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Enciclopédia Itaú Cultural
Teatro

Alberto Guzik

Por Editores da Enciclopédia Itaú Cultural
Última atualização: 30.07.2024
09.06.1944 Brasil / São Paulo / São Paulo
26.06.2010 Brasil / São Paulo / São Paulo
Registro fotográfico Derly Marques

Alberto Guzik (Velho) em cena de O Velho da Horta, 1965
Derly Marques, Alberto Guzik
Acervo Idart/Centro Cultural São Paulo

Alberto Guzik (São Paulo, São Paulo, 1944 - idem 2010). Crítico, teórico, autor e ator. Torna-se sensível observador da vida teatral paulistana a partir da década de 1970, exercendo longa e profícua carreira nos órgãos de imprensa, igualmente autor de um valioso estudo sobre o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).

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Alberto Guzik (São Paulo, São Paulo, 1944 - idem 2010). Crítico, teórico, autor e ator. Torna-se sensível observador da vida teatral paulistana a partir da década de 1970, exercendo longa e profícua carreira nos órgãos de imprensa, igualmente autor de um valioso estudo sobre o Teatro Brasileiro de Comédia (TBC).

Alberto acompanha a atividade teatral desde os 5 anos, quando ingressa no Teatro Escola São Paulo, grupo orientado por Júlio Gouvêa e Tatiana Belinky, participando do elenco de Peter Pan, com Clóvis Garcia, em 1949, e estará ligado, ao longo dos quinze anos seguintes, na condição de ator amador, a grupos que se dedicam ao teatro infanto-juvenil.

Formado em direito pelo Mackenzie, nunca exerceu a profissão. Paralelamente cursa a Escola de Arte Dramática (EAD), que conclui em 1966. No ano seguinte, estréia como ator profissional numa montagem de O Processo, baseado em Franz Kafka, montagem do Núcleo 2 do Teatro de Arena, sob a direção de Leonardo Lopes. Antes do término da temporada dá por encerrada sua carreira nos palcos, transferindo-se para a platéia, na condição de crítico especializado.

Nessa atividade passa a assinar, em 1971, a coluna teatral do Jornal Shopping News; transferindo-se, subseqüentemente, para os periódicos Última Hora, de 1974 a 1978, e IstoÉ, de 1978 a 1981. Em 1984 entra no Jornal da Tarde, onde passa a dividir, ao lado de Sábato Magaldi, a crítica teatral, tarefa que conduz sozinho de 1989 a 2001. Desde 1984, integra também o corpo de colaboradores do Caderno 2 de O Estado de S. Paulo.

Mestre em teatro pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, ECA/USP, ali defende em 1982 a dissertação TBC: Crônica de Um Sonho, devotado trabalho de reconstituição e análise de toda a produção da companhia paulista que revoluciona o teatro brasileiro no decorrer dos anos 1950. Seu trabalho torna-se livro prefaciado por seu companheiro de crítica Sábato Magaldi, que faz o seguinte comentário: "Alberto utilizou os recursos mais fecundos da pesquisa universitária - exame atento das fontes, leitura dos textos encenados, levantamento e comparação de juízos, referência a dados numéricos, ampla bibliografia e sobretudo fina meditação sobre o conjunto do material, vazada em estilo fluente e agradável. Não há, quanto às companhias modernas do Brasil, estudo mais abrangente, filtrado por autorizada crítica pessoal, do que esta Crônica de Um Sonho".1 Responsável pela edição da revista Dionysos nº 25, 1980, inteiramente dedicada àquela equipe, volta a debruçar-se sobre o modelo artístico que marcara sua infância. Essa nostálgica reminiscência reaparece em 1999, com a publicação de Paulo Autran - Um Homem no Palco, série de entrevistas onde o consagrado ator tem sua trajetória artística dissecada, obra que leva o Prêmio Jabuti de melhor livro-reportagem do ano.

Professor de matérias teóricas e práticas na EAD, de 1968 a 1978, na ECA/USP, de 1969 a 1980, e no Teatro-Escola Macunaíma, de 1978 a 1979, Alberto ajuda a formar algumas gerações de artistas cênicos, de cujos progressos profissionais ele é zeloso observador. Por muitos anos leva seus comentários analíticos também à televisão, intervindo no programa Metrópolis, da TV Cultura, São Paulo, amplificando e difundindo a vida dos palcos da cidade.

