brecht, a partir de poemas de Brecht. Ainda em 1997, faz a direção de A Arte de Dizer Não, composto pelas peças A Moça que Falou Assim, de Marta Góes, e Involuntariamente Trágico, de Anton Tchekhov. No ano seguinte, dirige a Entrevista, de Fernando Moreira Salles e, em 1999, Desamparo, de Marcos Cesana; Metrô, de Maria Cecília Carelli, e Mas Não se Matam Cavalos?, de Horace McCoy, adaptação de Maria Lúcia Pereira, ambos em 2000.
Por ocasião de sua morte súbita, escreve o crítico Alberto Guzik: "Dona de muitas habilidades, foi administradora cultural, pesquisadora, tradutora, crítica, diretora. E uma absoluta apaixonada pela arte dramática, a que serviu com infalível dedicação, mesmo quando via seus defeitos e lamentava suas mesquinharias. (...) Maria Lúcia Pereira foi crítica teatral do Caderno 2 do Estado de 1989 a 1992. Era dona de um estilo elegante e preciso. Sentia orgulho por ocupar o lugar que foi de Décio de Almeida Prado. 'Sempre li Décio de Almeida Prado com espírito de admiração, na busca - perseguida, porém inalcançada - de um modelo intelectual', disse sobre alguns dias depois da morte deste (...) Maria Lúcia trabalhou na sombra pelo teatro, que queria mais ambicioso, melhor. A morte temporã só faz sublinhar a importância da lição e do exemplo".1
Notas
1. GUZIK, Alberto. Uma mulher a serviço do teatro paulistano. OESP, 07/07/01, p. D2 - Cad.2.
Espetáculos 10
Fontes de pesquisa 4
- BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Ao conhecer, nos despedimos. OESP, 13/07/01, p. D14 - Cad. 2. (Crônica).
- GUZIK, Alberto. Uma mulher a serviço do teatro paulistano. O Estado de S. Paulo, 07 jul. 2001, Caderno 2.
- Morre a crítica Maria Lúcia Pereira. OESP, 06/07/01, p. D6 - Cad.2 (Nota).
- Morre a diretora teatral Maria Lúcia Pereira. Folha de S.Paulo, 06/07/01, p. C4 - Cotidiano.
Como citar
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MARIA Lúcia Pereira.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural, 2025.
Disponível em: https://front.master.enciclopedia-ic.org/pessoa7601/maria-lucia-pereira. Acesso em: 05 de maio de 2025.
Verbete da Enciclopédia.
ISBN: 978-85-7979-060-7