Em 1995, Alberto lança o romance Um Risco de Vida, ficção que tem a vida teatral de São Paulo como pano de fundo, saudado pela crítica especializada e indicado ao Prêmio Jabuti. Como dramaturgo estréia, em 1997, Um Deus Cruel, direção de Alexandre Stockler, sendo igualmente autor do inédito 72 Horas, de 1999. Em 2001, escreve Errado, a pedido de Renato Borghi, para a Mostra de Dramaturgia Contemporânea no Teatro Popular do Sesi (TPS), com direção de Sérgio Ferrara.  Com esse mesmo diretor, adapta e faz dramaturgia de Mãe Coragem, de Bertolt Brecht, em 2002. Há, ainda, uma coletânea de contos - O que É Ser Rio, e Correr? -, lançada pela Editora Iluminuras.

Essas atividades dos últimos anos, ao mesmo tempo que dão prosseguimento ao exercício da crítica militante, completam-se com a direção de espetáculos, reiniciada com a adaptação cênica assinada por Wolf Rothstein, de Risco de Vida, em 2001, e com a retomada, também, de sua atividade como ator.

Sobre seu próprio trabalho, declara a esta enciclopédia: "Nunca vinculei minha observação do fenômeno teatral a uma visão partidária, nunca acreditei que o teatro 'correto' tem de expressar tal ou qual ponto de vista. Acho que, ressalvados textos ou produções que demonstrem intentos anti-humanos, totalitários, todo teatro é válido. E é bom que se tenha de tudo, desde a farsa rasgada até o mais rigoroso teatro de pesquisa, do musical importado ao nacional, da dramaturgia brasileira à mundial, dos atores e diretores veteranos aos jovens estreantes. Eu acredito no teatro brasileiro".2

Legítima representante dos novos posicionamentos advindos com os anos 1970, a crítica teatral de Alberto é episódica, colada ao dia-a-dia da produção, sem nenhuma ilusão de apreender essências ou registrar perenidades numa atividade que, por natureza, é volátil e destinada ao desaparecimento. Essa consciência do fenômeno teatral como ato fugidio infunde ao seu olhar de crítico a instantaneidade do analista de espetáculos, mais do que aquela do estudioso de textos. Uma especial atenção voltada ao trabalho dos intérpretes guia seus comentários, que sabe surpreender neles algo que pulsa imponderável ou secreto. Reside aí, talvez, sua cumplicidade com o fazer teatral, assim como sua respeitabilidade na classe artística, que sempre o tem como um guia seguro e comentador perspicaz. Para o leitor, seus comentários funcionam como bússola, orientando e situando intelectualmente o contexto com que irá se defrontar ao optar por esse ou aquele espetáculo.

Ao lado de suas matérias de lançamento, entrevistas, panoramas analíticos de temporadas ou balanços de ano, a inteligência e oportunidade de seus comentários ajudam a documentar e fixar rotinas da produção teatral, um montante intelectual que engrandece a historiografia do teatro brasileiro.

Notas

1. MAGALDI, Sábato. Apresentação. In: ______. TBC: crônica de um sonho. São Paulo: Perspectiva, 1986. p. 11.

2. GUZIK, Alberto. Depoimento. Mensagem recebida por Edelcio Mostaço. em 04 fev. 2002.

Obras 1

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Espetáculos 34

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Fontes de pesquisa 7

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  • A LOUCA de Chaillot. São Paulo: [s.n.], 2006. 1 programa do espetáculo realizado de 04 nov. a 17 dez. 2006 no SESC Santana.
  • ALBUQUERQUE, Johana. Alberto Guzik (ficha curricular) In: ___________. ENCICLOPÉDIA do Teatro Brasileiro Contemporâneo. material elaborado em projeto de pesquisa para a Fundação VITAE. São Paulo, 2000.
  • GUZIK, Alberto. Risco de vida. São Paulo: Globo, 1995. 492 p.
  • GUZIK, Alberto. TBC: crônica de um sonho. São Paulo: Perspectiva, 1986.
  • MICHALSKI, Yan. Alberto Guzik. In: __________. PEQUENA Enciclopédia do teatro Brasileiro Contemporâneo. Material inédito, elaborado em projeto para o CNPq. Rio de Janeiro, 1989.
  • Programa do espetáculo - Divinas Palavras - Uma tragicomédia de aldeia globalizada - 2007.
  • ______. Paulo Autran: um homem no palco. São Paulo: Bontempo, 1998.

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